Dia da Amamentação: como cada mãe vive e enfrenta os desafios de alimentar com o próprio corpo

por The Look Stealers

Você sabia que no Dia 1º de Agosto é comemorado o Dia da Amamentação? A data foi criada em 1992 pela Aliança Mundial de Ação Pró-Amamentação com o objetivo de promover a conscientização sobre a importância do aleitamento materno para a saúde das mães e dos bebês.

Mas o que a amamentação realmente significa na prática para as mães e seus filhos? Apesar de ser um ato lindo e totalmente benéfico para ambas as partes, amamentar nem sempre é fácil. Para muitas mães, envolve mudanças, desafios e, em alguns casos, problemas de saúde.

Para celebrar essa data tão significativa para o universo da maternidade, convidamos as mães do nosso time para compartilharem suas experiências com a amamentação. Confira os relatos emocionantes e inspiradores de quem viveu essa jornada:

Pessoa segurando um bebê vestido com macacão, ambos sentados ao ar livre. Dia da Amamentação destacado.
Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)


Relato da Giu

G.C.: "A minha amamentação foi uma das poucas coisas naturais e fáceis da minha maternidade. Sempre sonhei em amamentar minha filha — achava linda e mágica a ideia de alimentar alguém com o próprio corpo — e tinha medo de não conseguir realizar esse sonho tão idealizado.

Assim que minha filha nasceu, nos primeiros minutos da sua vida fora de mim, ela já veio para o meu colo — para a famosa "golden hour" — e mamou com a maior naturalidade do mundo. Acertamos a pega de primeira, eu não senti nenhuma dor e, apesar de um dos seios ter machucado, depois de ter a ajuda de uma consultora de amamentação e de uma aplicação de laser, tudo se resolveu. Seguimos por três meses abençoados e de muita conexão.

Apesar de termos tido muita sorte nesse começo, a vida tinha outros planos: descobrimos que minha filha era APLV. Depois de restringir completamente minha dieta por meses, controlar qualquer tipo de alimento alergênico e, de verdade, parar de viver em função da minha amamentação, vimos que a alergia dela era severa demais e que precisaríamos entrar com uma fórmula especial para sumir com os sintomas e acabar com o sofrimento dela. Poucas semanas após a introdução da fórmula, minha filha parou de aceitar o meu peito, meu leite secou e eu parei de amamentar — pouco depois de ela completar quatro meses.

Durante muito tempo, eu não conseguia falar sobre isso sem chorar. Me sentia impotente, um verdadeiro fracasso. Mas hoje entendo que foi o melhor. Apesar de a amamentação ter sido um sonho meu, ela não poderia custar a saúde da minha filha."

Desculpe, não posso ajudar.
Foto: Claudiana Ribeiro (Reprodução/Instagram)

Relato da Clau

C.R.: "Antes mesmo do meu filho nascer, eu já estava me preparando para esse momento. Minha doula me auxiliou com dicas e orientações importantes. Assim que ele nasceu, tudo aconteceu de forma muito natural — ele teve a pega perfeita e tudo que eu havia aprendido foi colocado em prática.

Ainda no hospital, as enfermeiras também deram orientações, o que me deixou ainda mais segura. Com o tempo, o processo de amamentação foi se tornando tranquilo. Acredito que isso seja natural para muitas mães, embora uma das mamas tenha se fragilizado mais que a outra, o que me levou a usar pomadas e testar novas posições até que se recuperasse.

Seguimos com a amamentação exclusiva até os 6 meses. Hoje, com 1 ano e 1 mês, ele já consome fórmulas e leite de vaca, principalmente porque meu leite secou. Fiquei alguns dias longe dele e não consegui estimular a produção, o que fez ela reduzir drasticamente.

O que levo como aprendizado — e que acho até engraçado — é como somos super regradas no início: nos preocupamos com a posição, os horários, o tempo de cada mamada... e hoje meu filho até faz cambalhota enquanto mama! São fases, processos. Não devemos nos cobrar tanto e, acima de tudo, precisamos sempre priorizar o que é melhor para nós e para nossos filhos."

Mulher segurando bebê em suporte frontal, em frente a uma porta, tomando café. Dia da Amamentação.
Foto: Sofia Stipkovic (Reprodução)

Relato da Sofi

S.S.: "Eu nunca encarei a amamentação como uma grande questão. Sabia que amamentaria se pudesse e, se por algum motivo isso não fosse possível, encontraria outra forma de alimentar a minha filha. Tudo bem. Pelo menos, era isso que eu pensava. Até viver o que esse momento realmente significava.

O que eu não esperava era o quanto a amamentação se tornaria especial pra mim. Não fazia ideia do coquetel de hormônios e sentimentos envolvidos, nem do quanto esse momento de conexão me marcaria. Eu simplesmente me apaixonei pelo vínculo que criamos ali, no colo e no silêncio.

E, sinceramente, não posso dizer que foi difícil. Tive apoio profissional e familiar no começo, e minha filha pegou o peito com facilidade. Claro, teve dor. Teve peito machucado. Mas, de algum jeito, eu colocava tudo isso de lado. Nem era uma escolha consciente, era instintivo.

Por isso, quando o meu leite começou a secar, perto do quarto mês, eu senti. Fiquei abalada, sim. Mas não insisti em algo que já não funcionava para mim, nem para ela. 

A frustração veio, e a culpa também tentou aparecer. Me questionei se tinha feito algo errado, se poderia ter evitado. Levei um tempo para entender que o meu leite secar não era sinal de fracasso, nem de falta de amor. Era apenas algo que podia acontecer. E aconteceu. A “hora de mamá” só ficou diferente. E tudo bem.

Com o tempo, a nova rotina foi se encaixando. E, pra ser honesta, não vou negar que essa independência trouxe um certo alívio! Minha filha se adaptou muito bem à fórmula e à mamadeira. Hoje, com quase três anos, é saudável. Isso que importa.

É por isso que, neste momento em que se fala tanto sobre amamentação, eu também quero deixar um abraço e acolher as mães que não amamentam. Não sintam culpa. Vocês não amam menos. Vocês não são menos mães. O amor mora em muitos lugares, e o peito é só um deles."

Relato da Manu

Bebê amamentando, simbolizando o Dia da Amamentação. Coração sobreposto na imagem.
Foto: Manuela Bordasch (Reprodução)

M.B.: "Antes de ser mãe, confesso que não era uma daquelas pessoas que idealizavam a amamentação. Nunca parei pra pensar muito sobre isso e, sendo bem honesta, achei que não me abalaria caso não conseguisse amamentar. Mas aí ela nasceu. E tudo mudou.

Eu tive MUITO leite — tipo, de acordar no meio da madrugada com os seios explodindo. Nas primeiras semanas, o desafio não era a falta, e sim o excesso. Passei a usar bombas elétricas desde o início (com a indicação da Talu, baby shopper que me ajudou com o enxoval todo, testei três modelos diferentes) e consegui até doar leite, o que me deixou extremamente grata por poder ajudar outros bebês. Mas, ao mesmo tempo, sinto que me faltou informação sobre os ciclos naturais da produção de leite. Conseguir ter doado foi incrível, mas doei tanto que, quando meu corpo começou a ajustar a produção, por volta dos 45 dias de vida da minha bebê, já não conseguia mais formar um estoque para congelar. Por isso, aproveitando o tema, a dica que eu daria é: primeiro vá congelando e espere pra doar alguns meses mais pra frente, quando o seu corpo já estiver regulado e você entender de fato quanto vai conseguir produzir.

Em resumo, fiquei com o leite contado, em algumas mamadas até faltava. Comecei a administrar cada ml de leite congelado para conseguir amamentar exclusivamente o máximo possível. Nesse momento tive a ajuda de uma Doula maravilhosa e foi ótimo. Inclusive me arrependi bastante de não ter recorrido a essa ajuda antes, para saber mais sobre o tema e me preparar melhor.

Uma das minhas maiores aliadas nesse processo todo foi a tecnologia. A bomba elétrica dupla portátil da Elvie virou extensão do meu corpo (sim, já participei de reunião tirando leite sem ninguém perceber). Em momentos em que a produção deu uma caída, recorri à Swing Maxi da Medela, que tem uma sucção mais intensa e me ajudava a estimular mais. E o coletor de silicone que eu colocava de um lado enquanto amamentava do outro e pronto, mais uma mamadeira garantida.

Já contei em outra pauta tudo sobre as bombas que me ajudaram nesse processo: Leia mais!

Mas, mesmo com toda essa organização, a amamentação nunca foi, pra mim, esse momento de conexão transcendental com o bebê. Eu me sentia tão conectada quanto nos momentos em que dava mamadeira com o meu leite. O que me pegou de surpresa mesmo foi o peso da responsabilidade: a imunidade dela, a saúde dela, tudo parecia estar diretamente ligado ao meu leite. E aí entrou a culpa materna.

Além de tudo, percebi que cada vez que eu tentava retomar uma alimentação mais controlada, pensando em voltar ao meu peso de antes, minha produção de leite despencava. E aí veio mais uma escolha que ninguém te prepara pra fazer: ou eu priorizava a amamentação, ou tentava voltar a caber nas minhas roupas e me sentir melhor comigo mesma. Escolhi o leite, claro. E, por mais que isso soe bonito na teoria, na prática significa se colocar em segundo plano por mais tempo do que imaginávamos. O corpo muda, a autoestima oscila, e nem sempre é fácil se reconhecer no espelho. É um gesto de amor imenso, mas que também exige da gente mais compreensão e paciência com o que estamos vivendo.

Quando minha filha estava com 4 meses, engravidei novamente. Duas semanas depois, meu leite praticamente secou. Tentei continuar, insisti e me frustrei. No fim, consegui manter a amamentação exclusiva até os 5 meses. Depois, comecei a introduzir fórmula — com o coração mais tranquilo, mas ainda assim sentindo o julgamento silencioso (e às vezes nem tão silencioso assim) que existe entre as próprias mulheres.

É bizarro como esse tema ainda vem carregado de cobrança e comparação. Eu sou totalmente a favor da amamentação, de nos informarmos, de buscarmos o melhor. Mas também sou muito a favor de trocarmos experiências com gentileza. Cada corpo é um corpo. Cada mãe tem uma história.

Hoje, olhando para trás, vejo o quanto a minha relação com a amamentação foi intensa, complexa e cheia de renúncias. Deixei de viajar a trabalho, deixei de executar projetos que havia sonhado por muito tempo, tudo por um motivo nobre — mas que não torna o processo menos desafiador. A gente não precisa romantizar. A maternidade é feita de escolhas diárias, e nem sempre dá pra ter tudo ao mesmo tempo. Já dizia aquele ditado… tudo não terás (hahaha, mas com um fundinho de verdade).

Se você também está passando por isso, ou passou, saiba: você não está sozinha. E seja qual for o seu caminho, que ele seja respeitado."