Leo Faria tem o trabalho dos sonhos: viaja o mundo atrás das câmeras para registrar os melhores cliques de moda – seja campanha, editorial ou o nosso amado street style. Natural de Minas Gerais, Leo já perdeu a conta dos carimbos no passaporte nos mais de 10 anos de estrada. Mas uma coisa é certa, de Paris a Hong Kong, Tailândia a Atacama, Dubai a Los Angeles, ele não perde um clique!
A gente bateu um papo muito legal com o mineiro, que contou tudo sobre como é viajar pelo mundo fotografando as estrelas de street style, como virou fotógrafo e até quem ele sonha em clicar um dia. Está imperdível, vem ler:
Trabalho com moda há mais de 15 anos. Depois de ser diretor de criação e de arte em algumas agências de publicidade em Uberlândia, Minas Gerais, estruturei minha própria agência focada em moda. E foi acompanhando as fotos dos catálogos que minha paixão pela foto começou a se revelar. Era difícil passar para o fotógrafo o que eu realmente queria e, então, decidi colocar a mão na massa. Depois que fotografei meu primeiro catálogo, não parei mais: fotografava, dirigia e fazia a criação das campanhas. Fui professor universitário de Fotografia e Criação Publicitária durante 4 anos, e há 9 montei meu estúdio em São Paulo, exclusivamente focado em fotografia de moda e comportamento.
As campanhas de moda são complexas, envolvem estudos que partem de um tema e passam pelo estado de espírito, direcionando luz, maquiagem, modelos, cenário… É uma imersão gratificante, multidisciplinar e que envolve muitos profissionais. Já o street style é imprevisível, rápido, dinâmico, solitário e livre. Essa contradição entre trabalhos me atrai e consigo tirar o melhor de cada um, e consigo alimentar uma evolução do meu estilo. A verdade é que me apoio nos dois.
Se é fotografia de moda e eu tenho a liberdade de me expressar, este é o meu tipo de trabalho favorito. O novo me atrai e a moda me proporciona isso em cada imagem que crio.
Todas as semanas de moda que fiz street style me proporcionaram montar um acervo bem amplo. Identifico comportamentos, estilos e pessoas interessantes - e não apenas roupas, nem tampouco “stars”. Adoraria cruzar com a Stella McCartney e com a Iris Apfel e não por as considerar street style stars e sim por elas estarem acima de qualquer rótulo.
Acho complicado definir musas do street style, mas tenho admiração pelo comportamento, estilo e atitude de algumas mulheres diante da moda, como a Sarah Harris, Olivia Palermo, Ana Wintour, Helena Bordon e Lala Rudge.
É difícil generalizar. Tenho a liberdade de ser independente e crio minha própria rotina. As semanas de moda são sequenciadas e exigem organização e preparo físico. Conto com o Vagner Fernandes que fica responsável pelo planejamento e comercial, assim consigo focar apenas nas fotos.
Nas semanas de moda internacionais, diferente do SPFW, cada marca desfila em um lugar da cidade e o deslocamento acaba sendo bem cansativo, rouba tempo (às vezes não consigo nem comer) mas também proporciona uma renovação de cenários e inspirações. Vários contratempos também precisam ser enfrentados, como chuva, neve, frio ou calor excessivos. Mas confesso que amo essa correria e dinamismo. Cada clique me faz contar uma história do que está acontecendo.
Minha semana de moda favorita é a de Milão. Me identifico muito com a cidade e com as pessoas. Lá, percebo mais naturalidade no comportamento diante da moda. As composições e o estilo de vestir me inspiram.
Pelo contrário. A linguagem do street style vem sendo apropriada comercialmente pelas marcas como uma forma real de se conectar com as pessoas, assim como as blogueiras fizeram - e continuam fazendo. Porém, o street style está acima dessas apropriações e de outras que por acaso vierem a acontecer, pois sempre vai ser uma maneira de expressar o comportamento das pessoas na rua, diante da moda.
Gosto desta pergunta porque é possível explicitar que o street style é uma via de mão dupla. Ao mesmo tempo que registra o comportamento das pessoas na rua, o que para as marcas é muito inspirador, também registra a influência das marcas nas pessoas.