A alegria e o desespero de ser mãe em quarentena

por The Look Stealers
Se eu não fosse mãe em quarentena, estivesse nessa situação sem filhos, adoraria estar fazendo skincare diariamente. Talvez colocaria em dia minha lista interminável de documentários e filmes, estaria à frente do meu desafio anual de um livro por mês e o principal: dormiria 8 horas por noite - coisa que não sei mais o que é desde antes da minha filha mais velha nascer, em novembro de 2017. Sou mãe de duas meninas lindas, a Joana e a Tereza, de 2 anos e meio e 7 meses, respectivamente.
 
Minhas parceiras de isolamento há 40 dias. Eu e meu marido somos jornalistas. Há 5 anos me tornei empreendedora e dirijo uma produtora de vídeos. Meu marido comanda um programa de rádio das 8 às 10 da manhã e, desde o começo do confinamento, trouxe os equipamentos pra casa e tem feito as entradas ao vivo diretamente do tumulto. Não foram poucas as vezes que vazaram gritos, choros, risadas e na última semana um ''BOTA A CALCINHA JOANA'' em meio à programação da Rádio Gaúcha, aqui do Rio Grande Sul.  
É, minha gente, a gincana e o revezamento para conseguirmos trabalhar não está sendo fácil. Eu oscilo entre desespero e alegria todos os dias. Mas sabe que, quando coloco a cabeça no travesseiro penso que, ao final de tudo isso, o saldo dessa balança deve ser positivo. 
 
A velocidade do mundo em que vivemos gera um senso de urgência que nos obriga a sermos cada dia mais produtivos, mais sociáveis, mais tudo. Além disso, estamos quase sempre correndo atrás de dinheiro. É claro que não damos conta de tudo e, com isso, ficamos bem menos em casa. Terceirizamos muitas vezes a criação dos nossos filhos, engatamos uma primeira e quando vê... passou. ''Nossa, aproveitem. Essa fase passa tão rápido'', sempre escuto de gente mais velha do que eu. Será mesmo? Pasa rápido ou somos nós que passamos rápido por eles e nem vemos o tempo passar?
Infelizmente foi uma pandemia que nos obrigou a ficar em casa. E é disso que nossos filhos vão lembrar: da bagunça, das risadas, do café da manhã, almoço e janta com o papai e a mamãe, das receitas de bolo no meio da tarde. Entre um call e outro, assistir à Peppa Pig agarradinhos. Das invenções, brincadeiras, banhos demorados e muita historinha antes de dormir. As memórias afetivas é que ficam e muito mais. É disso que eles vão lembrar. E espero que nós também.
 
Pensando bem, esqueçam a minha vontade de skincare e das listas de filmes e leitura em dia. Esse é mesmo o meu lugar. No meio do caos. Em algum ponto entre alegria e o desespero dessa quarentena, que tá muito bom. Não posso reclamar. 
 
A todas as mães, Gaby.
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