Aos 19 anos e já vencedora de múltiplos Grammys, Billie Eilish ficou conhecida graças à capacidade ímpar de produzir hits que mesclam gêneros musicais variados, apoiados por letras confessionais que abordam temas complexos. Apesar de ser um dos maiores fenômenos da música de todos os tempos, ela conquistou esse espaço ignorando convenções e rejeitando as fórmulas clássicas tipicamente usadas por artistas que atingem o mainstream. Uma popstar em sintonia com os tempos atuais, sua autenticidade inspiradora fica aparente em suas opiniões e posicionamentos e também através de seu estilo pessoal, que foge de estereótipos e serve como extensão de sua personalidade.
Recentemente, a cantora introduziu uma nova faceta aos seus looks característicos, surgindo completamente diferente, em versão mais reveladora e ousada, para anunciar o início da divulgação do seu esperado segundo álbum. Mas quais os principais elementos do estilo pessoal de Billie Eilish e o que podemos aprender com ele?
Dona de um visual tão característico quanto sua voz e jeito singular de cantar, dentre suas marcas registradas uma se destaca: os looks oversized, super influenciados por tendências street e por hip hop, referenciando o guarda-roupa de nomes como Missy Elliot na virada do milênio, subvertendo códigos de beleza convencionais e estabelecendo sua própria moda.
A silhueta ampla foi eleita por motivos bem específicos: disfarçar as linhas naturais do corpo, evitando ênfase na sua aparência física e a libertando de julgamentos alheios, com as roupas fazendo as vezes de armadura ou escudo, "já que pessoas não podem opinar sobre o que não estão vendo". Por isso, o ensaio feito para edição de Junho da revista Vogue britânica chamou tanta atenção e causou tamanha comoção, a primeira imagem, divulgada no Instagram de Billie, bateu recordes, registrando mais de 1 milhão de likes em menos de 6 minutos, apresentando uma estética dramaticamente oposta ao seu habitual: De cabelos loiros platinados, impecavelmente maquiada, e styling com temática boudoir à bordo de um corselet Gucci com ar pin up que exibia livremente suas formas, Eilish deu boas vindas à uma nova era, mas isso não significa necessariamente um abandono do estilo anterior, e sim um sinal de evolução, ampliando possibilidades, lapidando e atualizando seu gosto ao momento presente.
O sucesso meteórico de "When we fall asleep, where do we go?", seu álbum de estréia, foi marcado por estética moderna e transgressora, ignorando noções de gêneros- muitos dos seus looks vieram direto de coleções masculinas, customizados especialmente para ela-, os cabelos coloridos - no último ano em cartela de verde e preto-, unhas extra longas pintadas em cores inusitadas ou decoradas, acessórios statement, como chapéus do tipo bucket, cristais, tons contrastantes, com destaque para variações de verde e toques de neon, apelo utilitário e espírito irreverente, uma predileção por estampas de todos os tipos, de logomania, passando por anime, desenhos animados e até grafite.
Iniciando uma relação próxima com grandes marcas de luxo, porém adaptadas ao seu estilo, entre suas colaboradoras frequentes, Burberry, Chanel - ela usou um conjuntinho de tweed em versão utilitária assinado pela maison quando foi indicado ao Oscar- e Gucci, a sua mais recorrente, que além do look de capa do shooting recente, também assinou as produções usadas nas cerimônias do Grammy. Seu papel como figura celebrada no universo da alta moda foi consolidado com o anúncio de que será uma das anfitriãs do MET Gala desse ano, ao lado de Timothee Chalamet, Naomi Osaka e Amanda Gorman. Billie Eilish será a co-host mais jovem da história do baile.
Observando a evolução do estilo pessoal de Billie Eilish, dá para notar que o mais importante para ela é ser fiel à sua identidade e ter liberdade para demonstrar suas vontades e mudanças através das roupas, com menos foco no tipo de peças e mais nas ideias refletidas em suas composições. Afinal, a moda, em sua versão mais sublime, serve como valiosa ferramenta de expressão e forma eficiente de comunicarmos nossas mensagens, servindo como ponte ao mundo externo e da maneira que queremos ser percebidos, por isso mesmo o exemplo de Billie é tão importante: Ao aderir à essa nova proposta polida, sofisticada, bebendo da fonte da moda boudoir, inspirada nas décadas de 40 e 50 e suas pin-ups, ela mais uma vez exerceu sua liberdade tendo coragem de ousar, evitando cair na armadilha comum de se comprometer à uma estética única, que muitas vezes se torna aprisionante.
Seu grito de independência veio através de uma imagem com sex appeal, mais próxima dos ideais de beleza convencionais, mas não menos inspiradora, já que ela representa o fato da cantora ter encontrado sua autoconfiança, permitindo-se descobrir e explorar outras alternativas, podendo transitar livremente e experimentar estilos que lhe despertam curiosidade, sem se restringir ou limitar.
A parte mais importante para cultivar estilo pessoal é aceitar que ele vai mudando junto com você, representando sua essência e composto por recortes de momentos, mosaicos de seus interesses, vontades, gostos e necessidades, temporários como tudo e por isso mesmo, tão fascinantes.