Entre tantos -cores, micro tendências e peças virais, ganha cada vez mais força o desejo de definir o próprio estilo. Afinal, quem nunca ficou confuso ao se deparar com a infinidade de opções disponíveis? Não é à toa que práticas como uniform dressing, armário cápsula e tutoriais para identificar a própria estética vêm se tornando tão populares.
Para alguns, é natural e funciona, para outros, a ansiedade por determinar logo pode ter impacto negativo. A busca por simplificar algo singular e complexo como o estilo pessoal, corre o risco de colocar o jeito que nos vestimos em modo automático, indo de ferramenta de auto expressão para uma forma diferente de limitação. A seguir, a gente investiga melhor o assunto e questiona se definir o estilo é fundamental ou superestimado.
Existe bastante dúvida sobre a diferença entre tendência e estilo. Enquanto um fala sobre o mundo exterior e reflete o contexto de cada momento, o outro fala sobre o indivíduo e seu universo particular.
Quando percebemos o poder das roupas de transformar a maneira que nos enxergamos e como somos vistos, e até de manifestar a pessoa que queremos nos tornar, fica ainda mais desafiador chegar a um veredito. E será que a gente precisa? Carrie Bradshaw, até hoje um dos maiores fashion icons da ficção, é dona de um estilo de versatilidade invejável: não tem cor, estampa ou silhueta que ela não experimente. Infelizmente, o talento apreciado na personagem não encontra o mesmo entusiasmo na vida real, onde sair da repetição e testar novas versões pode ser visto com olhar acusatório.
Em 2021, Billie Eilish foi capa da Vogue Britânica exibindo um look pin-up distante da sua estética oversized usual e a “mudança” incomodou por fugir da imagem normalmente cultivada por ela. Recentemente, Kylie Jenner, famosa pelos catsuits e peças ultra justas, vem surgindo com looks bem mais delicados e femininos e também despertando reações polarizantes.
O método para escolher o look do dia pode ser baseado no seu humor ou mood atual, ambos em constante mudança. Ter fases mega coloridas e outras de pureza monocromática. Momentos de misturar estampas versus semanas que corre de qualquer padronagem. Às vezes esquecemos que a jornada de autoconhecimento não segue moldes específicos e nem sempre é linear. Tudo bem se você é a maior fã do jeans skinny e agora ficou com vontade de experimentar um modelo wide leg, é ok transitar entre os dois estilos, a proposta é agregar ao invés de excluir. É saudável e bem mais divertido testar, mudar de ideia e se aventurar entre estilos variados, sem julgamentos.
O filme live action da Barbie protagonizado por Margot Robbie é um dos mais aguardados do ano e resultou na tendência barbiecore, inspirada no visual do brinquedo icônico. Que tal se inspirar na boneca mais famosa do mundo em outro quesito? Se por um lado, ela recebe críticas justificadas por promover ideais de beleza absurdos, ela também ensina uma lição valiosa: a habilidade de se reinventar e ser multifacetada - ao longo de décadas, já teve todas as profissões e todas as estéticas imagináveis.
Seja um pouco Barbie e abrace todas suas versões seja quais forem, permitindo-se ser várias para ser cada vez mais você. Ser múltipla e ter a característica refletida na maneira de vestir não é sinônimo de crise de identidade, pode inclusive ser um ponto forte a explorar, lembrando que a graça da vida é se divertir com as possibilidades. Quando Walt Whitman escreveu "eu sou enorme, contenho multidões", ele bem que poderia estar se referindo a estilo pessoal.