Como a acne e rosácea afetaram minha autoestima

por Giulia Coronato

Estou prestes a completar 26 anos de idade e, pela primeira vez desde que consigo me lembrar, estou em paz com a minha pele. Desde que entrei na adolescência e a puberdade começou a se manifestar, por volta dos 11/12 anos, comecei a ter espinhas. Até os 22 anos, isso foi uma grande questão para mim. Além das espinhas hormonais, comuns na adolescência e no início da vida adulta, descobri que também tinha rosácea. Foi aí que o problema de fato começou, com acne e rosácea.

Para quem não sabe, a rosácea é uma doença crônica de pele, cujo sintoma principal e mais comum é a vermelhidão intensa do rosto e pequenas feridas, semelhantes a espinhas. O diagnóstico não é dos mais fáceis e, muitas vezes, pode ser confundido com acne. Eu, por exemplo, já fiz diversos tratamentos para acne até descobrir que tinha rosácea, e não adianta: se o tratamento não for certeiro, você não verá melhora. Por esse motivo, passei anos usando produtos adstringentes focados em diminuir a oleosidade e controlar espinhas, que eram mais agressivos e pioraram MUITO a minha rosácea. Assim, entrei em um ciclo vicioso e não via uma saída, ou sequer uma melhora.

Minha pele era cheia de texturas, poros aparentes, feridas avermelhadas e pus. Quando estava em momentos de crise da rosácea ou perto do início do meu ciclo menstrual, tudo piorava. Eu me sentia extremamente envergonhada e até com nojo do meu próprio rosto. Evitava o espelho, usava camadas e mais camadas de maquiagem - o que também agravava a saúde da minha cútis - e comecei a não querer sair de casa.

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)


A exposição se tornou muito difícil. Eu odiava ter compromissos durante o dia, festas, churrascos e almoços, pois sabia que seria mais difícil esconder minha pele, ao contrário de uma balada à noite. Agora, vocês devem estar se perguntando: por que eu não fui atrás de tratamento? Eu fui! Devo ter consultado mais de 20 dermatologistas ao longo da minha adolescência e recebi muitos diagnósticos errados. Todos os médicos me diziam que a única solução possível era o Roacutan, mas meus pais tinham medo de eu tomar um remédio tão forte, principalmente pelo risco de desencadear problemas psicológicos, como ansiedade e depressão, com os quais eu já tinha lidado algumas vezes quando criança.

Além disso, há 10 ou 15 anos, não falávamos sobre skincare e cuidados com a pele como falamos hoje. Pensar em produtos e em uma rotina de cuidados era algo extremamente distante da minha realidade e extremamente caro! Hoje, temos um acesso à informação que a Giulia adolescente não tinha. Eu literalmente pensava que teria que viver assim pelo resto da vida.

Desde essa época meu maior sonho estético era ter uma pele de seda. Lembro de olhar minhas fotos de criança e desejar com todas as forças que eu voltasse a ter aquela pele lisinha e homogênea. Foi também por volta dessa época que surgiu o Instagram e, por mais inofensivo você acredite que ele seja, o uso desenfreado da plataforma e de outras mídias sociais na adolescência impactou muito minha autoestima.

 

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)

Eventualmente, depois que entrei no Steal The Look e comecei a conhecer mais sobre o mundo da beleza e do skincare, encontrei um dermatologista que me ouviu, entendeu minhas dores e meus problemas, e me prescreveu um tratamento certeiro, que me fez alcançar a pele que tanto amo e cuido hoje.

Por incrível que pareça, depois de quase uma década de luta interna, não foi um dermatologista que me fez amar minha pele, e sim minha psicóloga. Em uma de minhas valiosas sessões, onde eu falava sobre o quanto minha autoconfiança era impactada pela aparência da minha pele e o quanto eu estava cansada de correr em círculos fazendo tratamentos infinitos que nunca resultavam em uma pele perfeita, ela me perguntou: "Você já viu uma pele perfeita fora das redes sociais?" E foi como se uma chave tivesse virado na minha cabeça. É claro que eu nunca tinha visto uma pele perfeita fora das redes sociais, simplesmente pelo fato de que ela não existia.

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)

É por isso que citei o Instagram lá em cima. Tendências de beleza, como a k-beauty ou as selfies impecáveis postadas pela Hailey Bieber, rapidamente se tornaram padrões estéticos e, como todos os padrões, inspiram um ciclo vicioso de obsessão que vem com a cobiça do inatingível. Eu cedi e passei anos obcecada com a ideia de acabar com minha pele imperfeita, lamentando o fato de ter uma pele sensível e texturizada, que constantemente passava por um breakout.

É claro que não estou dizendo que você não deve cuidar de sua pele. Se você tem uma doença ou uma condição, como acne e rosácea, como eu tenho, usar os produtos certos e ter cuidados especiais é uma questão de saúde. Mas acredite, ter uma pele imperfeita é uma coisa boa! Por quê? Porque todas essas características que nos incomodam tanto e que vemos como um obstáculo para a pele perfeita, na verdade, estão lá para nos proteger.

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)

Como os poros! Os poros são canais de saída para o sebo e o suor, e, acredite em mim, você não iria querer que seus poros desaparecessem. E até as espinhas! Sim, as espinhas são as porta-vozes do nosso corpo, e o aparecimento delas pode servir de alerta para você compreender que algo não está indo tão bem como o planejado. Por exemplo, se começaram a aparecer espinhas na sua mandíbula e na linha do queixo, é hora de dar uma boa olhada em seus hormônios. Espinhas combinadas com cravos? Talvez sua rotina de skincare não esteja alinhada com o seu tipo de pele. Bochechas inflamadas? Seu corpo pode estar implorando por uma alimentação mais saudável. Claro que ninguém gosta de ter espinhas e, se eu pudesse, escolheria nunca mais ter uma, mas elas podem estar compartilhando informações importantes sobre seu organismo!

Hoje, prestes a completar 26 anos, tenho uma pele bonita e saudável. Ainda lido com acne e rosácea, mas, mais importante que isso, estou feliz com a minha aparência - não porque ela é perfeita, mas porque aprendi a respeitar as imperfeições e entender que elas também têm o seu propósito.

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