Acontecimentos da Semana

por The Look Stealers

Marielle Franco, 38 anos e vereadora do PSOL, foi executada nesta quarta-feira, 14 de março, no centro do Rio de Janeiro. Mãe, negra, socióloga, feminista, ativista, defensora dos Direitos Humanos, dos moradores da favela e da igualdade, Marielle foi a quinta vereadora mais votada no Rio, em 2016, com 46 mil eleitores. Marielle participava de uma roda de conversa chamada de "Jovens Negras Movendo as Estruturas" que debatia projetos artísticos tocados por mulheres na Casa das Pretas, local de convivência localizado na Lapa, Centro do Rio. Após o debate, enquanto voltava para casa, a política e o motorista Anderson Pedro Gomes, foram assassinados a tiros. O caso aconteceu em meio à intervenção federal no estado, ação na qual Marielle era contra. "Há sinais de execução", afirmou emocionado o deputado estadual Marcelo Freixo, ao Jornal da Globo.  

Em nota oficial, o PSOL pediu a apuração do caso: "Exigimos apuração imediata e rigorosa desse crime hediondo. Não nos calaremos!". Formada em Ciências Sociais pela PUC-Rio e mestra em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense, Marielle coordenou a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). Além disso, a vereadora trabalhou em organizações como Brasil Foundation e o Centro de Ações Solidárias da Maré (Ceasm). No dia 28 de fevereiro, ela se tornou a relatora da comissão que acompanha a controversa intervenção federal no Rio e no dia 10 de março denunciou a violência policial no bairro de Acari. "O que está acontecendo agora em Acari é um absurdo! E acontece desde sempre! O 41° batalhão da PM é conhecido como Batalhão da morte. Chega de esculachar a população! Chega de matarem nossos jovens!", desabafou nas redes sociais no dia 10 de março. No dia 14, a vereadora foi executada. 

O assassinato de Marielle incendiou o país e abriu discussões sobre os limites e riscos da intervenção militar no estado do Rio. Segundo a investigação, Marielle estava sendo seguida desde o momento em que ela saiu do evento. Marielle não tinha o hábito de andar no banco de trás do carro, portanto, na noite de quarta-feira, a política estava no banco traseiro quando o crime aconteceu. Para a polícia, essa é mais uma prova de que os assassinos estavam observando a vítima há algum tempo. 

Ontem, 25 de março, uma série de manifestações tomaram conta do solo nacional para pedir justiça após a execução da vereadora. Milhares fecharam um trecho da Avenida Paulista, no Rio, houve protestos na Cinelândia e em diferentes pontos. Outras diversas pessoas protestaram no Distrito Federal, Bahia, Amazonas, Alogoas e em atos em Nova Iorque e Portugal. 

Na quinta, o país acordou em luto. Não perdemos só uma vereadora, perdemos uma feminista e ativista que lutava por mais igualdade política, de gênero e melhores condições de vida no Brasil. Marielle deixou uma filha de 19 anos e mais de 46 mil eleitores que acompanharam a sua dedicação na construção de uma nação mais digna. Um crime como esse é, além de tudo, um atentado à democracia. 

Por isso, hoje, 16 de março, o Steal The Look está em luto! O nosso post semanal "Acontecimentos da Semana" deixa de realizar o seu resumo para dedicar-se apenas à Marielle. Acreditamos que nada é mais relevante do que uma análise desse momento tão trágico e retrocessivo na história do Brasil.

Que não nos calamos. 

Marielle: Presente!

Marielle Franco
Foto: Marielle Franco


Abaixo, a charge do cartunista, Latuff, que traduz as motivações por trás do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL):

charge
Você também vai gostar