Anna Wintour deixa o comando editorial da Vogue, mas o que isso significa?

por Izabela Suzuki

Sim, eu, você e mais da metade do mundo da moda ficamos chocadas com a notícia de que Anna Wintour deixou o comando editorial da Vogue US após 37 anos em um dos cargos mais cobiçados do universo fashion. Mas calma: ela ainda continuará firme e forte no seu pedestal. Segundo a matéria publicada pela Business of Fashion (BoF), a editora-chefe de longa data seguirá supervisionando como diretora editorial global da Vogue e também como Chief Content Officer da Condé Nast.

O que muda, agora, é que a revista está em busca de uma nova liderança para a publicação norte-americana — que seguirá se reportando diretamente a Wintour. Ou seja, ela ainda continua no cargo, supervisionando a Vogue dos Estados Unidos e mais oito edições internacionais da revista.

Anna Wintour usa casaco preto elegante e óculos escuros, cercada por fotógrafos.
Foto: Anna Wintour (Reprodução/Instagram)


Ainda de acordo com a BoF, "(...) trazer um novo chefe de conteúdo editorial permitirá que ela distribua seu tempo de forma mais igualitária entre os outros títulos sob sua supervisão". O que fica claro aqui é que Anna não está se aposentando — um rumor que circula há tempos no mundo da moda e que muitos aguardam com certa ansiedade. Mas, pela primeira vez, parece evidente que a Condé Nast já está se preparando para uma eventual sucessão. Porque, por mais que seja difícil de imaginar: nada (nem mesmo Anna) dura para sempre.

Capa da revista Vogue com modelo sorridente, vestido com uma blusa de cruz ornamentada e jeans.
Foto: Vogue, primeira capa de Anna Wintour em 1988 (Reprodução/Vogue/Peter Lindbergh)

Nos seus quase 40 anos de trajetória com a Vogue, Wintour já havia comandado a versão britânica da revista e, ao longo das décadas, se consolidou como uma das figuras mais poderosas e influentes da moda. Em 1988, ao assumir o cargo na edição americana substituindo Grace Mirabella, colocou nas bancas uma das capas mais icônicas da história da publicação: a modelo Michaela Bercu usando um jeans e uma blusa bordada da Christian Lacroix. Wintour relembrou a capa dizendo que era completamente diferente dos “closes elegantes” de antes. “Essa quebrou todas as regras. Michaela não estava olhando para você e, pior, estava com os olhos quase fechados. Seu cabelo esvoaçava sobre o rosto. Parecia fácil, casual, um momento capturado na rua — o que de fato foi — e esse era exatamente o objetivo”, escreveu em um artigo publicado pela própria revista.

Wintour também foi responsável por popularizar as supermodelos — como Cindy Crawford, Linda Evangelista e Claudia Schiffer — e por trazer celebridades para as capas da Vogue, como aconteceu com Madonna, em 1989, em uma edição considerada divisor de águas. Sem contar, claro, o Met Gala, que sob sua curadoria virou muito mais que um evento: tornou-se um acontecimento cultural global. Por ora, a inspiração por trás de O Diabo Veste Prada continuará desfilando pelos corredores da Condé Nast — e nós seguimos assistindo e acompanhando.