12 filmes e séries sobre a história negra que toda pessoa branca deveria assistir
O racismo não é de hoje, ele não começou agora. A desigualdade racial está enraizada em nossa sociedade há centenas de anos e infelizmente ainda faz parte assídua do cotidiano e da vida de todas as negras ao redor do mundo.
Diantes dos acontecimentos atuais e das manifestações revolucionárias antirracistas que estão tomando força, é necessário se educar e se posicionar. Depois de te contar quais os vídeos indispensáveis para pessoas brancas que querem lutar contra o racismo assistirem, nós selecionamos 12 filmes e séries que todos precisam ver! Vem cá:
Olhos Que Condenam
A minissérie original Netflix dirigida e escrita por Ava DuVernay, é um soco no estômago de todo mundo e mostra uma realidade que é difícil de engolir. Ela joga na nossa cara o racismo estrutural que existe em nossa sociedade e como negros sofrem com isso diariamente. A minissérie conta a história real de 5 adolescentes que foram injustamente condenados em um caso de estupro e passaram 13 anos na cadeia. Por mais difícil que seja, todo mundo precisa ver pelo menos uma vez.
Faça a Coisa Certa
O filme de Spike Lee de 1989 infelizmente ainda é muito atual e necessário para os dias de hoje. A história se passa no Brooklyn, bairro com a maior população negra de Nova York, e a tensão chega ao ápice quando um branco, proprietário de uma pizzaria local, decide não pendurar imagens de celebridades negras em seu restaurante. O fato explorado por Spike Lee é que a clientela da pizzaria é negra e os brancos, além de não fazerem parte daquela realidade, ganham dinheiro em cima da comunidade negra e ainda assim destratam a cultura e a história deles. Além disso, o filme também vislumbra questões urgentes e atuais, como o aquecimento global, a necessidade do empreendedorismo negro, brutalidade policial e pobreza no seio da comunidade negra.
Selma: Uma Luta Pela Igualdade
Outro longa dirigido por Ava DuVerney que se mostra extremamente necessário para a compreensão da situação atual. A exclusão dos negros no processo eleitoral norte-americano, o atentado a uma igreja e a morte de um manifestante foram o estopim para as marchas de Selma a Montgomery acontecerem em 1965, evento que levou no fim das contas, a aprovação da Lei dos Direitos ao Voto, uma conquista histórica do movimento negro. A escolha do tema é um dos aspectos mais interessantes de "Selma: Uma Luta Pela Igualdade" que retrata não apenas um dos períodos políticos mais turbulentos e importantes da história americana como também aproveita para nos apresentar de forma mais profunda, Martin Luther King Jr., líder do protesto.
Infiltrado na Klan
O longa metragem dirigido por Spike Lee conta a história real Ron Stallworth, primeiro detetive negro da cidade de Colorado Springs. Ron se infiltrou de maneira curiosa na organização racista da mílicia americana, Ku Klux Klan, responsável por diversas atrocidades contra negros, judeus, imigrantes e homossexuais. Ao longo de quase um ano, Stallworth manteve constantes conversas com a lider da facção por telefone e cartas. Pessoalmente, outro policial, branco, comparecia às reuniões. O filme é divertido, didático e com o tom característico das produções de Spike Lee e levou Oscar de Melhor Roteiro Adaptado em 2019.
Explicando: A diferença da riqueza entre brancos e negros
Dividida em 20 curtos episódios, de 15 a 20 minutos cada um, “Explicando” é uma série documental original Netflix, que em cada episódio debate sobre um tema e o explica de forma bem sucinta, educativa e até divertida. Entre os episódios que falam sobre temas importantes e mais fazem refletir, o destaque fica para o último episódio da primeira temporada, que trata sobre a diferença de riquezas entre brancos e negros. O epísódio explica de forma certeira o racismo estrutural, mostrando como a desigualdade racial e direitos de minorias não mudaram com o decorrer dos anos.
Se a Rua Beale Falasse
Se a Rua Beale Falasse é outro filme que trata sobre a injustiça racial no sistema judicial americano. Barry Jenkins, o diretor do filme, também é o nome por trás do sucesso vencedor de Oscar, Moonlight. Baseado no livro de James Baldwin, o filme é ambientado no Harlem em 1970 e conta a história de um jovem casal que enfrenta diversas barreiras sociais e raciais em Nova York. Os planos de Tish (Kiki Layne) e Fonny (Stephan James), porém, são interrompidos por uma falsa acusação que leva o jovem à prisão erroneamente.
Irmandade
A série brasileira original Netflix, trata de temas como o sistema carcerário nacional, racismo e a vida na periferia. A trama retrata o surgimento da facção “Irmandade” dentro de uma penitenciária nos anos 1990 e é marcada pelo reencontro de dois irmãos. Após anos sem se verem, ambos se pegam em lados oposto da moeda, onde um é presidiário e a outra advogada criminal. Os 8 episódios da primeira temporada tem como foco mostrar o quão falho e racista é o sistema penitenciário brasileiro, te fazendo questionar quem é o verdadeiro criminoso. A série já está confirmada para uma segunda temporada.
O Ódio Que Você Semeia
Um filme adolescente que se difere de todos os outros do gênero e se mostra extremamente necessário. Na trama, a adolescente Starr Carter presencia o assassinato de seu melhor amigo por um policial, durante uma blitz de rua. "O Ódio que Você Semeia" se inspira no livro da escritora Angie Thomas, bestseller nos EUA no ano passado. O caráter autobiográfico do livro e o acirramento das tensões raciais no país são dois elementos que empurram o diretor George Tillman Jr. a fazer uma adaptação solene e certeira, em que a gravidade do tema se dá pela mão pesada da direção.
A 13ª Emenda
A 13ª Emenda foi um documento assinado pelo então, presidente dos Estados Unidos da América, Abraham Lincoln, em 1º de fevereiro 1865. Ela tinha como objetivo acabar com a escravidão no país de forma objetiva. O documentário original Netflix faz uma alusão à Emenda Constitucional que, em 1865 aboliu a escravidão com o sistema carcerário americano e suas injustiças. O longa examina os estágios da construção histórica do preconceito e aponta como a formulação racista contribuiu para associar os negros ao mundo do crime e, por consequência, aumentar o aprisionamento deles nas cadeias e cada vez em maior quantidade, através de um processo de encarceramento em massa. Nos Estados Unidos, 40% da população presidiária é negra, enquanto somente 12% da população do país é afro-descendente.
Malcolm X
O filme de 1992, conta a história do líder afro-americano Malcolm X, que tem o pai assassinado pela Klu Klux Klan e sua mãe internada por insanidade. Quando é preso aos 20 anos de idade, Malcolm se converte ao islamismo e passa a pregar seus ideais. O longa de Spike Lee tem 3h30 de duração e apesar de ser um filme difícil de assistir, é necessário para quem quer fazer parte do movimento antirracista. Malcolm X é um dos maiores nomes do movimento negro e no final do século XX, conseguiu mobilizar brancos e negros na conscientização sobre os crimes cometidos contra a população afro-americana.
Corra!
Considerado um dos melhores filmes em seu ano de lançamento, Corra! foi o primeiro trabalho do diretor Jordan Peele, que ja chegou mandando muito bem. O filme conta a história de Chris Washington, um jovem fotógrafo negro que viaja para conhecer os pais brancos da namorada. Desde o momento que chega na casa dos Armitage, o suspense e o terror são garantidos. O longa se difere dos outros da lista por ser uma ficção, mas não decepciona em mostrar a podridão do sistema em relação à comunidade negra americana.
Casa de Antiguidades
O filme brasileiro "A Casa de Antiguidades" de João Paulo Miranda foi um dos 56 filmes a serem selecionados para ganhar o "selo de aprovação" do Festival de Cannes 2020. O longa conta a história de um homem negro operário em uma cidade fictícia de colonização austríaca no sul do Brasil. O enredo gira em torno de temas extremamentes relevantes e necessários no Brasil, como o racismo estrutural e a polarização da política nacional. O filme ainda não tem uma data de lançamento prevista, mas será exibido em festivais de cinema ao redor do mundo e assim que chegar no Brasil, todo mundo precisa assistir.
