Tiago Iorc, cantor, compositor e músico brasileiro, inicia 2025 expandindo seus horizontes musicais com o lançamento de seu primeiro álbum com versões em espanhol de algumas de suas canções. Representado no Brasil pela Som Livre, em parceria com a Sony Music US Latin e o selo 5020, o projeto marca uma nova fase na carreira do artista. A primeira faixa divulgada, “Quédate Otra Vez”, estreou nas plataformas digitais na última quinta-feira, 23 de janeiro, e traz a colaboração de Kany García, cantora porto-riquenha vencedora de sete Latin GRAMMY®.
A música é uma versão em espanhol do sucesso “Amei Te Ver” e promete conquistar o público latino-americano ao unir a sensibilidade musical de Tiago Iorc com a voz potente de Kany García. A reinterpretação confere um novo tom e vitalidade à canção, lançada há dez anos e indicada ao Latin GRAMMY® 2016 na categoria de Melhor Canção em Língua Portuguesa.
Na entrevista a seguir, Tiago Iorc compartilha detalhes sobre o desafio de adaptar sua canção para um novo idioma, a experiência de trabalhar ao lado de Kany García e o impacto dessa colaboração em sua trajetória musical. Continue lendo:
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Como foi a adaptação de uma canção que você escreveu em português para outro idioma?
T.I.: Cada idioma tem sua particularidade, porque vai além das palavras, é muito sobre expressão. O Rio Grande do Sul por si só já tem uma expressão própria dentro do português, então, imagina isso em outro idioma. Tentar encontrar, em outra língua, o sentimento que nasceu no português tem sido uma experiência incrível, uma verdadeira redescoberta para mim.
Além disso, trabalhar com pessoas muito queridas, como um produtor da Colômbia, Richi López e a cantora Kany, que me ajudou na tradução da letra para o espanhol, tornou tudo ainda mais especial. A expressão “Amei te ver”' que é tão da nossa cultura, não tem a mesma carga emocional quando traduzida literalmente para o espanhol. Então, a Kany sugeriu outras formas de transmitir esse sentimento, e essa busca tem sido uma experiência deliciosa. Cantar em espanhol, um idioma novo para mim, desperta uma memória afetiva, especialmente por ter crescido em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, onde a proximidade com Argentina e Uruguai faz do espanhol uma presença natural na nossa cultura. Apesar dessa familiaridade, o idioma ainda é um desafio, e para aprimorá-lo, tenho feito aulas e passado mais tempo em Miami, que é imerso na cultura latina. Essa troca tem sido valiosa e me proporcionado um momento bem bonito de aprendizagem.
Como está sendo para explorar essas diversas versões do espanhol, considerando que o produtor é colombiano e a cantora é porto-riquenha?
T.I.: O que eu descobri é que a Colômbia é um universo mais neutro dentro do idioma espanhol. Todo mundo entende a Colômbia, mas nem todo mundo entende a Argentina, por exemplo. O produtor colombiano está me ajudando a entender como se fala em outros países. Ele me ajuda muito com a questão da entonação, do sotaque, e às vezes até me incentiva a manter meu sotaque brasileiro, o que acho especial.
Você já fez várias colaborações com diferentes performers. Como essas colaborações enriquecem teu trabalho na composição e performance?
T.I: Eu sinto que a vida só faz sentido dentro da troca. Vivi muito tempo sozinho, e a solitude é importante, mas a maior aprendizagem está na troca. Essa expansão para o universo latino tem sido muito inspiradora e enriquecedora, e me faz valorizar ainda mais o Brasil. Estando fora, acabo me sentindo ainda mais brasileiro.
Quais são as tuas referências musicais dentro da música latina agora que você está entrando nessa nova fase da sua carreira?
T.I.: Além dos clássicos que invadiram o universo brasileiro quando eu era criança, como Julio Iglesias, o que me iniciou nesse mergulho latino foi o Jorge Drexler, um uruguaio que mora em Madrid há anos. Ele é uma síntese bonita da riqueza latina. No México, gosto muito da Silvana Estrada, em Porto Rico da Kany García, e na Argentina, do Ca7riel & Paco Amoroso, que estouraram recentemente.
E como foi a parceria com a Kany García?
T.I.: Eu conheci a Kany há anos, em um festival onde ambos estávamos nos apresentando e, até então, não conhecia seu trabalho. No momento em que ouvi suas primeiras músicas, senti uma conexão imediata, quase espiritual, como se fosse algo de outro plano. A voz e a expressão dela me fizeram ter certeza de que queria colaborar com ela, ou pelo menos estar próximo. Quando surgiu a oportunidade desse projeto, ela foi a primeira pessoa em quem pensei, e fiquei muito feliz por ela ter aceitado o convite.