Durante muitas décadas, na maior parte da história da arte, as mulheres estiveram presentes nas produções artísticas apenas como modelos e musas, e nunca como artistas. Isso se deve, principalmente, ao fato das mulheres terem sido impossibilitadas de terem acesso ao ensino, não só da arte como de qualquer setor. As barreiras sociais do patriarcado impediam que nos dedicássemos à profissões, e o papel da mulher na sociedade era sempre servir ao outro, a um homem. Foi somente no final do século XIX que as mulheres entraram nos salões de arte como artistas, esse foi um dos primeiros passos no sentido da equidade de gênero, e hoje vemos o quanto isso trouxe mudanças para a nossa imagem, nosso papel na sociedade e até na moda feminina.
A arte foi um dos primeiros mercados em que a mulher conquistou seu espaço, depois de muita luta, no início do século XX, com o surgimento de uma nova classe média intelectualizada e as transformações do contexto político e social, as produções feitas por mulheres começaram a ganhar mais visibilidade. Essas mudanças representaram diretamente, maiores possibilidades de inserção feminina em todos os campos. Quando mulheres começaram a pintar mulheres, e adentrar no mercado de trabalho, uma chave poderosa foi virada, empoderando indiretamente todas.
A convite da Fila, em comemoração aos 110 anos da marca italiana e ao lançamento da releitura do clássico Original Tennis, convidamos três artistas brasileiras para contar um pouco sobre suas produções, a relação da sua arte com o empoderamento e como ela se traduz na moda feminina de cada uma. Vem com a gente:
@jessvieira
A artista visual e pesquisadora Jess Vieira é conhecida por suas representações humanas figurativas e expressivas, centralizando a figura da mulher negra e a experimentação de símbolos em suas criações, aproximando-se assim da sua própria origem e de sua ancestralidade. Jess diz que a sua arte é diretamente ligada com seu estilo e a forma como ela se apresenta para o mundo, principalmente na cartela de cores - tanto de suas produções, como de seu guarda-roupa.
No dia a dia, a artista plástica diz que o conforto é prioridade na escolha de suas roupas, e as peças devem colaborar com você, sobretudo quando está trabalhando e pintando. A moda feminina de Jess e suas artes, vem como um conforto num momento de expansão e criação, tão íntimo e pessoal.
@lela.brandao
Já com Lela Brandão, a relação da arte com a moda feminina é ainda mais direta. A artista plástica, ilustradora, formada em arquitetura e criadora de conteúdo, usa sua criatividade e seu espírito revolucionário para criar roupas e ilustrações botânicas, se inspirando e abraçando a ciclicidade das fases da vida da mulher. Para Lela, o conforto também é prioridade e usar peças que se adaptem e abracem o corpo da mulher é indispensável em seus dias.
A artista conta que o processo criativo das peças de sua marca já é empoderante, pois ela faz uso de um processo de reimaginação de peças que tradicionalmente conhecemos, e como elas seriam se tivessem sido pensadas para o corpo, conforto e necessidades das mulheres.
@maroantunes
Apesar de ser formada em Desenho Industrial, hoje em dia Marô Antunes transmite sua arte e seu desejo de criar na cerâmica. A marca - que leva seu próprio nome - é uma tradução de seu encanto por animais, cores e estampas, representando um maximalismo ousado e diferente. Para Marô, "trabalhar com cerâmica é trabalhar com um elemento com o qual não se tem controle - perde-se a perfeita simetria mas ganha-se em autenticidade. Pode ser tanto delicada quanto agressiva, e transita facilmente entre o clássico e o moderno."
Apesar de estar no setor da decoração, Marô conta como a moda feminina tem um impacto na sua arte, principalmente pensando no cotidiano, e na necessidade do conforto ao criar. A artista diz que peças esportivas são indispensáveis no seu guarda-roupa, já que a correria e o movimento são sempre parte de seus dias.
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