Como a prática de exercício físico mudou a minha vida, uma reflexão sincera e sem filtro

por Giulia Coronato

Eu nunca fui a pessoa do exercício físico, talvez por nunca ter sido acima do peso, nunca senti necessidade de praticar algum esporte ou me exercitar, porque na minha cabeça a prática de exercício físico era somente ligada à estética. É claro que eu sempre soube dos malefícios de ser uma pessoa sedentária, mas na minha ingênua mente, por ser magra eu não precisava me preocupar com isso. 

Foi somente no auge dos meus 20 anos, quando entramos em uma pandemia mundial que eu comecei a praticar exercícios, de início foi uma válvula de escape e uma forma de cuidar do meu corpo, já que estava 100% do tempo em casa e comendo mais besteiras do que nunca. Não pense que já comecei com uma super rotina regrada e uma prática de exercício físico intensa, muito pelo contrário! De início, usava a pequena sala do meu apartamento na Zona Norte de São Paulo para fazer uma prática de 30 minutos de funcional, tentava fazer todos os dias e sempre até o final, por mais exausta que eu terminasse. 

Em poucos meses, poucas semanas na verdade, eu já senti uma diferença absurda no meu corpo, mas principalmente na minha saúde mental. Enquanto via pessoas em volta de mim super deprimidas, angustiadas e infelizes, eu parecia estar bem. É claro que os sentimentos ruins apareciam vez ou outra, mas eles se tornaram cada vez mais raro. 

Giulia Coronato - prática de exercício físico - prática de exercício físico - Inverno - Street Style - https://stealthelook.com.br
Foto: Giulia Coronato (Reprodução)


Quando voltei a morar no interior, no meio de 2020, a prática de exercício físico deixou de ser um hábito e uma obrigação no meu cotidiano, e se tornou um dos grandes prazeres da minha vida pandêmica. Quanto mais progresso eu via, no meu corpo, no meu condicionamento físico e na minha saúde, mais eu queria progredir. Comecei a praticar diversos exercícios, me encontrei em esportes que nunca imaginei que iria gostar. 

A prática de exercício físico e minha paixão pela atividade física em geral, impulsionou uma mudança de hábitos em toda a minha vida, comecei a me consultar com uma nutricionista, mudei completamente minha alimentação - que era péssima no passado - para dar tempo de fazer tudo o que eu queria, tive que começar a acordar mais cedo, diminui meu consumo de bebida alcoólica, porque vi o quanto atrasava meu progresso e muitos outros pequenos hábitos, que de início pareciam insignificante, mas no conjunto, me transformaram numa pessoa totalmente diferente.

As pessoas que passaram meses sem me ver, se espantavam com o tamanho da mudança, com o quanto eu tinha me tornado uma versão melhor de mim mesma, mais saudável, mais feliz e mais satisfeita com quem eu era. Mas a grande mudança, não ocorreu no plano físico, e sim no mental. Eu que sempre sofri com baixa autoestima e uma falta de amor próprio gigantesca, comecei a fazer algo só por mim, pelo meu benefício próprio e isso virou uma chavinha imensurável. Cuidar de mim mesma, do meu corpo e da minha mente, fizeram com que eu me respeitasse mais, ver o quão forte e o quão resistente eu era, só me fizeram acreditar mais no meu potencial. 

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução)

Mas, o que ninguém te conta sobre uma nova paixão, é o perigo da obsessão, e o quão tênue é a linha do motivada com o bitolada, principalmente quando estamos falando da prática de exercício físico. Depois de um ano dessa nova Giulia em ação, comecei a ver os primeiros sinais de que talvez eu estivesse deixando de ser focada para se tornar completamente bitolada. Minha cobrança interna se tornou tão grande que eu não suportava o fato de faltar na academia um dia, ou passava o dia inteiro me sentindo péssima se tivesse comido um doce, ou um pão. Comecei a inventar desculpas para não ir na casa de amigos, porque não queria jantar fora de casa ou beber algumas taças de vinho. 

E foi ai que mais uma vez eu percebi a importância da terapia e do acompanhamento psicológico, foi somente externalizando esses sentimentos e pedindo ajuda que consegui ir me afastando, aos poucos, do comportamento obsessivo e voltando para um lugar mais ligado ao amor próprio, e não à cobrança. 

o quão tênue é a linha do motivada com o bitolada, principalmente quando estamos falando de exercício físico.

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução)

Hoje, ainda tenho picos altos e baixos, mantenho uma rotina saudável, ativa e consigo enxergar claramente o quanto a prática de exercício físico não só começou uma nova fase para mim, como moldou tudo à minha volta, minha autoestima e meu senso de autocuidado. Mas vez ou outra, ainda caio na armadilha de achar que estou comendo demais, treinando de menos, engordando, emagrecendo e todas as outras preocupações que meu cérebro me permite acreditar.

O que essa situação me ensinou e continua me ensinando diariamente, é que tudo na vida precisa ser feito na medida do equilíbrio, mesmo quando é um hábito super saudável, como as atividades físicas são. Um fator desequilibrado, desequilibra todo o resto, e como já diria minha mãe: "tudo em exagero, faz mal."

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