Essas 6 marcas cearenses de moda são tão estilosas que você precisa ficar olho

por The Look Stealers

Estéticas visuais únicas e a vontade de criar moda autoral no Brasil são só algumas das engrenagens fashion que movem essas marcas cearenses que vamos te apresentar hoje. Como bem sabemos, o nosso país é um dos maiores consumidores de moda no mundo, mas que, infelizmente, ainda olha muito para etiquetas internacionais como referência no ramo. Apesar disso, o potencial criativo e talento dos criadores brasileiros têm se destacado e vêm chamando muita atenção.

Sabemos que emplacar uma marca no país não é uma tarefa fácil, principalmente para as que não estão no eixo sul/sudeste - que costuma ter mais destaque. E é justamente por isso que projetos como o Nordestesse, que proporciona visibilidade e valorização da moda nacional, são de grande importância tanto para as marcas cearenses que vamos conhecer, quanto para muitas outras dos nove estados nordestinos que o mesmo abraça. Então, te convidamos a ficar por aqui e abrir sua mente para um cenário fashion, cheio de estilo e novas possibilidades. Vem ver:

Catarina Mina - bolsa Catarina Mina - marcas cearenses - Verão 2022 - campanha - https://stealthelook.com.br
Foto: Catarina Mina (Reprodução/Instagram)


catarina mina

Com mais de 12 anos de vida, Catarina Mina é uma das marcas cearenses que fazem parte do projeto Nordestesse. Desde o início, busca promover e conscientizar sobre a importância do artesanato nordestino, ressaltando a história dos grandes mestres e designers que fizeram dessa arte uma das marcas registrada da moda brasileira.

Fundada pela designer, Celina Hissa - que também é idealizadora e diretora criativa do projeto Olê Rendeiras - a marca acredita em uma ‘moda diferente, uma moda focada em quem produz, e que concentra seus esforços em questionar, repensar, refletir e tomar decisões levando em consideração um coletivo.’ Foi a partir de um mochilão sem destino específico, pela América Latina, que Celina tirou as primeiras inspirações para criação da etiqueta. Anos depois, decidiu usar o design como ferramenta de mudança, fazendo a renda circular e chegar até lugares e artesãs onde antes não chegava.

Conversamos um pouco com a gerente de marketing da marca, Karina Ribeiro, e a própria fundadora e diretora criativa, Celina Hissa, que nos contam um pouco mais sobre a essência da Catarina Mina:

Como é criar moda autoral no Brasil, quais são as realizações e aspirações que a Catarina Mina tem em sua trajetória nesse segmento?

C.H. e K.R.: Criar é uma forma contribuir, aqui na Catarina Mina a criação precisa estar conectada a uma entrega para um mundo melhor. Às vezes brinco e digo: fazer coisas bonitas é fácil. Nosso desafio como designers é resolver problemas, criar novos produtos com impacto social. Criar junto com artesãs, dando visibilidade, fazeres, lugares, é isso que nos motiva diariamente. As relações, o afeto e a vontade de que o fazer artesanal do Ceará tenha vida longa e próspera. 

Junto do projeto Nordestesse, quais as principais conquistas da Catarina Mina, como marca cearense de moda, e onde esperam chegar?

C.H. e K.R.: Não estar no centro financeiro e político do Brasil muda nossa visão. Por um lado é bom porque abre nossos olhos e  nos obriga a olhar muito para fora da nossa bolha, isso sem jamais deixar de olhar para o nosso ponto de partida. Quero dizer, hoje é bonito ver o movimento que acontece de dentro pra fora: ver o nordeste se reconhecer - tão importante quanto ser reconhecido - como uma região onde se faz artesanato, moda e design de qualidade. É bacana poder falar do nosso lugar, contar nossas histórias, e nos conectar com nossas referências e vivências. Sempre nos reinventamos e resistimos, mas também é importante ter em mente que a beleza disso não surge sozinha. Quando fazemos o exercício de tentar olhar de fora, aprendemos cada vez mais com a força das mulheres artesãs da nossa região, e é isso que dá vontade de seguir trabalhando com o artesanato.

Olê Rendeiras - looks Olê Rendeiras - marcas cearenses - Verão 2022 - desfile - https://stealthelook.com.br
Foto: Olê Rendeiras (Reprodução/Instagram)

olê rendeiras

Como contamos acima, o Olê Rendeiras é um dos projetos nascidos dentro da Catarina Mina, também idealizado e dirigido por Celina Hissa, mas que também se enquadra como uma das marcas cearenses abrangidas pelo projeto Nordestesse. Nascido em 2019, no Tariri, de uma parceria entre a marca de Hissa e a subsidiária e produtora independente de energia, Qair Brasil, o Olê tinha como principal objetivo impactar socialmente as pessoas, principalmente mulheres, da região e resgatar o valor da renda de Bilro, um dos saberes mais valiosos do artesanato nordestino. Celina e Karina nos contam mais:

notamos que para que essa renda tão especial continuasse sendo uma forma viável de sustento para para essas mulheres, era preciso incentivo e valorização.

Sabemos que uma das essências da Olê Rendeiras é criar moda autoral, resgatando a história e cultura da região do Tariri. Como vocês enxergam sua trajetória até aqui e qual a sua missão?

C.H. e K. Com o projeto Olê Rendeiras, unimos em torno de mais de 20 comunidades de rendeiras de bilro, abraçando mais de 200 mulheres do Taririri. A renda de bilro - também chamada renda do Ceará ou renda de almofada -, é, como outros saberes artesanais tão ricos do nosso estado, uma tipologia em extinção. Um trabalho de arte sofisticado e demorado, que passa de geração em geração, basicamente orientado pelo olhar, o qual leva tempo para ser assimilado, onde as meninas pequenas viam suas mães trabalharem na almofada, e se arriscavam a copiá-las. Notamos que para que essa renda tão especial continuasse sendo uma forma viável de sustento para para essas mulheres, era preciso incentivo e valorização, já que as próprias rendeiras, que sabiam que a renda ‘não tinha preço’, não conseguiam passar isso para as pessoas. Nossa tarefa desafiadora é o que sugere o método das Oficinas Catarina Mina, ou seja, aprender e construir junto dos grupos, para que se fortaleça o artesanato e confira longevidade às tipologias.

BABA - look BABA - marcas cearenses - Verão 2022 - campanha - https://stealthelook.com.br
Foto: BABA (Reprodução/Instagram)

baba

Uma marca criativa, leve e super alto astral, essa é a BABA. Foi idealizada pelo publicitário e designer gráfico, Gabriel Baquit, a partir de um desejo antigo de ter uma marca própria, e com identidade visual única. A etiqueta de moda autoral, apesar de jovem, que completa três anos de existência esse ano, já tem uma trajetória de sucesso. A BABA, também busca dar visibilidade e destaque para artistas locais, os quais desenvolvem suas estampas exclusivas e super divertidas. Convidamos Baquit para nos contar um pouco mais, vem ver:

para uma marca 'made in Ceará' tão jovem, já conseguimos realizar conquistas importantes, como o recebimento de destaque da mídia nacional especializada.

Criar moda autoral no Brasil não é uma tarefa fácil, mas mesmo com a adversidades, quais são as realizações e aspirações que a BABA tem em sua trajetória nesse segmento?

G.B.: A BABA é uma marca relativamente nova, onde dois dos seus três anos de idade, foram em meio a uma pandemia, e todo o seu processo de construção tem sido um grande desafio e aprendizado. Para uma marca “made in Ceará” tão jovem, já conseguimos realizar conquistas importantes, como o recebimento de destaque da mídia nacional especializada e também o contato e relacionamento com celebridades e influencers de renome, que vestem e divulgam a marca.

Ao se unir ao projeto Nordestesse, quais desejos que a BABA tem para o futuro?

G.B.: O Nordestesse tem nos ajudado bastante a conquistar ainda mais projeção nacional, além de nos colocar em contato com outros criativos e empreendedores de moda dos outros estados da região.

s a u - looks s a u - marcas cearenses - Verão 2022 - campanha - https://stealthelook.com.br
Foto: s a u (Reprodução/Instagram)

sau

A Sau é mais uma das marcas cearenses que você precisa conhecer. Criada pela designer e diretora de estilo e marketing, Marina Bitu, e pela psicóloga, diretora comercial e administrativa, Yasmin Nobre - ou como se denominam no institucional de seu site, Yin e Yang, respectivamente -, podemos dizer que a Sau nasceu nas ondas. Com uma linguagem e identidade visual poética e muito ligada ao oceano, ou como dizem "nesta viagem, a mudança foi o percurso e o mar, o destino", a marca cria peças que unem design e funcionalidade, corpo e vestuário, pois acreditam na moda com causa.

Conversamos com Yasmin e Marina, que nos contaram um pouco mais sobre suas experiências:

Qual é a mensagem que a Sau quer passar criando moda autoral no Brasil, o que faz com que vocês se sintam realizadas?

M.B. e Y.N.: Acreditamos que através das nossas criações conseguimos contar um pouco a nossa história, as nossas raízes, traços culturais e saberes regionais. Ver nossos produtos ganharem o Brasil e também o mundo é realizador, no sentido de que o trabalho de muitos de nós está ali representado em uma peça feita à mão. Um exemplo importante são nossos produtos em crochê, que hoje são exportados para EUA e Arábia Saudita. Eles viajam mundo afora levando não somente nossa marca. Mas também nossas vocações nordestinas, resultado do trabalho de tantas mãos. 

Onde a Sau imagina estar no futuro e quais as conquistas que já atingiram junto do super catalizador de ideias que é o projeto Nordestesse?

M.B. e Y.N.: Nós esperamos que nossa moda ecoe, ganhe cada vez mais espaço e valorização. Desejamos que muitas pessoas possam conhecer nosso trabalho e que o nosso negócio impacte socialmente nossa região e nosso país. Queremos ser agentes transformadores na sociedade, a partir da valorização da cadeia produtiva, da oportunização e geração de empregos. O projeto Nordestesse, atuando como fomentador das marcas, abriu caminhos para nós e demonstrou a força do coletivo.

Grão - looks Grão - marcas cearenses - Verão 2022 - campanha - https://stealthelook.com.br
Foto: Grão (Reprodução/Instagram)

grão

Com foco em moda sustentável e slow fashion, a Grão surgiu depois que Renata Pinheiro, que também é formada em administração, descobriu o tingimento natural. Isso abriu sua mente para um processo único, artístico, artesanal e sofisticado de se fazer roupas. Os insumos utilizados no tingimento de suas criações são de origem natural, da flora do nosso país, e algumas produzidas no próprio Ceará. O resultado são peças atemporais, versáteis e surpreendentes. 

Conversamos com a diretora criativa e fundadora da Grão, Renata Pinheiro, que nos conta um pouco mais sobre sua história e a importância do Nordestesse para marcas cearenses e nordestinas de moda que engloba:

quando acreditamos no propósito do que fazemos e nos aliamos a potências como a Nordestesse o céu é o limite de onde podemos chegar.

Quais são as principais realizações e aspirações que a Grão, criando moda autoral no nosso país?

R.P.: Criar moda autoral no Brasil é um desafio instigante por nossa história tão rica de diversas referências para serem homenageadas sob um olhar único e contemporâneo. Nós desejamos despertar cada vez mais as pessoas a ter uma relação com o consumo de moda de forma mais sustentável e consciente. Além de transmitir nossos valores também, através do fortalecimento da nossa estética natural. 

Nos conte um pouco sobre onde a Grão já chegou depois de se unir ao projeto Nordestesse.

R.P.: A formação desse coletivo, muito bem orquestrado por uma equipe incrível, nos fortalece e potencializa nossas falas, estéticas e referências culturais. Nos permite chegar a uma a lugares mais restritos, nos quais costumamos encontrar grandes grupos, normalmente oriundos de uma mesma região do país. E o Nordeste tem muito potencial criativo que merece mesmo obter um maior alcance. Quando acreditamos no propósito do que fazemos e nos aliamos a potências como a Nordestesse o céu é o limite de onde podemos chegar.

Gonzalo - bolsas Gonzalo - marcas cearenses - Verão 2022 - campanha - https://stealthelook.com.br
Foto: Gonzalo (Reprodução/Instagram)

gonzalo

Por último, mas claro que não menos importante, te apresentamos mais uma das marcas cearenses de moda brasileira contempladas pelo projeto Nordestesse, a Gonzalo. Idealizada em 2019 - mas começou a operar de fato no ano seguinte - por Walber Góes e seu sócio e marido, Rodrigo Bessa, a marca tem como um de seus principais pilares a sustentabilidade, além do resgate de suas raízes e vivências. A etiqueta trabalha atualmente com células criativas que buscam promover mais qualidade de vida para os artesãos, a fim de acabar com a exploração, mantendo a qualidade do processo artesanal. Walber, co-fundador da Gonzalo, nos conta como é ter criar moda no nosso país:

Como marca brasileira, nordestina e que cria moda autoral no Brasil, quais são as principais conquistas e onde a Gonzalo deseja chegar nesse segmento?

W.B.: Criar a autoralidade bebendo de conceitos e referências que várias outras marcas bebem é exercer uma leitura interna de si, pois o que te compõe enquanto ser humano e criador é único, é particular no sentido mais etimológico da palavra. Por isso é difícil e desafiador metodologicamente e mercadologicamente, pois se tu consegues trazer para a superfície das lentes algo novo, o outro com mais força - dinheiro, visibilidade, alcance - se apropria disso com muita facilidade, já que burocraticamente é muito caro registrar uma ideia, um produto autoral. Cada pequena conquista é uma vitória, cada venda é uma vitória com V maiúsculo para uma marca autoral, consegues compreender a dimensão disso? Somos dois designers que começaram do zero, cheios de cicatrizes e traumas da indústria, mas com vontade de não repercutir enquanto marca o que nos feriu tanto. Queremos criar um ecossistema interno saudável, que agregue pessoas, independente das suas identidades, que valorize a mão de obra de cada um que está envolvido. Nós verdadeiramente acreditamos nessa máxima: "colaborador feliz, produto feliz!".

Quais as principais realizações e aspirações que a Gonzalo deseja atingir junto do projeto Nordestesse?

W.B.: Nordestesse é uma importante plataforma agregadora, multiplicadora e alavancadora. Ela não é palco enquanto plataforma, ela cria palco em cenas e com atores que dificilmente nos relacionaríamos com tão pouco tempo de vida e com recursos limitados. É uma ideia, um projeto, uma vontade particular da Dani, mas necessária para todos nós. Portanto, estar em importantes multimarcas nacionais, estar sob sua saia dentro da Magalu, ter contato com o comprador final que valoriza e entende o realizar do nosso produto é nossa grande conquista junto ao Nordestesse.

LEIA MAIS:

10 marcas baianas de moda que você precisa conhecer já

8 tendências de verão para usar antes que ele acabe

9 marcas brasileiras que realmente valem a pena conhecer, de acordo com as nossas editoras

Você também vai gostar

Utilizamos cookies de estatísticas de visitas para melhorar sua experiência de navegação. saiba mais em nossa política de privacidade.

concordar e continuar