De uma coisa nós temos absoluta certeza: os meses isolados dentro de casa com certeza serão refletidos (e já estão sendo) por muitos anos ainda, seja em nossa maneira de se comportar, de comprar ou se vestir. A moda foi uma das primeiras a perceber uma onda de mudanças chegando logo no começo da pandemia e, mesmo em um ano tão difícil como foi em 2020, podemos dizer que essa transformação veio para um lado positivo no futuro. Assim como diversas tendências passageiras das temporadas, outras acabam surgindo com o propósito de se tornarem atemporais e para além dos nossos guarda roupas, como é o caso do Craftcore.
Ok, essa palavra pode parecer difícil, mas a ideia na prática é mais simples do que você pensa e trata-se de uma junção de trabalhos manuais com roupas, objetos e acessórios com inspirações do mundo todo. Afinal, nos últimos meses nós ficamos ainda mais curiosos para conhecer novas culturas e testar colocar a mão na massa com o famoso DIY (do it yoursefl).
O hobby da quarentena se tornou ainda mais real quando diversas marcas começaram a investir em produções artesanais em suas coleções, como foi o caso de Anna Sui e JW. Anderson - esse que, inclusive, se tornou viral no Tik Tok com o seu cardigan de patchwork depois de ninguém mais, ninguém menos do que Harry Styles apareceu usando uma peça de tricô que logo virou hit entre entre as fãs que tentaram de todas as formas reproduzir o modelo usado pelo cantor. A marca conhecida por produzir apenas roupas exclusivas e únicas decidiu então ensinar através de seu canal no youtube um DIY para todos que desejassem copiar o cardigan do Harry.
Assim é uma das propostas do craftcore, que além de trazer a volta triunfal do manual e ter como ideia principal roupas feitas à mão, também caminha lado a lado com o reuso de materiais já existentes, a diminuição do lixo e o consumo de roupas descartáveis feitas em grandes escalas, também conhecido como upcycle.
_o que é e quando surgiu?
A geração Z foi uma das principais responsáveis por acelerar a tendência craftcore no último ano e influenciar os grandes designers nas semanas de moda. Muito se deve ao boom das roupas tingidas em casa, o famoso tie dye que invadiu os nossos looks de home office e nos distraiu por alguns meses de isolamento. Depois a vontade de fazer algo novo tornou o tricô um novo-velho hobby que antigamente era visto apenas como coisa da vovó. Em seguida, o bordado começou a despertar o interesse e desde então estamos cada vez mais colocando a mão na massa e criando as nossas próprias roupas, com um toque único de personalidade e estilo.
Isso acabou fazendo com que diversas marcas notassem ainda mais a importância de trazer produtos feito a partir de técnicas artesanais. Mas a ideia de trazer o processo manual não nasceu daí e desde 2018 a busca por marcas mais conscientes e handmade já estava prevista entre os pesquisadores de tendências comportamentais e culturais.
_craftcore na prática
O hábito das atividades manuais da quarentena que se tornou uma das maiores tendências dos últimos meses parece não sair de cena tão cedo e ganha ainda mais força para 2021. Além da valorização pelo artesanal, a proposta craftcore une a sustentabilidade e o consumo consciente. Por conta da pandemia global, diversos estilistas tiveram que olhar para dentro e redescobrir novas formas de expressar as suas ideias e novidades a partir de roupas já existentes, seja repaginando com um bordado, tingindo de maneira caseira ou unindo um tecido ao outro (patchwork). Reaproveitar é a palavra da vez.
A importância dessa trend também não fica apenas na moda e decoração, o craftcore teve grande importância em nossa rotina, tornando uma alternativa terapêutica para controlar a ansiedade e usar a criatividade.
_no Brasil
E se engana quem pensa que essa tendência ainda não chegou no Brasil. Inclusive, o nosso país já é conhecido mundialmente pelos trabalhos manuais de artesãos e esse sempre foi um grande diferencial da moda brasileira. Porém, mais do que nunca o craftcore tem protagonizado as passarelas com mais frequência, como foi o caso da última edição da São Paulo Fashion Week onde muitos designers, entre eles Amapô e Amir Slama, recriaram as suas novas coleções a partir das peças antigas já existentes em seus acervos. Outras marcas que se destacaram com roupas feitas a partir de handmade com crochê e outras fibras artesanais foram a LED e Issac Silva.
Abaixo selecionamos algumas marcas brasileiras de moda que seguem o movimento craftcore em suas últimas coleções, vem ver: