Fashion at Work: Juliana Gimenez

por The Look Stealers

Confessamos que sentimos uma pontinha de orgulho quando vemos um brasileiro fazendo sucesso internacional. Esse foi o sentimento que a Ju Gimenez nos despertou ao contar sua trajetória para se tornar stylist. Atualmente radicada em NY, a Ju já participou de projetos para vários veículos incríveis, como Vogue e Dazed and Confused, além de ter trabalhado com nomes de peso da indústria fashion, como Carine Roitfeld, ex editora-chefe da Vogue Paris, e Giovanni Frasson. 

Ela abriu pra gente uma porção de coisa bacana e, modéstia à parte, a entrevista ficou super rica! Como não queremos estragar a surpresa vamos parar por aqui e deixar que você descubra todo o resto sozinha. Preparada? 



Fashion at Work: Juliana Gimenez

Ishi, vamos lá. Fiz administração no COC/GV na minha cidade, em Ribeirão Preto, por livre e espontânea pressão dos meus pais. Depois de 2 anos não aguentava mais, queria muito ir para o ramo da moda, então prestei Santa Marcelina. Passei super bem colocada e fui para São Paulo.

Fiquei por 2 anos e fui fazer um curso em NY. Me apaixonei pela cidade! Durante esse mês, resolvi tudo que precisava resolver em NY e fui para o Brasil apenas para entregar apartamento, trancar faculdade, pegar visto essas coisas.

Meu visto tinha uma previsão de chegada e assim que ele chegou, coloquei as malas no táxi e fui pro aeroporto. Comprei a passagem do celular a caminho - bem louca! Em NY, consegui transferir alguns créditos tanto da faculdade de administração, como da de moda. Porém não durei muito lá também: depois de 3 meses em NY, consegui um estágio com a stylist Jessica Bobince e deixei a faculdade um pouco de lado.

Fazia só trabalho incrível, capa com Naomi para V Magazine, trabalhei com Carine Roitfeld, Robbie Spencer na Dazed and Confused, varias Vogues. Amava tanto meu estágio, e trabalhava tanto, que a faculdade era a minha última preocupação. O que aconteceu? Fui expulsa por falta!

Resumo da ópera, nunca me formei em nada! Não aconselho esse caminho para ninguém, foi acontecendo e para mim deu muito certo. Mas acho que sou exceção.

Fashion at Work: Juliana Gimenez

A parte mais legal acho que foi na Santa Marcelina, que é uma escola super tradicional por onde grandes nomes da moda brasileira passaram. Eles incentivam a descoberta do seu próprio processo criativo e a singularidade de seu trabalho.

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Ego! Muitas pessoas nesse business têm o ego maior que o talento. Sou a favor de trabalho duro e dedicação. Todos que estão nessa área, vieram por amor, e isso tem que refletir no nosso dia a dia. Não entendo o pessoal que é grosso ou maldoso porque acha que tem que vestir um papel de Miranda Priestly.

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Após um curso de produção de moda na escola São Paulo com o então diretor de moda da Vogue Brasil, Giovani Frasson. Mal sabia eu, naquela época, que viríamos a trabalhar juntos alguns anos depois. Sou muito grata a ele.

Fashion at Work: Juliana Gimenez

Para um editorial, a inspiração pode vir de qualquer lugar, é extremamente artístico o processo. Quanto mais original melhor. Depois da ideia pronta na cabeça, tentamos passar isso para o papel em forma de mood board, para que todo o time entenda o que queremos realizar. O único cuidado que temos é de coordenar com as tendências da passarela, pois é de lá que iremos pegar as roupas e queremos que essa didática seja passada para o leitor da revista, que vai ficar antenado do que há por vir.

Quanto à logística, é uma dança louca para coordenar as datas de todos envolvidos, modelo, fotógrafo, stylist, locação. Isso tudo dentro do deadline passado pela revista.

Já a campanha tem um processo diferente, partimos da necessidade do cliente, do público que ele atinge e da imagem que ele quer passar. Depois de termos essas informações, criamos uma forma original e interessante de vender o produto.

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Mais fácil falar de onde não busco inspiração! Realmente pode vir de qualquer lugar. Uma vez estava em uma feira de antiguidades e achei uma caixa cheia de fotos antigas. As fotos eram de um aniversário de uma senhorinha, devia ter uns 80 anos, todos dançando de chapeuzinho, bebendo, super cool. Pesquisei mais imagens parecidas e fiz um mood board para um editorial. Ainda está para sair, então ja já vocês vão ver no meu Insta. :)

Fashion at Work: Juliana Gimenez

Sempre acompanho todos os desfiles assim que saem, compro muitas revistas e livros, sobre vários assuntos diferentes, não necessariamente moda. Porém sempre de imagens, não tenho concentração para ler por muito tempo. Estar sempre na rua também ajuda, os jovens de NY são mais antenados que muito bureau de estilo. Existe uma vibe de inconsciente coletivo muito forte aqui. Você percebe claramente que existem tendências de rua, além das de passarela.

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Gostei muito de ter feito a capa de aniversário da Elle Brasil de maio. Colocamos 2 meninas na capa e deu muita repercussão, inclusive internacional. Por serem duas meninas dividindo um momento de afeto concluíram que eram um casal gay. Porém minha intenção e a do Will (Vendramini, fotógrafo) era além disso. Eram duas meninas que se amam, independente da relação que elas têm. Pode ser um amor de amiga, de irmã, ou de namoradas. Para cair com o preconceito, é preciso cair com as “labels” também.

Mas mesmo assim o assunto foi muito bem recebido e a repercussão extremamente positiva. Foi um dos trabalhos que mais gostei, muito especial.

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Fashion at Work: Juliana Gimenez

Adoro tomar um café da manhã tranquilo no Butchers Daughter. Passar um dia de thrift shopping em Bushwick (Reuse America Vintage, Street Fever, Le Point Value, Urban Jungle).

Para drinks, amo o The Blond para um Dirty Martini bem feito, o Elvis Guest House para quando você quer uma musica tão alta, que mal consegue ouvir seus pensamentos. The Bitter End para conhecer novas bandas (é o bar onde a Lady Gaga foi descoberta). E o novo hotspot para dançar é o PUBLIC. Estou adorando, galera cool e musica boa.

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Vamos ver muita influência western por aí. Os chapéus no desfile da Ashley Williams, botas no Calvin Klein, cintos de fivela da Nina Ricci. A alfaiataria também esta vindo fortíssima, porém bem despretensiosa, usada com jeans, camisetas, vibe anos 90. E estou apostando no vermelho para a cor do próximo inverno, vai ser o tom curinga do armário.

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Eu tenho uma regra: tudo fica melhor com jeans, com um bom jeans. Dá para fazer o teste, pense em qualquer peça do seu armário, coloque ela com jeans. Dá um cool instantâneo! O mesmo serve para a camisetinha branca, que fica incrível por baixo de vestidos para um look dia, ou com um smoking para um evento mais chic.

Fashion at Work: Juliana Gimenez

O mais legal do meu trabalho é a falta de rotina, posso estar um dia fotografando em NY, pelas ruas ou em estúdio. Já no próximo, uma campanha nas geleiras da Islândia, ou deserto do Marrocos. Porém a preparação toda é feita em NY, onde tenho um acervo grande e assistentes maravilhosas que já viraram família.

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