Esse ano começamos aqui no Steal the Look uma nova iniciativa: o Steal the Talks! A ideia do projeto é trazer pessoas influentes do mercado que o STL está inserido para falar com o time sobre carreira, mercado de trabalho e de moda, de uma forma super leve e descontraída. Os encontros estão sendo muito legais e já passaram por aqui Pati Lima, ceo da Simple Organic, Ju Ferraz, diretora de relações públicas da agência Holding, entre outras pessoas que geraram uma troca incrível! Como o projeto está sendo um sucesso internamente, pensamos: porque não gravar e compartilhar com a nossa comunidade? E foi isso que fizemos no último encontro!
O primeiro episódio gravado, que já está disponível no nosso youtube, foi um papo com La Robertita, criadora de conteúdo e comunicadora. Nascida em Jandira, interior de SP, Laís Roberta, aos 28 anos, está numa fase muito boa da sua carreira, que começou a decolar na pandemia quando passou a falar mais sobre moda, principalmente pela necessidade que sentia de ver pessoas como ela, uma mulher preta e gorda, ocupando espaços importantes, não só na moda, mas também influenciando os movimentos. Apesar de ter tido esse reconhecimento recentemente, Robertita já está na internet há muitos anos e, desde o início, sempre mobilizou uma comunidade ao falar de pautas importantes para a sociedade e que são sensíveis a ela, como racismo, corpo e moda. Por ser uma pessoa, como ela mesma se caracteriza, subversiva, sempre esteve envolvida em movimentos sociais e gosta realmente de trazer as pessoas para pensarem. “O meu existir em lugares que antigamente só poderiam ser ocupados por meninas brancas e dentro do padrão é político, para mostrar que esse é o lugar que eu deveria estar e pertenço”, diz Robertita.
Atualmente o posicionamento de Robertita se reflete nos seus conteúdos, na forma de se vestir e até nas marcas com quem fecha contratos. Ela possui uma rede de apoio profissional para ajudar nas escolhas de marcas e parcerias, mas tem alguns pré-requisitos para todas: quando é convidada para trabalhos onde é a única mulher gorda ou a única mulher preta, mesmo se estiver necessitando da grana, ela prefere negar para ir de acordo com os valores e princípios que prega. “É desgastante carregar isso sozinha e o que faz sentido é aceitar jobs que de fato causem algum movimento ou consigam trazer alguma mudança de consciência ou de modus operandi”, completa. Além disso, Robertita possui uma lista de marcas com quem não trabalha, por apresentarem posicionamentos racistas e homofóbicos ou por maltratarem os funcionários.
Ao fazer uma análise sobre a indústria da moda, Robertita fala que entende que encontrar peças e modelagens adequadas para o seu corpo é um processo em construção, já que apesar de existir mais abertura para roupas feitas sob medida, a roupa vista na vitrine muitas vezes não cabe nos corpos gordos, então mesmo que haja vontade e dinheiro para comprar, não tem a disponibilidade da peça. “A escassez não é só sobre o corpo, mas também passa por roupas íntimas, toalhas, roupas de cama, entre outros. A reestruturação da indústria começa desde a matéria-prima e vai até os fornecedores, que muitas vezes não possuem a capacidade de produzir peças maiores”, explica.
O papo terminou quando Robertita trouxe a forma como ela vê a moda como ferramenta de autoestima, entendendo que a sua imagem é uma forma de validar a própria existência, abrir caminhos e conseguir ser inserida onde ela quer estar. Ao perceber que o movimento do mundo era tentar retrair quem ela era, e também partindo de experiências de um lógica de escassez na sua criação e na sociedade como um todo, onde a sua mãe diminuía a própria feminilidade, ela entendeu que o queria fazer era justamente o contrário: passar a mensagem do feminino e do elegante antes de falar, só com a sua imagem imponente. Depois de muito tempo de exposição, começou a entender que hoje está em um lugar que ela merece, e precisa se apropriar disso para sentir o pertencimento que vem decorrente do seu próprio esforço. Ao entender cada vez mais esses ambientes, aprendeu a canalizar como quer se portar e hoje em dia busca sempre pela excelência. “Entendi que não tenho o direito de ser uma mulher mediana, então prezo sempre pela excelência, pensando em estratégias para convidar as pessoas para refletir. Eu chego nos ambientes marrenta e com muita pose, porque sei que só existir e me posicionar assim já causa uma sensação de poder subverter a lógica do pensamento comum”.
Para os próximos passos em sua carreira, os planos são ambiciosos: está gravando um podcast e tem vontade de empreender e ter um negócio para democratizar as próprias peças, permitindo o uso por outras pessoas! E ainda deixou dicas de conteúdo que ela ama: o livro Caixa Preta, da Luiza Brasil e o podcast Corre Delas, apresentado por Luanda Vieira.
Curtiu conhecer um pouco mais sobre La Robertita? O papo completo - e super interessante! - você confere no nosso youtube. Não dá pra perder!