Alta costura: preço, consumidores, coleções e tudo o que você precisa saber

por Giulia Coronato

Do dia 25 ao 28 de janeiro, aconteceu em Paris a semana de moda de alta costura, considerada por muitos um dos eventos mais importantes de todo o mercado internacional. É durante esses dias que vemos as maiores apostas das marcas e somos convidados a mergulhar no mundo fantasioso e exclusivo que é a alta costura

Por definição, a alta costura é o oposto do prêt-à-porter (em tradução livre, pronto para vestir). Ela caminha na contra-mão do fast-fashion, das tendências e da superficialidade que encontramos tão recorrentemente na moda, oferecendo peças colecionáveis e eternas, verdadeiras obras de arte. Mas, não para por aí, a alta costura vai além. É muito mais do que um segmento de vestuário, ela é a ponte entre moda e arte, e um dos pilares mais importantes da economia francesa. 

Mas, afinal, o que a alta costura representa hoje? É isso que vamos desvendar, mergulhando na história, nas definições, nas regras, nos preços e nos consumidores a fim de entender um pouco mais desse mundo tão seleto e mágico da haute couture.

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_história

Quando falamos de história, consideramos que o nascimento da alta costura foi no ano de 1858 e seu pai, o costureiro Charles Frederick Worth. Tudo começou na Paris do século passado, décadas antes da Belle Époque, quando a maison Worth fez o primeiro desfile com modelos já noticiado e apresentou vestidos extremamente elaborados, de alta qualidade técnica, todos feitos sob medida para suas clientes.

Desde o início de sua marca, Worth foi considerado um costureiro da “alta-moda”, e criou um novo jeito de produzir roupas de luxo. Porém, foi somente com a fundação da Chambre Syndicale de la Haute Couture, e a intenção de preservar esse feito cultural francês, que a alta costura foi validada. A partir do surgimento do sindicato foram criadas diversas regras para que uma maison pudesse fazer parte desse grupo, requisitos mínimos (que de mínimos, não tem nada) necessários para que uma marca fosse intitulada “alta costura”.

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Foto: Charles Frederick Worth em seu ateliê em Paris. (ResearchGate)

_o que caracteriza?

Se você pensa que qualquer marca pode começar a fazer alta costura, você está enganada. Existem ainda hoje diversas regras rígidas para quem quer produzir peças couture e é extremamente difícil fazer parte desse seleto grupo. Quem define o que é ou não alta costura é a Federação de Alta Costura e da Moda (antiga Chambre Syndicale de la Haute Couture), que analisa anualmente todas as marcas, controlando precisamente a liberação do termo.

Entre os termos que devem ser seguidos para poder usar o termo alta costura em suas coleções estão ter um ateliê em Paris, empregar ao menos 15 pessoas, fazer peças sob encomenda com ao menos uma prova de roupa pessoalmente e apresentar coleções publicamente duas vezes por ano, com ao menos 35 looks por coleção. Vale lembrar que a alta costura é exclusiva, feita à mão, com altíssima qualidade. Ela é muito mais sobre técnica do que valor, e é feita pelas mãos mais talentosas e habilidosas do mercado. Algumas peças podem chegar a 1000 horas de trabalho manual e são consideradas obras de arte e não apenas um item de vestuário. 

Algumas das marcas que fazem parte da Federação Francesa de Alta Costura e produzem couture ainda hoje: Chanel, Dior, Schiaparelli, Maison Margiela, Valentino, Givenchy, Atelier Versace, Elie Saab, Bouchra Jarrar, Jean Paul Gaultier, Viktor & Rolf, Ulyana Sergeenko, Fendi, Giorgio Armani Privé, Alexis Mabille, Alexandre Vauthier, Giambattista Valli, Ralph & Russo, Franck Sorbier e Iris Van Herpen, entre outras. 

A editora de moda Anna Dello Russo é uma figura conhecida do street style, que muitas vezes usa roupas de alta costura para causar impacto nas semanas de moda e eventos sociais do universo fashion. Aqui, ela veste Dolce & Gabbana para ir ao amFAR no Brasil.

_quanto custa e quem compra?

Existem em média quatro mil consumidores de alta costura em todo o mundo. O número é baixo, mas se tivermos em vista o valor de cada peça, faz sentido. O segmento possui pouquíssimos clientes e, por incrível que pareça, não dá lucro para as empresas que produzem. A alta costura é, hoje em dia, uma ferramenta de marketing e um posicionamento de marca para criar desejo, além de mostrar as habilidades dos artesãos e criadores de cada maison

E quem são as pessoas que consomem couture? Normalmente são colecionadores. É difícil ver a alta costura no street style ou fora de um contexto de tapete vermelho. Em relação aos preços da alta costura, eles podem variar absurdamente começando numa faixa de US$ 10 mil quando se pensa em peças mais simples, sem aviamentos ou ornamentos. E podem chegar na casa dos milhões, quando são envolvidas pedras preciosas no processo, comumente usado em roupas noturnas, como vestidos ou alfaiataria. 

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