As roupas que usamos contam uma história. Feche os olhos e pense nos seus personagens favoritos de séries e filmes, como eles estão vestidos? Aposto que tem looks específicos que vem à mente. Pense nos seus melhores amigos? Também devem ter itens que vocês conectam à eles. Dá para saber muito da personalidade de cada um ao observar as peças que eles escolhem usar, a cartela de cores, os acessórios…Nessa coluna, a cada edição, analisamos o estilo de alguns dos nossos preferidos da ficção, investigando quais mensagens eles passam através de suas produções e óbvio, como podemos aproveitar esses insights para nossas vidas e guarda-roupa. Nossa pauta da vez é Beth Harmon, personagem de Anya Taylor Joy em O Gambito da Rainha, baseado no livro homônimo de Walter Tevis, disponível no Netflix.
Contando com um dos esportes mais discretos que existem como pano de fundo, não dava para imaginar que a trajetória de uma menina orfã, que aos 9 anos de idade descobre talento extraordinário para o xadrez, se tornaria um dos grandes hits do ano e traria interesse e glamour ao jogo, mas foi exatamente o que aconteceu. Cheia de nuances, a trama segura nossa atenção com a fascinante jornada da protagonista navegando entre as estratégias cerebrais exigidas pela prática, enfrentando um ambiente hostil dominado por homens e lidando com seus próprios desafios internos.
Como sempre falo aqui, roupas são muito mais do que algo que vestimos, elas agem por vezes como armaduras e proteção, comunicando nossas mensagens sem nem precisar verbalizá-las. Após anos sem nenhum controle sobre o que usava, vide seu período no orfanato e sua experiência na escola, o estilo de Beth cresce junto com sua confiança e evolução no competitivo universo do xadrez, quanto mais longe ela chega, mais ousadas e cheias de personalidade também vão ficando suas produções. Outro traço de sua personalidade, a dedicação extrema ao esporte, é aparente nos seus looks que são dominados por uma estética bem específica que remete ao jogo, sinais dessa identificação já surgem quando ela sai para fazer compras com sua mãe adotiva e é instintivamente atraída pelo vestido quadriculado no manequim, aquele mesmo que ela retorna para comprar após vencer sua primeira competição, agindo como símbolo da independência conquistada e reapropriação de sua individualidade.
Segundo a figurinista da série, Gabriele Binder, Audrey Hepburn e Edie Sedgwick, ambas musas do anos 60, período onde a história se passa, influenciaram as combinações da personagem. No início, escolhas mais tradicionais e conservadoras são priorizadas, mas aos poucos, a silhueta com cintura marcada e feminina vai sendo introduzida até resultar em escolhas imponentes e elegantes, encantando com casacos alongados e arrematados por cintos, peças estruturadas, chegando à uma sofisticação impossivelmente cool.
Para entusiastas de história da moda, a série é de encher os olhos já que dá para identificar inúmeras referências de criações icônicas de nomes como Andre Courreges e Pierre Cardin, ambos estilistas lendários da década, sem esquecer da direção de arte quem também merece menção honrosa.
O mais legal, é que apesar de a história se passar há décadas, as produções possuem espirito atemporal e várias coisas são tendências atualmente o que facilita ainda mais o exercício de incorporar a essência da grande mestre aos nossos armários. Afinal, não é só no tabuleiro que Beth é um prodígio, seu estilo é igualmente campeão e por isso, reunimos 8 lições inspiradoras para roubar já:
_a cartela de cores
Priorizando os tons neutros que ganham dimensão através de design impecável, ela também ama toques de cor inusitados. Entre eles o verde menta, amarelo para iluminar e adora enriquecer composições com tons de pedras preciosas.
_xeque-mate
Sua estampa favorita não é nenhuma surpresa, o quadriculado dos mais variados do Vichy ao tartan é o seu favorito e mostra a simbiose existente com o Xadrez em sua vida.
_sobreposições
Um dos melhores truques de styling existentes, ela ensina como tirar o máximo de proveito lançando mão de itens como a golinha Peter pan, mega hit atual, para combinar com salopete, camisas com laço tipo pussy bow usadas por baixo de vestidos com corte evasê e boleros por cima de vestidos.
_acessórios
Com poder incalculável na hora de elevar looks, não dá para subestimar a sua importância. Dos lenços na cabeça para adicionar personalidade, faixa no cabelo no melhor estilo preppy para jogar tênis, gorros de tricô, óculos statement e as inseparáveis luvas que dão acabamento imbatível e garantem elegância instantânea.
_estilo Mod
Nascido nos anos 60, a estética cujo nome é abreviado de “modern”, aparece através da silhueta sequinha, das malhas de gola alta, das makes gráficas e no look mais icônico, o da cena final, em branco monocromático.
_foco no upper body
A figurinista explicou que era importante que as peças usadas na região tivessem texturas ou detalhes interessantes, já que o ângulo da câmera fica concentrado ali. Apesar de não sermos jogadoras de xadrez, a dica é valiosa em tempos de reunião por video (oi Zoom, oi Google meet) e vale aprender o truque. Como? Usando texturas especiais, toques de cor, padronagens, detalhes como botões ou golas elaboradas, tudo perto do rosto.
_cozy
O verão está prestes a começar, mas as inspirações de looks invernais da personagem merecem virar pastinha no Pinterest. Cardigans tipo fuzzy e suéters trabalhados acompanhados de calça justinha e sapatilhas são o auge do charme e tem ar vintage que a gente ama aliando conforto e estética. Ou então bem Factory Girl, com malha canelada e make para copiar imediatamente. Sem esquecer do look de lingerie e cardigan oversized com o qual eu estou sonhando até agora.
_bicolor
Assim como o tabuleiro, as pílulas que ingere e a dualidade presente em sua personalidade, Beth incorpora duo de cores aos seus looks, seja na camiseta usada em vários momento diferentes, na palheta P&B ou nos vestido menta e bege, ambos aliados à preto.
