A poesia em forma de arte e moda de Liniker na campanha de moda do Magalu
Liniker é uma artista completa: cantora, compositora, atriz e artista visual, além de ser conhecida por sempre entregar seus projetos com o corpo e alma. Ela era vocalista da banda Liniker e os Caramelows, que já se apresentaram no Lollapalooza em 2019, mas em 2020, ela decidiu seguir carreira solo. Na carreira de atriz, teve um trabalho com grande reconhecimento nos últimos tempos em “Manhãs de Setembro”.
Com um trabalho musical independente impecável, ela nos concedeu uma entrevista no backstage da campanha Moda Magalu e contou um pouco sobre as suas experiências de vida e de trabalho. A nossa editora-chefe, Aline Santos, conduziu o bate-papo no qual a cantora dividiu sobre arte, moda e carreira, vem ver:
_lançamento mais recente
"Indigo Borboleta Anil" é o primeiro disco solo da cantora e teve um processo de dois anos para produzi-lo, ela precisou mergulhar dentro de si para que isso pudesse acontecer. Com a chegada na pandemia da COVID-19, Liniker teve tempo para pensar sobre todas as texturas, formas e letras que queria incluir neste projeto. “Esse trabalho nasce de uma vontade muito grande de me dar coragem, de não esperar que ninguém me dê aval, mas que eu seja minha própria trajetória e consiga olhar para isso com generosidade", diz, "quando a gente começa a fazer os recortes de ser uma mulher preta, de ser uma artista brasileira independente, o mercado nunca deixa que a gente faça o nosso trabalho da forma que a gente acredita que é. Esse disco é uma reintegração de posses e uma reintegração de lugar”, divide.
_na frente das câmeras
A artista vê o trabalho de atriz, mais especificamente o papel de Cassandra, como algo sobre experimentação. Para ela, “Manhãs de setembro” a levou para um leque, não apenas de poder ser cantora e compositora, mas como uma artista que está falando em várias linguagens.
_a moda e a vida
Liniker sempre foi muito conectada com a moda, é uma linguagem que se comunica muito com o trabalho dela. Para além de montar looks, ela vê uma necessidade de pensar a moda culturalmente no cotidiano e como isso influencia na forma em que ela se sente, se expressa, e na forma que se sente à vontade.
A moda sendo pensada de um ponto de vista não padrão, não cisgênero, acho que um ponto de vista que seja realmente inclusivo, e aonde eu não precise caber dentro de uma forma para me sentir à vontade. Conseguir ressignificar isso para meu próprio corpo, minha própria trajetória, me deixa mais confortável em estar dentro da moda.
_as peças queridinhas
Ao perguntarmos qual peça não poderia faltar no armário da artista, ela respondeu com muita certeza: “camisetão oversized, calça jeans de lavagem clara e cintura alta, e uma bolsa para compor o look”. Assim, ela preza pelo conforto e pelo estilo, já que podem ser combinadas com diversas outras peças que podem dar outra cara para o a produção.
_tempo para refletir
Uma dúvida que estava nos rondando era se já havia algum projeto novo no caminho, Liniker respondeu que não, para ela, precisamos dar tempo para as coisas, como houve uma demora para produzir o último disco, lançado este ano, ela gostaria de aproveitá-lo mais.
A artista ainda completa que o álbum só nasceu por causa da pandemia, tempo em que ela pôde ter este mergulho pessoal. Para ela, os primeiros meses desta fase pandêmica foram um período angustiante, um processo de muita tristeza, de não entender como era ficar sem trabalhar, ficar fora do palco e como era não fazer shows: “acho que esse mergulho me fez entrar para dentro da minha arte e tentar ressignificar essa solidão enquanto espaço, porque se não fosse a pandemia, eu estaria num fluxo de trabalho muito intenso, como eu vinha vindo nos outros anos. Então acho que tem esse lugar de aprender e entender o que seu corpo está pedindo”, conclui a cantora.
_dicas
Quando perguntando qual a dica de estilo Liniker gostaria de deixar, a cantora e compositora não pensou duas vezes e disse que precisamos usar o que nos faz sentir bem e à vontade. "É sentir o que queremos usar e não o que tentam injetar dentro do nosso corpo, seja uma calça apertada que não te serve e você vai usar só para suprir a vontade de outra pessoa, seja caber num look que não é o seu, ou entrar num padrão para poder caber na sociedade. Então, quanto mais a gente conseguir sair disso e deixar que nosso próprio corpo, seja nossa moda e nosso bem-estar, mais à vontade a gente vai estar", finaliza.