Como minha falta de amor próprio afetou todas as áreas da minha vida e como lutar contra isso

por Giulia Coronato

Começo esse texto dizendo que eu nunca me considerei uma pessoa com baixa autoestima e com falta de amor próprio, de verdade. Eu me achava bonita na maior parte do tempo e na minha cabeça sempre me considerei fora da curva quando o assunto era gostar de si mesmo, pois sabemos que infelizmente para a maioria das mulheres, gostar de si parece ser uma realidade distante. É claro que minha autoestima nunca foi algo constante e assim como a de todo mundo, ela tinha seus dias bons e seus dias ruins, mas no geral, eu nunca encarei autoestima como um problema e na minha cabeça tudo estava em ordem nesse aspecto da minha vida. 

Foi só recentemente, em uma conversa com minhas melhores amigas, que depois acabou virando tópico principal nas minhas consultas com minha psicóloga que descobri a diferença entre autoestima e amor próprio e descobri que 99% dos meus problemas e dos meus comportamentos viciosos partiam da minha falta de amor próprio e minha autoestima, que eu julguei ser suficiente, era na verdade só mais uma forma de autosabotagem. Enquanto o amor próprio fala de um sentimento legítimo de amor e apreciação por você mesmo, com muito respeito e se colocando sempre em primeiro lugar, a autoestima está mais ligada ao fato de se avaliar positivamente e eu estava constantemente me colocando em análise. 

Durante 22 anos da minha vida, eu acreditei que minha "autoestima" era o suficiente, quando na verdade ela era falta de amor próprio disfarçada de um falso senso de autoestima. Pois todas as vezes que eu me avaliava e me comparava com os outros, eu chegava a conclusão de que a única coisa que tinha a oferecer era minha aparência e isso passa longe de ser autoestima ou amor próprio.

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Como eu disse, foi só recentemente, depois de muita conversa, que descobri que na verdade os sentimentos que eu tinha por mim mesma eram extremamente negativos. E foi um baita banho de água fria. Vi que minha falta de amor próprio refletia constantemente em TODAS as áreas da minha vida e não só na minha autoestima. Quando não temos um sentimento genuíno de amor por nós mesmos, nós aceitamos qualquer coisa e principalmente, qualquer tratamento vindo dos outros, porque não temos a menor ideia ou dimensão do nosso real valor. E se não aprendermos a nos amar, estaremos nos colocando em situações negativas e autodestrutivas durante toda nossa vida.

Desde o início da minha vida profissional, eu me vi constantemente em situações de abusos psicológicos e emocionais dentro de empresas que já trabalhei, claro que não estou dizendo que a culpa dos abusos foi minha ou que minha falta de amor próprio justifica ou justificou naquele momento os abusos que sofri. Mas hoje, depois de muito me auto analisar e olhar para trás, eu vejo que me coloquei sempre em segundo plano, colocando as necessidades de uma pessoa e de uma empresa antes de mim. Porque eu passei todos esses anos abaixando a cabeça e deixando minhas exigências e necessidades de lado, enquanto "servia" à alguem.

Nos meus relacionamentos não era diferente e não me recordo de uma vez sequer, onde não deixei as necessidades e as exigências dos outros me atropelarem e me dominarem enquanto eu estava totalmente infeliz dentro da relação. O medo de me impor, de exigir e de falar o que eu queria sempre esteve presente e por quê? Porque eu tinha medo da pessoa dar para trás e eu acabar sozinha e na minha cabeça estar sozinha era insuportável, já que eu nunca me amei de verdade e nunca cheguei a apreciar minha própria companhia. A realidade é que nós ensinamos os outros como nos amar e como nos tratar e quando não temos a menor ideia de como fazer nada disso, como vamos saber o que esperar do outro?

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Não se amar, é falhar consigo mesma e sim, eu ainda tenho um longo caminho a percorrer em sentido ao amor próprio. Se amar é um desafio e é trabalhoso, não existe uma pílula mágica do amor próprio e definitivamente não é do dia para noite que nos sentimos suficientes, completos e reconhecemos nosso próprio valor. Eu estou há 22 anos nessa caminhada e não estou nem perto da linha de chegada, mas aprendi a ser mais gentil comigo mesma, a não aceitar qualquer migalha, a me impor, me elogiar, me presentear, me respeitar e acima de tudo, entender que tudo bem estar sozinha, que nós bastamos por nós. E isso já é um baita começo, reconhecer que temos que melhorar e direcionar todo o potencial que temos de amar alguém, para nós mesmos. Acredite, o seu relacionamento com você tem que vir antes de tudo e de todos, porque no final do dia nós somos tudo o que temos. 

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