Como Hollywood repudia a feminilidade e demoniza estereótipos femininos?

por Giulia Coronato

Se pararmos para pensar e olhar um pouco para o passado e a forma como a mulher sempre foi representada no cinema e na televisão, veremos um padrão um tanto quanto decepcionante e cercado de estereótipos femininos. Principalmente quando falamos de símbolos e mulheres ultra-femininas. 

Símbolos e características “femininas” podem ser definidas como qualidades, atributos e aspectos próprios e exclusivos das mulheres, logo, quando falamos de algo ultra-feminino estamos falando do extremo disso. Não há conotação positiva ou negativa nisso, é somente uma característica, mas, desde que mulheres começaram a ser representadas em produções cinematográficas, o ultra-feminino virou algo péssimo de ser associado.

Em filmes que exibem mulheres ultra femininas, elas geralmente podem ser categorizadas em três estereótipos femininos: a demoníaca decidida a arruinar a vida dos homens, como em Garota Infernal (2009); a garota má e egoísta que só pensa em si mesmo, como Regina George a Sharpay Evans; e a cabeça de vento, desprovida de qualquer inteligência e raciocínio lógico, como Marilyn Monroe na grande maioria de seus filmes. Em contrapartida, sempre há a personagem feminina usada para enfatizar a figura “moleca” muito mais identificável e cobiçada, que não usa rosa, odeia brilho e é “diferente das outras garotas”. Dando a entender que ser diferente das outras mulheres e estar o mais longe possível de símbolos ultra-femininos, fosse algo a ser celebrado. 

It girls - esteriótipos femininos, meninas malvadas, ultra feminino  - esteriótipos femininos - Inverno - Street Style  - https://stealthelook.com.br
Foto: Meninas Malvadas (Reprodução)


Nas últimas décadas, a maioria das mulheres representadas como progressistas, poderosas e inteligentes no cinema, eram masculinizadas, possuíam um estilo tomboy, não se preocupavam com a própria aparência, queriam distância do ultra feminino e sempre faziam parte do grupo dos caras. O que isso dá a entender? Que para ganhar respeito e ser tratada como igual, as mulheres tinham que “não ser como as outras meninas” e se assemelharem aos homens.

A feminilidade virou sinônimo de maldade e de burrice com a criação de personagens superficiais, que não demostravam ou representavam a real complexidade do que significa ser uma mulher. Ser bonita, interessada em sua própria aparência ou amar a cor rosa viraram indicadores negativos, as garotas ultra femininas precisam ser rudes ou burras ou, no mínimo, passar por uma transformação para merecer o respeito do público. 

It girls - esteriótipos femininos, margot robbie, barbie, ultra feminino - esteriótipos femininos - Inverno - Street Style  - https://stealthelook.com.br
Foto: Margot Robbie (Reprodução)

Mas, nas últimas semanas, algo mudou coletivamente. E devemos isso a Greta Gerwig e ao filme da Barbie. Mulheres saíram da sessão completamente apaixonadas pelo simples fato de serem uma mulher, querendo abraçar suas mães e amigas, e o melhor, celebrando tudo o que as faz ultra femininas. Mas é claro que o excesso de rosa e de símbolos ultra femininos poderia irritar muitas pessoas.

Alguns homens - e mulheres! - saíram da sessão horrorizados com o que tinham visto e extremamente nervosos com a representação de um mundo cor-de-rosa onde mulheres ultra femininas estavam em posições de poder e tomavam as decisões. E por quê? Porque o patriarcado e a misoginia ensinou a todo mundo - independente do gênero ou orientação sexual - que ser mulher e usar cor de rosa significa ser ignorante ou maldosa. 

Leia mais: À moda barbie: tudo sobre o figurino do filme

It girls - esteriótipos femininos, sharpay evans, high school musical, ultra feminino - esteriótipos femininos - Inverno - Street Style  - https://stealthelook.com.br
Foto: Ashley Tisdale (Reprodução)

É claro que cada mulher possui um estilo diferente e não são todas que querem usar rosa, brilho ou outros símbolos ultra femininos, mas aquelas que querem devem ter o direito de usar sem ter sua integridade e inteligência questionada. Devemos aproveitar a onda de discussões em torno do longa de Greta Gerwig para finalmente pôr um ponto final nessa visão negativa e superficial que mulheres ultra femininas receberam da mídia durante toda a vida. 

It girls - esteriótipos femininos, miss simpatia, ultra feminino - esteriótipos femininos - Inverno - Street Style  - https://stealthelook.com.br
Foto: Miss Simpatia (Reprodução)

E não queremos que todo mundo vire adepta do Barbiecore e saia por aí de rosa dos pés à cabeça. O que queremos é que as mulheres entendam que está tudo bem ser ultra feminina, não há nada de errado com isso. Gostar de rosa não é uma fraqueza e não faz você parecer burra. Você pode ser presidente de um país, CEO de uma multinacional ou até uma engenheira civil e ainda assim se vestir da forma mais feminina possível, uma coisa não tem nada a ver com a outra.

E se você é uma mulher que não gosta dessas coisas, tudo bem também. Mulheres devem se sentir livres para gostar do que quiserem e viverem sua própria verdade, sem serem julgadas ou ridicularizadas por isso. A feminilidade é o que você faz dela, ela está em todas nós e devemos celebrá-las. Sempre.

Você também vai gostar

Utilizamos cookies de estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. saiba mais em nossa política de privacidade.

Utilizamos cookies de estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. saiba mais em nossa política de privacidade.

concordar e continuar