Descobrimos o melhor guia de brechós de luxo no Brasil

por Giulia Coronato

Quem trabalha com moda ou ama consumir conteúdo de moda, com certeza tem familiaridade com o assunto second-hand, moda circular e brechós de luxo. Apesar de parecer algo cotidiano para nós, para a grande maioria da população brasileira, o second-hand ainda é distante, seja por preconceito, falta de informação ou falta de acessibilidade.

Mesmo tendo aumentado a sua popularidade recentemente, as pessoas não consomem de brechós tanto quanto consomem de fast fashion, e acreditamos que isso se deve muito ao fato da dificuldade de chegar até os brechós, já que a grande maioria não possui e-commerce. Foi assim que conhecemos a SUPERNOVA, uma startup que busca unir moda, luxo e sustentabilidade sob uma ótica contemporânea. A SUPERNOVA é uma fashiontech que guia e facilita a busca pelos melhores produtos second-hand do Brasil! 

Nós entrevistamos a Helen Rodrigues, fundadora do SUPERNOVA, para conhecer um pouco mais sobre o trabalho delas, e nos aprofundarmos sobre o mercado de segunda mão no país. 

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Foto: Ganni (Reprodução/Instagram)


_como começou a ideia do Supernova?

H.R.: "Foi depois que vi o tamanho do mercado second-hand lá de fora que me deu um estalo para começar a buscar aqui também. Eu ainda não era uma consumidora de brechós naquele momento quando fui viajar a turismo para a Europa e vi a tamanha efervescência desse mundo. Logo me encantei e comecei a pesquisar se isso existia no Brasil. Quando comecei essa busca, fiquei extremamente perdida, vi o quanto o second-hand aqui era embrionário - e ainda é! -, não existiam brechós on-line, não tinha uma plataforma que concentrasse conteúdos sobre isso, vi que era tudo mato de verdade.

Foi então que a formiguinha do empreendedorismo me atacou, e vi aí um gap de mercado, uma possibilidade muito grande, porque com certeza outras pessoas estavam vivendo a mesma frustração que eu. E foi assim que começou o SUPERNOVA. Durante a pandemia meu primeiro negócio acabou fechando, então foquei completamente nesse novo empreendimento, comecei fazendo um guia de brechós de luxo. Atualmente já fomos muito além. "

_como funciona o processo de curadoria de vocês?

H.R.: "Primeiro tomei a decisão de focar em luxo. Minha ideia inicial não era essa, mas por uma questão estratégica entendi que focar nesse segmento seria mais interessante. As falsificações deixam tudo nesse mercado mais complicado, por isso é super importante termos um processo e uma curadoria extremamente cuidadosa e criteriosa de brechós que entram nos nossos guias e na nossa plataforma. 

Hoje nosso processo começa conhecendo pessoalmente todos os brechós e os fundadores. Procuro visitar tudo pessoalmente e em seguida fazemos uma avaliação de site, redes sociais, uma busca no CNPJ, no Reclame Aqui, entre outros. Existem alguns sinais, que nós que trabalhamos nesse mercado há algum tempo já sabemos que são negativos, são red flags. Você olha e sabe que não se trata de um produto original. 

Cada dia surge um brechó novo, então é muito importante termos essa curadoria bem feita!"

_vocês se denominam uma empresa ESG, o que significa isso?

H.R.: "O ESG é uma sigla, que significa Environmental, Social and Governance, ou seja, quando uma empresa se considera ESG é porque ela possui uma sustentabilidade ambiental, social e governamental. Aqui dentro, desde o dia um, temos um conselho consultivo para trabalhar a governança. A sustentabilidade ambiental já é algo que está no centro do nosso negócio, e a parte social é algo que já estamos de olho, fazendo vendas revertidas para instituições. O ESG nada mais é do que trabalhar de uma forma responsável e respeitosa, com as pessoas e com o ambiente."

_você acredita que essa falta de second hand no Brasil se deve ao fato do brasileiro ter preconceito com peças usadas?

H.R.: "Acho que é multifatorial, eu vejo esse problema não só com o luxo! Pra mim esse gap é por falta de informação, por isso queremos dar informação para o consumidor. Porque pensa, se eu que já trabalhava com sustentabilidade tive essa dificuldade de encontrar second-hand no Brasil, imagina quem não tem nada a ver com esse mercado? 

Além de dar informações é importante darmos acessibilidade, remover as barreiras, e a SUPERNOVA tá aqui pra isso. Hoje comprar uma roupa nova é muito mais fácil do que comprar um item de brechó, por diversas razões! 

Algo que trabalhamos juntos com nossos parceiros é ajudar a profissionalizar os brechós. Ter um site legal, por exemplo, fazer fotos legais, saber criar desejo no consumidor. Acredito que isso vai disseminar o mercado de second-hand, aumentando o acesso das pessoas e a vontade de consumir."

_vocês possuem alguém internamente que cuida da parte de autenticação de peças de luxo?

H.R.: "Internamente nós não temos, por isso que prezamos tanto por conhecer o brechó pessoalmente e ver de perto os processos de autenticação. Fazemos essa curadoria cuidadosa e precisa para confiarmos completamente no brechó e viabilizar a parte de autenticação."

_vocês se definem como uma fashion tec, qual a maior dificuldade de estar nesse ramo hoje?

H.R.: "O maior desafio de trazer mais tecnologia ao mercado de moda circular é por ser um mercado com muita especificidade. Uma peça de brechó é uma peça única, não possui estoque, cada peça possui um SKU diferente. Então, quando ela for vendida, não vai mais existir aquele código de produto, vai surgir um novo. Essa rotatividade que existe no second-hand é difícil de explicar para as pessoas."

_o que você acha que precisa mudar no cenário nacional para termos uma aceitação melhor do second hand?

H.R.: "Eu acho que já está acontecendo essa movimentação, dos brechós estarem usando mais conteúdos de influenciadores para divulgar e disseminar o second-hand. Somos o segundo país do mundo que mais consome influencers, então precisamos usar disso para comunicar o que queremos. Isso é uma força muito legal! Outra coisa, acho que os veículos de mídia tinham que dar mais espaço ao second-hand, falar mais sobre! É um mercado majoritariamente feminino, por isso deveria ser ainda mais fomentado!"

_agora falando de produto, quais os mais buscados por consumidores de second hand?

H.R.: "Os consumidores que usam nosso personal shopper têm preferência por bolsas, e na grande maioria das vezes, as mais clássicas. Birkin, a Gucci Jackie, os modelos mais clássicos da Louis Vuitton, a Casseete da Bottega Venetta, e a Le Cagole da Balenciaga, são umas que sempre saem! 

Outra coisa que estamos intermediando bastante é a venda de joias de segunda mão."

_existe uma marca que as pessoas procuram mais?

H.R.: "Sem dúvida, Saint Laurent, Louis Vuitton, Gucci e Chanel."

_e para finalizar, se você pudesse dar um conselho, ou uma dica, para as pessoas terem uma relação mais sustentável com a moda, qual seria?

H.R.: "Descobrir seu estilo próprio. Se você sabe do que gosta, do que combina com você, você não precisa comprar o que está na vitrine, no desfile ou nas tendências. Dessa forma, suas compras vão ser muito mais conscientes. Porque o caro é o que você não usa."

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