Estou fazendo listas para organizar a minha vida ou só alimentando minha ansiedade?
Vamos alinhar expectativas aqui: eu não cheguei a uma resposta para a pergunta do título. Mas, por favor, dê uma chance à minha reflexão e pegue papel e caneta para anotar o que eu descobri ao longo do caminho - pode ser que te ajude também se esse é um dilema do qual você compartilha. Voltando ao assunto, sim, eu sigo me perguntando se estou fazendo listas para organizar a minha vida ou só alimentando a minha ansiedade. Aliás, vale dizer que essa pauta veio de uma lista pessoal de anotações e antes de chegar aqui, passou por outra lista de ideias de pauta em aprovação e então voltou para a minha lista de tarefas semanais.
Desculpa, eu sei, eu acabei de elencar - um jeito chique de dizer 'listar' - o caminho que esse texto fez. Viu? É mais forte do que eu e talvez seja meu signo: virginiana metódica até o último fio de cabelo. Mas, não, eu acho que é muito fácil eu me apoiar aqui nos astros para explicar uma coisa que não tem muita explicação - não sem um psicólogo. Ah, falando em psicologia, ao apresentar essa sugestão de pauta, perguntei ao time se eu deveria mesmo me aventurar a escrever ou se deveria buscar uma ajuda profissional porque, como suponho no título, talvez eu esteja só alimentando a minha ansiedade, tentando controlar o que faço no dia a dia, cumprir prazos malucos, bater metas impossíveis, me puxar até o limite. Ufa… Tá, isso eu vou guardar para a terapia.
Enfim, para organizar meus pensamentos aqui, adivinha o que eu farei? Sim, uma lista de curiosidades que descobri pesquisando sobre o tema, além de dicas que tem me ajudado a respirar fundo e controlar a ânsia de querer ter tudo riscado no fim do dia. Afinal, a gente não precisa estar numa eterna maratona de produtividade com os outros e nem com nós mesmas - esse virou meu mantra diário, repitam comigo para um dia mais calmo.
Mas de onde veio essa mania de fazer listas?
Reza a lenda que os primeiros registros de listas sendo usadas como controle de produtividade datam de 1700 e bolinha. E uma das inscrições mais conhecidas da época é de 1791, de Benjamin Franklin. Ele não anotava uma série de coisas que precisavam ser feitas no dia, mas sim uma série de coisas boas que ele poderia fazer naquele dia. Eu achei fofo. Funciona pra mim todos os dias? Não. Funciona pra você? Talvez. Funciona pra mim na virada do ano? Certamente, eu faço listas de metas anuais no réveillon - você não faz?
Bom, de qualquer jeito, reparem que nós estamos colocando em tópicos o que temos que fazer há uns 500 anos e seguimos na sofrência. Desculpa a negatividade, eu juro que estou pensando positivo e acredito que vamos chegar lá - nem que o lá signifique por exemplo abrir de mão de todo tipo de método organizacional. Sério, eu já cogitei.
Os mil e um tipos de listas - e nenhum está errado
Esse capítulo - eu amo que já estou tratando este post como um livro, percebam - é dedicado a todas as listas que eu já fiz e sim, eu vou listá-las aqui.
Na minha vida pessoal, sou adepta de listar mentalmente metas anuais no começo de um novo ano; anotar semanalmente no papel o cardápio da semana (o que naturalmente ajuda a montar a lista de compras) e colar na geladeira; agrupar no bloco de notas os restaurantes e bares que gostaria de conhecer ou filmes e séries que gostaria de assistir; já testei separar mentalmente um livro que gostaria de ler pra cada mês do ano; ah, e é óbvio que eu já usei as minhas mãos e braços como post-it para não esquecer alguma coisa. Um clássico!
No trabalho, divido minha caixa de entrada para facilitar a organização e leitura. E já testei todo tipo de to-do list possível, eu acho: anotar em um caderno (com pauta, sem pauta, bullet journal, planners e agendas), me enviar e-mails diários, abrir um rascunho e listar as tarefas, post-its ao redor da tela do computador ou em cima da mesa, escrever na mão, trabalhar no freestyle contando apenas com a minha memória (um fracasso, né amigas?). Também já experimentei ferramentas online como o Trello, o Basecamp, o RunRunit e já ouvi falarem bem do Asana!
E tudo isso para te dizer que não existe um jeito certo ou errado de organizar tarefas, metas ou pensamentos. Embora seja sim essencial encontrar a maneira que mais funciona para você e quando em grupo, uma opção flexível que seja minimamente compreensível para todos - e isso pode levar um tempo então aguenta a frustração e não desanima.
Priorizar é tudo e se impor limites também
Ok, independente do tipo de lista que você tenha escolhido, entenda que priorizar é essencial. Se você é como eu, que adora abraçar o mundo em vez de delegar, me abraça e chora sem vergonha, amiga. Agora para e pensa honestamente em tudo o que você deveria estar fazendo porque é uma urgência de verdade tipo f*deu se eu não entregar até o fim do dia. Tá, já deu para separar o que não é tão importante assim, mas estava na lista como se fosse, né? E o pior: você estava se cobrando como se tivesse o mesmo peso das tarefas realmente urgentes.
Fazer essa revisão diariamente antes de colocar a mão na massa tem me salvado de não enlouquecer nesses dias de home office durante a pandemia, em que a gente perde a noção de quando começar e acabar de trabalhar porque não existe a quebra do deslocamento casa-escritório - e isso vale até para quem trabalha remoto como eu, tá? Falando nisso, se impor esses limites e entender o quanto eu consigo de fato entregar dentro de um dia de trabalho é fundamental. Recomendo. E recomendo também você descobrir quantas horas leva para fazer determinadas tarefas que estão dentro do seu escopo, vai te ajudar a entender o valor do seu trabalho e até onde pode ir em relação a horas trabalhadas e salário até!
Para. De. Se. Cobrar. Tanto.
Por fim, eu queria muito te dizer que parei de me cobrar exaustivamente para ter todos os to-dos riscados, mas eu estaria mentindo. Hoje, estou bem melhor do que antes, mas tenho dias e dias e com certeza é um processo - como quase tudo na vida. E mesmo que eu não consiga vencer a ansiedade que as listas me dão e nem consiga viver sem fazer as listas, reforço a mensagem: não se cobre tanto, seja mais gentil e paciente consigo mesma. Você não merece ter uma vozinha inimiga dentro da sua cabeça te colocando pressão por causa de um amontoado de palavras, amiga.