Pode parecer um paradoxo, mas uma das coisas mais importantes que o meu ano sem compras me ensinou foi justamente como comprar de uma forma mais inteligente. Sim, eu tive que passar 366 dias sem comprar uma pecinha sequer pra me tornar uma consumidora melhor. Louco, né?
A verdade é que o mundo leva a gente a consumir. Desde o momento em que a gente acorda até a hora em que vamos dormir, seja pela TV ou através do celular, a gente está constantemente se deparando com estímulos pro consumo. E, com a vida corrida que a gente leva, raramente dá tempo de refletir sobre esses estímulos. O que acaba acontecendo é que a gente cede às tentações e sai comprando sem nem ter certeza se aquilo que estamos levando pra casa faz sentido pra nossa vida.
Mas eu não vim aqui hoje te falar pra não comprar. Muitas vezes comprar é bom e até necessário. O importante é aprender a comprar bem, sabendo que o seu suado dindin tá sendo investido numa coisa que vai te fazer feliz e que você vai usar de verdade.
Então bora ver como que faz isso na prática?
Eu posso afirmar com bastante convicção que você não precisa de uma roupa nova. Não importa a sua idade, profissão ou estado civil. Se você está lendo esse post, eu APOSTO que você tem roupa suficiente pra viver e não ser obrigada a andar pelada por aí.
Então porque que a gente sente tanta vontade de comprar mais e mais? A verdade é que consumir é uma espécie de válvula de escape pra outras coisas na nossa vida. É o tal do “tô super estressada no trabalho, vou me dar um presente.” Ou “meu namorado me deu um pé na bunda, vou comprar isso aqui porque eu mereço.”
E esse talvez tenha sido o meu maior aprendizado do ano sem compras: entender as emoções e impulsos por trás da vontade incontrolável de comprar. Quer um exemplo? TPM. Toda vez que a bendita chegava, a minha mão coçava pra gastar dinheiro. Afinal, aquele mal humor todo tinha que ter uma recompensa, né?
O problema é que quando você compra pelos motivos errados, você tende a também comprar a peça errada, aquela que não vai ser a mais útil ou a que mais combina com você.
Então, se o stress bater ou a TPM tocar a campainha, evite o shopping. Depois você volta em sã consciência pra gastar o seu dindin com peças que realmente vão fazer você se sentir bem com você mesma.
Você é mais clássica ou adora adotar a última tendência do momento? Gosta de looks mais informais ou prefere estar sempre arrumadinha? Curte peças mais amplas ou que mostrem mais o corpo? As respostas a essas perguntas vão te ajudar a saber o que você realmente usa e esse é um passo importantíssimo pra comprar bem.
Uma coisa que me ajudou muito foi ter fotografado meus looks todos os dias por um ano. Nada como ter um catálogo virtual dos nossos looks pra entender de verdade o que a gente usa, né?
Então, se você tiver oportunidade, sugiro fazer a mesma coisa. Antes de sair de casa, tire uma fotinho do look na frente do espelho. Pode ser com o celular mesmo. Depois, salve a foto numa pasta especial no celular ou computador e logo mais você vai ter todo um arquivo das coisas que realmente gosta e usa.
Uma das coisas que aprendi conversando com várias amigas consultoras de estilo é que a gente tem que gastar dinheiro nas coisas que a gente realmente usa. Mas a maior parte das pessoas acaba fazendo o contrário. Pagamos caro em peças para “ocasiões especiais” e ficamos pechinchando em peças que a gente usa todo dia.
A verdade é que essas roupas cotidianas são as que mais precisam de investimento pra que sejam realmente de qualidade, confortável e durem muito tempo, mesmo sendo usadas com frequência.
Por exemplo, se o seu trabalho é mais informal e você usa calça jeans pra cima e pra baixo, vale investir mais grana num bom jeans com caimento perfeito do que em um blazer chique que raramente vai sair do armário.
Entrou ali no Steal the Look Shop e viu uma peça maravilinda? Antes de clicar em comprar, faça o teste dos três looks. Você consegue pensar em pelo menos três looks bem diferentes usando a peça maravilinda em questão com coisas que você já tem no armário?
Se a peça conseguir passar o teste facilmente, significa que ela é versátil o suficiente pra render muitos outros looks, o que acaba aumentando as chances de você usar a bichinha muitas vezes! Aí pode comprar sem culpa porque vale o investimento.
Essa é coisa que eu faço muuuuuito quando tô comprando roupa pela internet! Achou algo que fez o seu coração saltitar de emoção? Calma! Não clica em comprar ainda. Salva a peça no Pinterest. Ou manda o link pro seu email.
O segredo dessa história é evitar comprar no impulso. Salvando a sua peça amada no email ou no Pinterest, você acaba ganhando um tempinho pra baixar a emoção e tomar uma decisão com mais consciência.
Se você acordar dois dias depois ainda sonhando com a bichinha é porque ela realmente é pra ser sua. Aí é só voltar lá e comprar.
Vem comigo que esse tópico tem matemática envolvida.
Maria foi no shopping e comprou uma calça por 100 reais e uma blusinha por 30.
Maria achou que a calça foi meio cara, mas comprou mesmo assim porque curtiu muito e tava realmente precisando de uma calça daquelas. Já a blusinha tava na promoção e ela nem pensou duas vezes porque o precinho tava muito camarada.
No dia seguinte, Maria já tratou logo de usar a calça nova pra trabalhar. Tentou combinar com a blusa, mas, pensando bem, achou que ela era muito ousada pro ambiente de trabalho e acabou usando uma outra.
No mês seguinte Maria se deu conta de que praticamente não tirava mais a calça do corpo de tanto que tinha amado a bichinha. Já a blusa nunca saiu da gaveta.
Pergunta da prova: qual das peças custou mais caro para Maria?
Preciso dizer mais alguma coisa?
Da mesma forma que roupa barata não é necessariamente sinal de uma boa compra, roupa cara também não.
Muitas vezes uma determinada roupa custa caro, não porque ela tem uma qualidade superior, mas porque tem uma marca x ou y na etiqueta.
Por isso, quando você for comprar uma peça mais cara, tenha certeza de que ela realmente vale o que custa. Ela realmente cai bem? O tecido é nobre? O acabamento é bem cuidado? Indo mais a fundo também é legal entender se ela foi produzida de uma maneira sustentável e que respeita as pessoas envolvidas na cadeia de produção.
Sabe quando você tá comprando uma peça e sente um tiquinho de culpa antes mesmo de passar o cartão? Isso acontece porque, no fundo, no fundo, você sabe que aquela não é uma boa compra.
Se você tá questionando a sua compra antes mesmo de pagar por ela é sinal de que você não vai realmente usar aquilo ou você não deveria estar gastando aquele dindin.
Então, aprenda a ouvir a sua pulga atrás da orelha. Ela vai te ajudar a agir com mais consciência e evitar aquele remorso chato depois.
Agora, se a pulga tá de bem com a sua compra, então pode ir em frente!
Viu como ficar um ano sem comprar ensina a gente a comprar melhor?
Espero que você tenha gostado das dicas e que elas sejam úteis pra te ajudar a realmente amar e usar o que você leva pra casa.