A WGSN já apareceu por aqui quando batemos um papo com o head da Mindset Latam, Luiz Arruda. A empresa é líder mundial em previsão de tendências para as mais diversas áreas do consumo, o que ajuda seus clientes a terem visões mais precisas sobre o futuro de seus negócios. Dessa vez, ela marca presença por aqui nas mãos de outro profissional - desta vez uma mulher incrível: Julia Curan. Ela atua como consultora na Mindset Latam e é responsável por uma gama imensa de projetos focados em empresas de moda e beleza.
Formada em comunicação social pela ESPM e atualmente cursando uma pós em semiótica psicanalítica na PUC, a Julia tem uma longa trajetória no mercado e é expert quando o assunto é pesquisa de tendências e comportamento de consumo. Conversamos com ela sobre carreira, desafios da figura feminina na sua área e, claro, sobre as tendências que, na sua opinião - baseada em muito estudo e conhecimento - vão dominar o mundo nos próximos meses.
A melhor parte é que essa conversa é só o começo do que a Julia pode acrescentar para nós, afinal, ela será uma das palestrantes do PUSH, ao lado de outros grandes nomes que farão parte do talk "O Futuro do Conteúdo". Então se você ainda não garantiu seu ingresso para o evento, agora é o momento! Mas antes vem descobrir mais sobre a Julia para querer ainda mais participar dessa experiência:
"Sou formada em comunicação social pela ESPM. No momento estou fazendo uma pós em semiótica psicanalítica na PUC."
"Antes de entrar na WGSN, 4 anos atrás, trabalhei em agência de publicidade, na área de planejamento estratégico."
"A WGSN é hoje a maior empresa de pesquisa de tendências. Acredito que, além de ser um ambiente profissional criativo e que dá liberdade para pensar dessa forma, ele desperta um lado curioso e investigativo nas pessoas que vai além de trabalho. É um olhar crítico que levo para a vida."
"Como a WGSN Mindset, a divisão de consultoria da WGSN, somos responsáveis por todos os projetos customizados que chegam aqui. Os projetos variam bastante e vão desde palestras simples sobre um tema específico (ex: futuro do varejo, o futuro do salão de beleza), até projetos mais complexos, que envolvem pesquisas com o consumidor e recomendações estratégicas para os clientes. Claro, todos esses projetos partem do princípio de pesquisa de tendências e de comportamento de consumo. Mas o dia a dia varia muito, algumas vezes passamos o dia no escritório, lendo reports do site, outros fora dele, fazendo entrevistas e grupos de pesquisa."
"Apesar da empresa ser formada na sua maioria por mulheres (90% dos funcionários são mulheres), ainda acredito que um dos maiores desafios no mercado de trabalho hoje para as mulheres está relacionado à confiança, a confiar no que sabemos, no que conhecemos. Acredito que exista ainda uma autossabotagem muito forte para as mulheres – que estudam, se informam e trabalham tanto quando os homens, mas que tem dificuldade de acreditar no seu potencial. Como estamos trabalhando sempre com grandes empresas e as mulheres que aqui trabalham são também na sua maioria mais jovens, existe muitas vezes um preconceito enraizado em relação a isso."
"Acredito que o principal desafio está relacionado ao que foi citado acima. É um desafio diário, a mulher confiar na sua capacidade."
"Estude e se interesse pelas pessoas. Tudo, qualquer categoria estudada dentro do universo de pesquisa de tendências, tem comportamento por trás. Faça cursos relacionados a isso – antropologia, semiótica, sociologia. E até campos menos óbvios (acredito que a educação não se restringe a modelos tradicionais de ensino): cursos de astrologia, de comunicação não violenta, sobre o feminino e o feminismo são exemplos disso."
"Essa pergunta é mais ampla, então vou falar dos temas mais fortes dos últimos desfiles internacionais. Romantismo exagerado: nos desfiles de verão 19/20 as marcas apostaram em uma feminilidade excessiva, vestidos fluidos, com babados, laços, estampa floral, renda, laise, etc. Trata-se de uma feminilidade de mulher boneca, meio antiga. Falamos da força da mulher acima, e o feminino pode caminhar em conjunto com isso. Não se trata de um ou outro. Anos 2000: também percebemos esse resgate nos desfiles. Um estilo neo rave, trata-se de uma atualização low tech dos 80. Aparece em desfile mas trata-se de uma tendência de rua também."
"O fortalecimento das redes pode ser por um lado muito positivo, pois hoje pessoas de diferentes regiões, estados e cidades tem acesso à informação. O que acontece no Brasil é que existe uma proliferação de notícias falsas (o país é um dos maiores disseminadores de fake news hoje no mundo), então fica cada vez mais difícil controlar a qualidade e veracidade de informações. Vivemos uma dicotomia no que envolve a comunicação hoje."
"Versatilidade (peças que podem ser usadas em diferentes ocasiões), atemporalidade (peças que podem ser usadas em diferentes momentos da vida, de peças antigas a peças novas, mas que tenham durabilidade) e peças que sejam feitas por empresas menores e mais responsáveis."
"Acredito que o nosso papel no evento é trazer essa visão mais global de tendências e, junto a isso, uma visão também local sobre a comunicação por aqui."