A dança das cadeiras da moda: quem será o próximo?

por Beta Weber

No início do ano passado, eu escrevi uma pauta sobre a dança das cadeiras na moda, mas aquilo era só o começo. Desde então, várias outras reviravoltas aconteceram, e a mais recente foi a saída de Virginie Viard da Chanel, após 30 anos na casa e 5 como diretora criativa, deixando livre uma das mais prestigiadas — e desejadas — vagas no mercado de luxo. Além disso, Givenchy e Dries Van Noten continuam sem ninguém no comando. Paralelamente, grandes talentos da indústria como Pierpaolo Piccioli, Sarah Burton e Riccardo Tisci encontram-se sem destino. É sobre esse cenário que vamos conversar a seguir.

O troca-troca de diretores criativos não é incomum, e os conglomerados têm levado um certo tempo para definir cargos. Basta lembrar da demora para anunciar Pharrell Williams na Louis Vuitton masculina. A indústria enfrenta inúmeros desafios que impactam diretamente a escolha de um diretor criativo e enfatizam sua importância: a economia global em crise, as gigantes fast-fashion cada vez mais fortes, a urgente necessidade de se adequar às questões sociais e climáticas, o crescimento da tecnologia IA e, acima de tudo, um consumidor com mais opções e acesso que demanda mais do que bons produtos, mas também posicionamento e identidade.

Leia Mais: Você sabe quais são e como funcionam os principais conglomerados da moda?

Mulher vestindo blazer preto, camiseta estampada com rosto, calça preta de tecido brilhante e sapatos escuros com salto. Look elegante e moderno, combina peças clássicas com estilo urbano. Tendência: moda monocromática, tecidos texturizados e estampa
Foto: Virginie Viard (Reprodução/Pinterest)


Chanel

Encontrar o equilíbrio entre a modernidade necessária para trazer algo novo a uma maison tão icônica e com códigos bem definidos pode ter sido uma tarefa fácil para Karl Lagerfeld. Sendo o único sucessor da fundadora Coco Chanel, o alemão teve tempo e espaço para lapidar sua visão. No entanto, sua morte, após quase quatro décadas muito bem-sucedidas no papel, deixou um vácuo difícil de preencher. É preciso ter sucesso comercial e manter o nome da marca empolgante e relevante no cenário cultural, algo que Virginie Viard não conseguiu, apesar dos recordes de vendas.

E quem virá? Especulações não faltam, e entre os candidatos mais discutidos para assumir o posto máximo estão Hedi Slimane, atual da Celine, John Galliano, Jeremy Scott, Marine Serre, Marc Jacobs, Haider Ackermann e Phoebe Philo. No entanto, não se sabe se essa lista tem algum fundamento ou se trata apenas do desejo dos fãs.

Givenchy

Uma das maiores casas de alta-costura durante a era de ouro dos anos 50 e 60 pelas mãos de Hubert de Givenchy, a maison francesa viveu dias de glória assinando os looks de Audrey Hepburn, incluindo o inesquecível vestido preto de "Bonequinha de Luxo". Nos anos 90, com as passagens de Alexander McQueen e John Galliano, ganhou ares transgressores e transcendeu ainda mais no período de Riccardo Tisci, que transformou a imagem da marca para algo mais rock’n'roll com traços etéreos que funcionaram por um bom tempo. Desde a saída de Tisci, a Givenchy não conseguiu reencontrar sua essência e, apesar das especulações de que Jacquemus seria anunciado, desde dezembro de 2023 a cadeira continua vazia.

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Foto: Dries Van Noten (Reprodução/Pinterest)

Dries Van Noten

Diferente dos exemplos anteriores, com legados quase seculares, a etiqueta Dries Van Noten vai, pela primeira vez, ser assinada por alguém que não o próprio fundador, que anunciou sua aposentadoria no início do ano. Nascida nos anos 80, na Bélgica, a marca faz parte dos Antwerp 6 e se consolidou graças a uma opulência moderna, calcada em um riquíssimo mix de cores, estampas, texturas e materiais. Escrevemos mais a fundo sobre a essência de Dries aqui. O desfile de despedida já aconteceu no mês passado, mas, por enquanto, não há novidades a respeito do sucessor.

Talentos sem casa e sem marca própria

Pierpaolo Piccioli: Com sua recente saída da Valentino, muitos especulam que Piccioli poderia trazer sua visão romântica e detalhista para outra grife de alta-costura. Seu trabalho na Valentino redefiniu e modernizou a grife sem trair os códigos tradicionais. Será que ele assumirá o comando de outra casa ou, quem sabe, lançará algo sob seu próprio nome?

Sarah Burton: Após sua longa e bem-sucedida jornada na Alexander McQueen, Sarah Burton é uma das mentes criativas mais respeitadas da moda. Chanel, Givenchy ou mesmo uma marca menos convencional poderiam ser boas opções para ela.

Riccardo Tisci: Com sua estética ousada e disruptiva, Tisci transformou a Givenchy, mas não teve êxito na Burberry. Será que ele voltará a uma das maisons de alta-costura ou partirá para um novo desafio em uma marca emergente ou de streetwear?

Pessoa vestindo camisa escura de manga longa e calça jeans, com as mãos nos bolsos. Estilo casual e despojado, ideal para ambientes de trabalho criativos. Atrás, há roupas penduradas em arara, insinuando ambiente relacionado à moda.
Foto: Sarah Burton (Reprodução/Pinterest)

Últimas atualizações

Alessandro Michele apresentou recentemente uma épica coleção resort para seu debut na Valentino, e a Lanvin, que se encontra perdida desde a partida de Alber Elbaz na década passada, anunciou Peter Copping como novo diretor criativo, com estreia prevista ainda para 2024.

No último final de semana, rumores de que John Galliano não pretende renovar seu contrato na Maison Margiela, que termina em outubro, em função de um possível retorno à Dior, causaram choque na indústria. Sua trajetória, marcada por criações icônicas e momentos controversos, teve seu auge da crise em 2011, quando, após declarações antissemitas, ele foi despedido. Seu retorno à Dior após a saída poderia representar um novo começo, trazendo sua visão única. Similarmente à Virginie Viard na Chanel, Maria Grazia Chiuri tem sucesso comercial, mas não conseguiu capturar o zeitgeist ou conquistar os críticos. Inclusive, a fofoca é que ela talvez vá para a Gucci tentar recuperar a grife, que ainda não se acertou na nova era com Sabato de Sarno.

Peter Hawkings.
Foto: Peter Hawkings (Reprodução/Instagram)

E nesta segunda-feira, mais uma notícia inesperada: após apenas um ano no cargo, Peter Hawkings não é mais o diretor criativo da Tom Ford. Hawkings trabalhou como braço direito de Ford por anos e foi nomeado sucessor quando o fundador vendeu a grife para os grupos Zegna e Estée Lauder e se aposentou da moda.

Ufa! O cenário está cheio de incertezas e expectativas. A dança das cadeiras na moda nunca foi tão emocionante, e as próximas escolhas podem redefinir o futuro de algumas das maiores maisons globais. O que vocês acham que vai acontecer? Façam suas apostas!

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