Antes de tudo, vamos às apresentações: Kellie Brown é nascida em Nova Orleans, nos Estados Unidos. Sempre foi apaixonada por moda e, como não poderia ser diferente, acabou se tornando blogueira, influenciadora e escritora - tudo em torno do mundo fashion.
Apesar da moda ser um amor que Kellie carrega desde pequena, ela também é uma área ingrata para a fashionista. Como sempre foi gorda (não, não tem nenhum problema em usar esse termo - afinal, ele é um adjetivo, como magra, alta, baixa e etc, e precisa ser desvencilhado da conotação negativa), nunca se viu nas passarelas ou revistas e raramente encontrava peças que gostasse, o que exigia dela uma criatividade extra na hora de escolher os looks. Ela diz até que costumava procurar por suas roupas em brechós, seções masculinas ou em qualquer lugar que não fosse as lojas destinadas para o público plus size, nas quais só é possível encontrar itens que parecem feitos para mulheres mais velhas, que querem esconder seus corpos, que não têm interesse em moda e têm medo de usar cores, segundo ela.
Mas não era só o mundo fashion que parecia excluí-la. Kellie relata a impressão que tinha de que não se encaixaria em lugar nenhum em sua carreira, já que os filmes só retratavam meninas gordas como alvo de piadas e bullying pela "menina magra e popular do colégio". Até que se deparou com ninguém menos que Fern Mallis (a.k.a. criadora do que conhecemos hoje como New York Fashion Week) em um vídeo dos bastidores de um desfile. A primeira reação foi de choque, ao ver que a responsável por uma das maiores semanas de moda do globo também fugia dos padrões. E foi assim que ela entendeu que esse também era seu lugar!
Depois de muitos anos e eventos nos quais era a única mulher gorda, Kellie comenta que finalmente começou a ver alguns corpos curvilíneos nos desfiles de grandes estilistas, mas reconhece que ainda há muito trabalho a ser feito. Ela conta que, no último ano, esteve em um evento do site de roupas de luxo para plus size, 11 Honoré, na NYFW e que, ao ver todas aquelas mulheres - desde as publicitárias e maquiadoras, até as estilistas e modelos - gordas, pensou "Eles dizem que nós não existimos?". Naquele dia, quando foi compartilhar seu look do dia nas redes, foi quando criou a hashtag #FatAtFashionWeek.
Ela pensou nisso com o intuito de que outras mulheres usassem a tag e criassem uma própria versão do street style na semana de moda, já que costumam se ver de fora das fotos tradicionais de street - que costumam focar apenas em mulheres brancas, magras e até mesmo famosas.
Desde então, muitas mulheres incríveis já aderiram à hashtag e têm postado seus looks com ela Instagram afora. Mas Kellie ressalta que não é apenas sobre isso. "É uma forma de lembrar que muitas de nós trabalham nessa indústria, contribuem de forma importante e estão redefinindo como varejistas e publicitários pensam. Estou muito empolgada para continuar impulsionando o movimento e espero inspirar pessoas de todos os tamanhos a se juntarem a nós", completa.