Vamos às apresentações: para quem ainda não a conhece por aqui, ela é Andressa Almeida, dona de uma das nossas marcas queridinhas - a.k.a. Quiero - e mais nova integrante do time de modelos da Ford Models Curve. O que isso quer dizer? Que a Andy agora é uma das representantes das tantas mulheres curvilíneas desse Brasilzão.
Foi por esse último acontecimento maravilhoso que tivemos a importante ideia de abrir espaço para uma entrevista com ela aqui no site, afinal, sabemos o quanto a representatividade é essencial quando o assunto é padrão de beleza, e a autoestima das mulheres deve vir em primeiro lugar, muito antes de tendências ou regras.
Sem medo e sem tabu, ela falou com a gente pra contar um pouco sobre sua trajetória e dar dicas super valiosas - que ela mesma criou e segue - para tentar ajudar outras mulheres a se amarem e valorizarem suas curvas. Afinal, todos os corpos são bonitos exatamente como são, e o que é bonito é para se mostrar. Então vem por aqui pra ver nossa conversa com a gata:
"Acredito que a partir do momento em que temos uma das maiores agências de modelos do Brasil, que até então só aceitava modelos "padrão" (leia-se magras e altas), você revê seus conceitos de beleza e enxerga no mercado uma mudança de paradigma e o anseio das mulheres por representatividade em publicidades e propagandas, é uma luz que surge no fim do túnel.
E acredito que isso consequentemente ajuda muito no processo de empoderamento para as mulheres, uma vez que elas começam a se ver e se reconhecer nas modelos que estão nas mídias, ganhando assim o entendimento de que é normal ter curvas, é normal ter bundão, bração, barriga saliente, e ela pode - e deve - se sentir linda pois é o que ela é, cada uma do seu jeito único."
"Na verdade está sendo. O processo é muito lento e acredito que ainda tenho um caminho grande pela frente (ainda acontece de eu chorar por nunca ter tido o corpo que queria). Minha primeira dica, que é a que mais tento seguir na minha cabeça, é entender que não existe você "ter o corpo da fulana", assim como a fulana também nunca terá o seu corpo rs. Essa coisa de ficar sempre se comparando com outras pessoas é horrível e totalmente sem sentido. Então acho que o primeiro passo é se descobrir, sem se comparar a ninguém, é olhar pra si e ver a sua beleza, pois você é única e isso já te faz muito especial. O caminho é longo e nada fácil, mas acredito que é libertador, pois vivemos presas nesses paradigmas de beleza."
"Ter sido modelo desde nova, só que na versão magra rs, me ferrou muito pois sempre ouvia o discurso de que precisava ser magra para ser aceita em qualquer agência grande e ser bem sucedida como modelo. Aprendi que não teria chance se não perdesse "só mais 5kg", depois mais 2kg, depois mais 1,5kg... Ou seja, na minha cabeça eu sempre estive fora do padrão, isso afetou demais minha autoestima e visão do que é bonito. Imagine que cheguei em SP há 10 anos e hoje estou pesando quase 20kg a mais. O que a Andressa, que acreditava nesse discurso, iria pensar da Andressa atual? Uma derrotada que não deu certo e ainda ficou gorda e feia, né? Isso me rende muita terapia até hoje. O que eu mudaria se tivesse ao meu alcance é a percepção das pessoas de que tem que existir um corpo bonito, pois se existe o bonito, logo, existe o feio. Falando em corpos e tipos físicos, é muito cruel a sociedade definir o que é padrão, sendo que não temos como lutar contra nosso biotipo. Eu, por exemplo, sempre sofri também por não ser alta, ficava fazendo alongamento em casa pra ver se crescia e não resultou em nada, senão em frustrações. Gostaria que a sociedade (inclusive eu, que acabo julgando muitas vezes) entendesse que cada um é de um jeito e ponto. Não precisamos nos encaixar em algum estereótipo."
"É bem legal falar sobre isso pois temos o costume de nos inspirar no "impossível", como por exemplo em garotas de corpos perfeitos que estão sempre viajando e fazendo fotos em lugares paradisíacos, vivendo outra realidade. Nos enganamos ao pensar que isso é inspirador, muitas vezes isso pode nos jogar pra baixo. Como por exemplo, quando um comercial de TV mostra que o mundo da menstruação pode ser tranquilo e confortável, acabamos acreditando que nós somos as diferentes e “erradas” da história, pois nosso período menstrual não é confortável e muitas vezes longe de ser tranquilo.
Há pouco tempo fiz a "limpa" no meu Instagram (lá é de onde tiro muitas inspirações), parei de seguir perfis que não me agregavam e só me geravam frustrações, que muitas vezes confundimos com inveja. E desde então comecei a dar follow em garotas que incentivam o empoderamento e que falam sobre as realidades com as quais me identifico, isso me ajuda a entender que "está tudo bem" em ser como sou. Vídeos e bate papos de mulheres empoderadas no YouTube também são uma das fontes de inspirações."
"Atualmente estou reestruturando toda a minha marca e, depois de um ano aprendendo a empreender, também estou desfazendo sociedade, ou seja, tô no meio do furacão. Junto a isso, resolvi voltar à ativa como modelo. Por eu trabalhar em home office e meu negócio ser um e-commerce, acaba que consigo ter os dias bem flexíveis, então consigo não trabalhar pro meu site em um dia em que tenho algum casting ou fotos, mas no outro dia tenho que saber que terei serviço acumulado e, se preciso, ficarei até tarde tirando medidas de roupas, respondendo clientes, cadastrando produtos e etc.. A parte de ser influencer não me cobro muito, deixo fluir pois não gosto de nada forçado, então quando tenho vontade de fazer stories, faço porque quero e não porque tenho que fazer, e, sempre que dá, faço uma fotinho, é natural pra mim e fica fácil de atualizar o feed. haha"
"Depois de estudar, acredito que arriscar é fundamental. Por exemplo, eu nunca estudei moda - sou formada em Relações Públicas - mas sempre quis estar, de alguma forma, trabalhando com moda e comunicação. Então eu simplesmente fui arriscando e me jogando no meio, falava com amigos que conheciam alguém da moda, pedia indicações, mandava currículos, e na época fiz um blog pra dividir minhas percepções e conhecimentos de moda. E no primeiro trabalho que rolar você tem que pensar que "já está dentro" e dali em diante é só se esforçar e se dedicar a querer aprender. Acredito que é uma mistura entre estudar e realmente ir para a prática, sabe?"
"Desapegar de numeração de roupa e comprar o tamanho que melhor lhe cair e faça se sentir mais segura."
"Não usar peças muito grandes com intuito de se esconder pois piora a situação e só aumenta sua silhueta. E você não precisa esconder nada!"
"Contraposições de modelagens. Procurar sempre equilibrar peças justas com outras mais soltinhas. E quando optar por duas peças oversized, dê preferência aos cortes retos e não bufantes."
"Duo I love: top e calça cintura alta! Tenho percebido que marca bem minha cintura, traz uma pegada sexy e se finalizada com blazer ou uma terceira sobreposição mais alongada, fica super fashionista."
"Não ter medo de mostrar a pele! Não são só as magrinhas que podem usar braços, barrigas e pernas de fora, viu?"
"Peças acinturadas são minhas aliadas. Tanto em vestidos ou calças (alô mom jeans!) pois elas permitem eu usar peças mais larguinhas e ainda assim valorizar minhas curvas."
"Deixe à mostra partes do corpo que você mais gosta!"