Conheça a dupla de brasileiros que cobre as semanas de moda internacionais
Todo mundo que sonha em trabalhar com moda já se imaginou um dia cobrindo as semanas de moda internacionais. O que parece ser o auge do glamour é, na verdade, um trabalho duro que exige muitas entregas, prazos curtos, inúmeros voos e poucas horas de sono. Mas nem de longe isso soa como reclamação! Bom, pelo menos não para a dupla da A Lot Of Trouble, a stylist Nancy Garcez e o fotógrafo Pedro Bert.
O duo brasileiro construiu uma carreira no exterior viajando o mundo para cobrir as principais semanas de moda internacionais. Com residência fixa em Londres, o casal é presença garantida nas fashion weeks clicando os melhores momentos das passarelas, do backstage e até mesmo os famosos looks de street style. Abaixo, a nossa editora de moda Ali Santos bateu um papo com os fundadores da ALOT, que nos falaram sobre os prazeres e desafios de trabalhar com moda fora do país.
_ como nasceu a ALOT?
A ALOT surge em 2017, a partir de um desejo que tínhamos há alguns anos de trabalhar juntos. É a união das nossas formações em um projeto que envolve imagem e conteúdo de moda. Na época, estávamos em um momento de muitas mudanças e sentíamos a necessidade de ter onde canalizar nossas energias.
_ quem está por trás da empresa e quem faz o quê?
Somos uma dupla. De um lado, Nancy Garcez, stylist e produtora de moda, com formação em fashion design. Do outro lado, Pedro Bert, publicitário e fotógrafo. Hoje, todo planejamento, produção e desenvolvimento de conteúdo é trabalhado em conjunto e eu, Nancy, em geral, lido mais com o relacionamento com clientes e cuido das nossas redes sociais, enquanto a fotografia fica totalmente a cargo do Pedro. Mas, estamos constantemente debatendo sobre tudo.
_ morar em Londres facilita o deslocamento para cobrir diversas fashion weeks? como chegaram a essa decisão de empreender fora do Brasil?
Sim, viver em Londres facilita muito pelo fácil acesso a voos para diferentes partes do mundo. A decisão de morar fora partiu de um projeto de vida de ambos em busca de uma diferente perspectiva profissional e pessoal, e empreender acabou por se tornar o caminho natural como meio de inserção no mercado. Mas penso que é até mais do que isso, empreender sempre com foco no nosso trabalho como forma de expressão.
_ o que vocês mais gostam de fazer quando estão trabalhando em uma semana de moda? bastidores, desfiles em si ou street style?
Estar em uma fashion week pra gente é sempre gratificante. Gostamos de estar na atmosfera dos eventos, em contato com outros profissionais. E estar nos bastidores é sempre mais interessante pela experiência de vivenciar de dentro os minutos finais pré show, além de gerar um conteúdo de certa forma exclusivo, o que nos ajuda também a estreitar relação com marcas e o mercado de moda. Mas, amamos a rua também, onde temos a liberdade de mostrar o que estamos vendo de forma mais orgânica.
_ se fala muito em glamour durante as semanas de moda, mas como é um dia a dia comum cobrindo uma fashion week?
O glamour fica por conta de estarmos falando de moda, porque a verdade por trás é de um trabalho duro, poucas horas de sono, dias corridos, entregas, viagens. Mas, apesar de tudo isso, nós amamos o que fazemos, os processos e o resultado. Já estamos há quase um ano sem poder estar, presencialmente, em uma fashion week e sentimos muita falta.
_ qual é a semana de moda favorita da ALOT e por quê?
Cada uma das semanas de moda internacionais têm suas particularidades, mas é unanimidade entre nós que as semanas de Paris são sempre as que mais nos interessam. É uma cidade que entende o que é fazer moda, a maioria das marcas mais importantes desfilam lá. Além disso, Paris tem um charme incontestável, cores, arquitetura, cafés, arte, nos sentimos inspirados em trabalhar na capital francesa. A melhor luz para fotografia, na nossa opinião.
_ qual fashion week mais surpreendeu vocês até hoje e por quê?
Para quem gosta de estar atento às novidades no que diz respeito à moda, Londres é o lugar. Uma cidade muito criativa, com muitos artistas e designers emergentes. Também podemos citar Copenhagen! Já estivemos em algumas semanas de moda na cidade e eles são muito organizados, interessados em fazer diferente em diversos aspectos, discutem muito sustentabilidade. E lá, na capital dinamarquesa, sempre temos a possibilidade de estar muito mais próximos de tudo que acontece durante os eventos, com certeza os jovens que mais nos chamam atenção em estilo.
É preciso persistência, foco e estar em constante evolução.
_ na opinião da ALOT, o que é preciso para trabalhar com moda fora do país? nos deem dicas!
Coragem. A verdade é que nesse caso não vemos diferença entre estar fora ou dentro do país, a busca em se inserir no mercado da moda e criar relações é sempre um desafio. É preciso persistência, foco e estar em constante evolução. Procure estar preparado, estude, as chances aparecem e você precisa ter o que dizer com o seu trabalho. Esse, aliás, é para nós um lema fundamental. Por último, não agarre todas as possibilidades que aparecem, tente entender onde você quer chegar e quais são as oportunidades que te levarão até lá.
_ como a ALOT está se adaptando ao cenário do mercado de moda durante e pós pandemia?
Costumávamos trabalhar com planos a longo e médio prazo, tratando de calendário de moda, e essa foi uma das grandes mudanças para nós. Sabíamos boa parte do que faríamos no semestre seguinte. Agora vivemos muito mais um dia após o outro, com planejamentos curtos dentro do que o mercado, no momento mais restrito, nos apresenta. Em questão de shootings, assim como para todos, aprender a trabalhar com restrições e ter a compreensão que entender um pouco de tudo é um grande trunfo.
_ pandemia e semanas de moda. quais são as principais mudanças hoje e o que vocês apostam que mudará pra sempre?
São inúmeras as mudanças desde que entramos nesse momento de pandemia. O mercado de moda viu na impossibilidade de apresentar suas coleções de forma presencial, uma oportunidade de se reinventar, redescobrir, de dialogar. Um exemplo é o caso da Prada que, além de trazer Raf Simons e assinar as coleções a quatro mãos, criou um vínculo com o consumidor de moda debatendo sobre os processos de criação. Outra marcas como a Gucci também se movimentaram, a marca italiana fez a série “Ouverture Of Something That Never Ended”; Saint Laurent, um filme dirigido pelo diretor Gaspar Noé; e não se pode esquecer de tudo o que Maria Grazia Chiuri tem feito à frente da Dior.
Obviamente existem cases como a Bottega Veneta, que ainda se discute muito, e são discussões válidas. Mas, nós preferimos observar com bons olhos, acreditamos e somos adeptos de mudanças. Afinal, inúmeras portas se abrem! Em resumo: tudo estará sempre em mudança, mas nada mudará para sempre em definitivo.
O mercado de moda viu na impossibilidade de apresentar suas coleções de forma presencial, uma oportunidade de se reinventar, redescobrir, de dialogar.
_ por fim, qual é o roteiro indispensável para se aproveitar uma semana de moda internacional?
Buscar se manter saudável. Para nós, isso é indispensável, ou seja, comer bem, saber ter um momento ao final de cada dia para relaxar e lembrar que você está em uma cidade incrível. Estamos sempre em movimento durante uma semana de moda, cruzamos as cidades muitas vezes e mais de uma vez durante um mesmo dia - especialmente em lugares como Nova York, que é muito agitada e acaba jogando a adrenalina lá em cima.
A moda depende do olhar e da forma como interpretamos as coisas, então vá a galerias, museus, livrarias, cafés e até mesmo à vida noturna, se tiver energia. Tudo é válido. Se for acompanhar à distância, busque o calendário e assista de tudo um pouco, tenha boas fontes para ter opiniões relevantes e, claro, acesse o Steal The Look.
Quer saber mais e acompanhar a dupla pelas próximas semanas de moda internacionais? Corre no perfil do Instagram para acompanhar tudo em tempo real.