Hoje, 29 de janeiro, é o Dia Da Visibilidade Trans no Brasil. No país que mais mata transexuais no mundo, de acordo com dados da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), é de extrema importância fomentarmos e darmos visibilidade para toda a comunidade LGBTQI+.
Afinal, como mencionamos acima, os dados brasileiros são assustadores. A vida de alguém que não se identifica com seu gênero de nascimento é rodeada de dificuldades e violências, desde a descoberta até a luta pela sua identidade. Segundo dados da União Nacional LGBT, o tempo médio de vida de uma pessoa trans no Brasil é de apenas 35 anos, enquanto a expectativa de vida da população em geral é de 75,5 anos. E, segundo informações da Antra, o número revoltante de transexuais assassinados no Brasil aumentou em 180% de 2019 para 2020.
É preciso se conscientizar da vulnerabilidade social dessa parcela da população e ir além - um primeiro e importante passo foi a eleição municipal de 2020, quando 25 transexuais e travestis foram eleitos. Mas, hoje, no Dia Da Visibilidade Trans, nós contribuímos simbolicamente para o debate selecionando oito filmes e séries que abordam o tema para você assistir, compreender e abraçar a luta.
_euphoria
A série sucesso da HBO é uma das produções atuais que aborda com naturalidade assuntos relevantes, como o abuso de drogas e a descoberta da sexualidade e da identidade de gênero. Apesar da série não tratar necessariamente sobre transexualidade, esse foi um dos motivos que fizeram a atriz Hunter Schafer aceitar interpretar a personagem trans, Jules. “Precisamos de mais papeis onde pessoas trans não estão lidando apenas com serem trans; elas são trans enquanto lidam com outros problemas. Nós somos muito mais complexos do que nossa identidade."
_a garota dinamarquesa
A Garota Dinamarquesa conta a história real da primeira mulher trans a fazer uma cirurgia de mudança de sexo. Na Copenhague de 1926, os artistas Einar e Gerda Wegener se casam e quando Gerda decide vestir o marido de mulher para pintá-lo, Einar passa a se descobrir aos poucos como mulher. Com o apoio, ainda que conturbado, da esposa, Einar passa por uma das primeiras cirurgias de mudança de sexo da história para tentar se transformar por completo em Lili e recuperar sua vontade de viver.
_tomboy
Em Tomboy, o foco é na descoberta. O longa-metragem francês conta a história de Laurie, uma menina deprimida que apresenta problemas para socializar com outras meninas de sua idade e que se identifica com o gênero masculino. Mostrando a dolorosa trajetória de Laurie em se descobrir um menino transexual. Delicado, emotivo e indispensável nesse Dia da Visibilidade Trans, o filme dirigido por Céline Sciamma foi um marco no ano de seu lançamento por ser um dos primeiros a tratar o tema com tamanha importância e protagonismo.
_strong island
Strong Island não aborda temas de gênero e sexualidade, mas Yance Ford, o diretor do documentário é um homem negro transgênero. O filme da Netflix acompanha e ajuda a conduzir uma investigação sobre o assassinato do irmão do cineasta em 1992. Além de dirigir, Ford é um dos produtores do documentário.
É importante, nesse Dia da Visibilidade Trans, darmos visibilidade a trabalhos e produções feitas por pessoas trans. Infelizmente, ainda hoje, vemos muitos atores heterossexuais interpretando papeis de transexuais, como Jarde Leto em “Clube de Compra Dallas” e Hilary Swank em “Meninos Não Choram”, mostrando que ainda temos um grande caminho a percorrer no sentido da inclusão de pessoas LBTQI+.
_a morte e a vida de Marsha P. Johnson
Marsha P. Johson era uma mulher transexual, ativista e fundadora do grupo Street Transvestites Action Revolutionaries. Marsha teve um papel fundamental na Revolta de Stonewall - a primeira revolta contra a repressão policial à pessoas LGBTQI+, que deu origem a parada do Orgulho Gay nos Estados Unidos. Marsha se colocou na linha de frente do enfrentamento direto contra a violência.
O documentário segue a investigação da sua morte - ela foi encontrada morta no Rio Hudson, em Nova York, e nos registros oficiais consta que a causa foi suicídio. Porém, a narrativa do doc mostra que talvez as coisas não tenham acontecido dessa maneira.
_bixa travesty
O documentário brasileiro Bixa Travesty acompanha o fluxo criativo e pessoal de Linn da Quebrada, cantora, performer e ativista trans. Ela reivindica sua posição de mulher, enquanto se nega a fazer cirurgia de mudança de sexo. Segundo a cantora, seu corpo é um ato político e também o material através do qual constrói a sua arte. Para ela, o masculino e o feminino são questões de identidade, ao invés de genitalidade.
Os cineastas responsáveis pelo longa, Kiko Goifman e Claudia Priscilla, intercalam apresentações de Linn com trechos de suas reflexões, momentos de intimidade em casa e intervenções pela cidade de São Paulo. O documentário está disponível no Youtube.
_pose
Pose é uma série necessária. Com o maior elenco trans da história da televisão, a série é uma aula de história que tem como foco quebrar a visão reacionária que até hoje acompanha a comunidade LGBTQI+ e os estigmas e preconceitos que seus membros carregam todos os dias.
A trama se passa na Nova Iorque dos anos 80 e acompanha a vida de um grupo de pessoas, dentre elas gays e trans, que participam de competições conhecidas por bailes, uma maneira em que a comunidade LGBTQI+ encontrou para viverem seus sonhos numa época marcada pelo surto da AIDS. A série coleciona prêmios e críticas positivas, e não é à toa.
_laerte-se
Você provavelmente conhece Laerte, cartunista brasileira de sucesso que, aos 58 anos, se descobriu uma mulher trans. O documentário original Netflix de 2017 acompanha a vida de Laerte, enquanto a mesma se questiona com diversas questões em torno do que significa ser mulher atualmente.