Setembro de 2025 vai entrar para a história da moda, e isso não é exagero. A dança das cadeiras que dominou a indústria nos últimos anos culmina na temporada de moda verão 2026, que começou esta semana em Nova Iorque e só termina no dia 8 de outubro, com um número recorde de estreias. As passarelas contarão com o debut de novos nomes nas maiores maisons do mundo: de Chanel a Dior, Gucci a Balenciaga, Versace a Loewe. São quinze novidades, e a gente reuniu todas aqui.
estreias desta temporada de moda
Nova Iorque
Rachel Scott na Proenza Schouler
A jamaicana de 41 anos assume o comando da Proenza Schouler agora que Jack McCollough & Lazaro Hernandez partiram para a Loewe. Além de ser uma das duas mulheres, é também a única pessoa negra na lista.
Fundadora da Diotima, é entusiasta do artesanal, seu trabalho em crochê, todo produzido em seu país natal, é marca registrada. Sua primeira coleção oficial será em fevereiro de 2026, mas a coleção de verão 2026 apresentada ontem, feita em colaboração com o time de design, foi uma “declaração inaugural e um preview íntimo de sua perspectiva”.
Nicholas Aburn na Area (12/09)
Conhecida por suas roupas dignas de espetáculo, com apelo conceitual e sempre decoradas por cristais, a Area é queridinha de Beyoncé e Taylor Swift. Aos 37 anos, Aburn é desconhecido do grande público, mas já trabalhou em marcas como Tom Ford e, mais recentemente, na divisão de alta-costura da Balenciaga, provando que entende de glamour.

Milão
Demna na Gucci (23/09)
A marca mais valiosa do grupo Kering anda em apuros há alguns anos, e Demna saiu da Balenciaga com a missão de reverter esse cenário. Ainda não se sabe exatamente o quanto ele vai revelar e nem que formato ele vai se apresentar nesta semana de Milão, já que a estreia oficial só acontece em março de 2026.
Alguns indícios, no entanto, apontam para um retorno à era de sex appeal dos anos Tom Ford na grife. O designer comentou recentemente que está cansado da silhueta oversized que ajudou a popularizar tanto na Vetements quanto na Balenciaga. Reforçando ainda mais os rumores, o marido de Demna, Loïk Gomez, postou (e logo apagou) uma selfie usando um look Gucci da fase Tom Ford, sugerindo o mesmo caminho. O que será que vem por aí?
Louise Trotter na Bottega Veneta (27/09)
Aos 56 anos, a estilista britânica, que já passou por Joseph, Lacoste e Carven, é a única mulher ao lado de Rachel Scott entre as estreias. Conhecida pelo minimalismo refinado sempre com foco em qualidade e mão de obra, ela promete enfatizar a tradição da marca, o que ficou claro com a divulgação da primeira campanha da nova fase, com o slogan “craft is our business”, estrelada por figuras como Tyler, the Creator, e Zadie Smith. Além de marcar presença no red carpet, com Vicky Krieps e Julianne Moore já usando looks assinados por Trotter nos festivais de Cannes e Veneza.

Dario Vitale na Versace (26/09)
Após 15 anos ao lado de Miuccia Prada na Miu Miu, o designer italiano já mostrou que tem o dedo no pulso do zeitgeist. Ainda bem, já que a responsabilidade de substituir Donatella, agora no cargo de embaixadora, é grande.
O vislumbre mais concreto da proposta de Vitale vai rolar em uma apresentação intimista durante a semana de Milão, mas já tivemos um gostinho da nova fase, com Julia Roberts usando tanto look black tie quanto look casual no Festival de Veneza. Este último, também usado por Amanda Seyfried no mesmo evento, garantiu destaque na imprensa.
Simone Bellott na Jil Sander (24/09)
Sua trajetória foi construída ao longo de 16 anos na Gucci, mas foram os últimos dois anos à frente da Bally que colocaram seu nome no radar da crítica. Com uma abordagem sofisticada e foco em proporções, Bellotti devolveu desejo a uma marca que andava esquecida. Substituindo Luke e Lucie Meier na Jil Sander, ele deve trazer frescor à grife alemã. Como demonstrado em seu primeiro movimento, lançando o vídeo “Wanderlust” e o EP associado como uma introdução sonora e visual à sua proposta para a casa.
Paris
Matthieu Blazy na Chanel (06/10)
Talvez o debut mais aguardado de todos, Blazy vem de anos bem-sucedidos na Bottega para encarar o desafio de injetar vigor criativo no legado incomparável da maison. A expectativa é de uma coleção que resgate os arquétipos clássicos e o espírito livre de Gabrielle, mas com o refinamento arquitetônico e o link com as artes característico no trabalho de Blazy. Ayo Edebiri surgiu usando looks Chanel sob medida durante o festival de Veneza. Apesar de não confirmado, a aposta é que as produções sejam uma pista do que vem por aí.
Jonathan Anderson na Dior (01/10)
O designer irlandês passou uma década na Loewe, além de comandar sua própria marca homônima, e agora responde por todas as linhas da Dior. A estreia na masculina trouxe uma visão atualizada do estilo preppy com toques históricos, alfaiataria desconstruída e a ironia que já é esperada de suas criações. Algumas celebridades surgiram com looks sob medida de Anderson para a linha feminina da Dior, que dividiram opiniões, como o volumoso couture usado por Alba Rohrwacher e o modelo de cetim exibido por Anya Taylor-Joy. O equilíbrio entre o olhar único de designer e a herança da maison parece ser o ponto focal, já que Greta Lee apareceu usando um conjunto cujo casaco é uma releitura da peça mais famosa de Christian Dior, a Bar Jacket. A Dior está prestes a se tornar cool novamente.
Pierpaolo Piccioli na Balenciaga (04/10)
Experiente na alta-costura graças à longa estadia na Valentino, Piccioli pretende resgatar a alma da Balenciaga, referenciando o fundador Cristóbal, considerado por muitos o maior couturier de todos os tempos. Com uma mudança de tom dos anos de Demna, renovando os códigos sob uma ótica mais emocional, menos provocativa e mais intencional.
Duran Lantink na Jean Paul Gaultier (05/10)
Conhecido por seu trabalho com reconstrução, dose de humor e crítica social, o holandês já era nome quente na cena experimental e agora assume como diretor criativo fixo da JPG. A maison, que vinha funcionando no formato de colaborações pontuais na couture, retoma o calendário de forma contínua.
A estreia no ready-to-wear deve servir como manifesto do que vem por aí. Se depender do histórico de Lantink, a irreverência de Gaultier está em boas mãos.
Jack McCollough & Lazaro Hernandez na Loewe (03/10)
A dupla fundadora da Proenza Schouler assume a Loewe após a saída de Jonathan Anderson e leva com eles sua assinatura de artesanato urbano e sofisticação made in USA. A mudança marca uma fusão inesperada entre o espírito nova-iorquino e o savoir-faire espanhol, afinal, a Loewe é considerada a Hermès da Espanha.
Responsáveis por it bags dos anos 2010s como a PS11 e PS1, eles têm a tarefa de criar novas bolsas desejo para integrar o line up da grife. O que dá para esperar na estreia é um diálogo de texturas, técnica e modernidade, sem perder a densidade conceitual que se tornou característica da marca.
Michael Rider na Celine (05/10)
Após 6 anos liderando o revival da Polo Ralph Lauren, o americano de 44 anos chega à Celine com expertise em alfaiataria e sportswear. Sua primeira coleção masculina, apresentada em julho, também contou com looks femininos e usou acessórios como ponto central, destacando lenços de seda e relançando a bolsa Phantom, clássico da era Philo.
A prévia indica que Rider vai fazer um mix da herança de Phoebe Philo com ecos de Slimane. A coleção principal deve trazer mais de seu senso estético afiado com apelo comercial.
Glenn Martens na Maison Margiela (04/10)
Depois de anos à frente da Y/Project e de continuar na direção da Diesel, onde vem fazendo um trabalho inovador com jeans, matéria-prima da marca, Martens foi confirmado como sucessor de John Galliano.
O belga foi aplaudido na apresentação de sua primeira coleção de alta-costura para a casa, provando que entende o legado e não tem medo de mergulhar nos códigos originais de Martin Margiela, de anonimato, desconstrução, reutilização, complementando com sua visão cinemática, audaciosa, com toques medievais e contemporâneos. O desfile da SS26 promete ser uma continuação, trazendo a mesma energia para o prêt-à-porter.
Miguel Castro Freitas na Mugler (02/10)
O português pode não ser conhecido globalmente, mas tem passagens por marcas como Dior, Saint Laurent e Dries Van Noten. Substituindo Casey Cadwallader, ele é a aposta da Mugler para renovar a sensualidade com ar sci-fi que é inseparável da marca. Freitas promete um retorno ao DNA da marca, com a teatralidade pura de Thierry Mugler, sem medo do exagero.
Mark Thomas na Carven (02/10)
O estilista britânico já passou pela Givenchy e atuou como braço direito de Louise Trotter na Joseph e na Lacoste e agora embarca no desafio de emprestar seu olhar à marca francesa, resgatando a identidade da Carven com apelo leve, jovem, urbano e moderno.
