Fragrâncias Naturais vs. Sintéticas: por que o debate?

por The Look Stealers

A indústria da beleza é repleta de tecnologia e inovações, mas existe um debate que permeia a área: os méritos dos ingredientes sintéticos versus os naturais. A pauta é presente desde o haircare até o skincare e, recentemente, virou assunto na perfumaria. Isso porque as fragrâncias naturais conquistaram os consumidores e a mídia através da ideia de construir um mundo melhor através do perfume.

Existem vários fatores que contribuem para o sucesso das fragrâncias naturais, como a preocupação com a sustentabilidade e até mesmo o momento pós-pandemia, onde repensamos todos os nossos hábitos e costumes. Se de um lado da indústria as fórmulas naturais só trazem benefícios, quando se trata do perfume, levanta-se o questionamento crucial: as fragrâncias sintéticas são realmente ruins? Mas mais do que isso: o que cheira bem?

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Foto: @ormaieparis (Reprodução/ Instagram)


o uso de material sintético em fragrâncias finas abriu portas para um novo modo de produção de perfumes.

Foi em 1868 que o químico britânico William H. Perkin criou a primeira versão sintética da cumarina, um composto aromático natural encontrado na fava tonka que cheira a baunilha e feno. Uma década depois, a criação tornou-se barata o suficiente para ser usada em fragrâncias comerciais, já em 1882, a cumarina sintética estreou no mercado com Fougère Royale da grife francesa Houbigant.

Este foi o marco do primeiro uso de material sintético em fragrâncias finas, que abriu portas para um novo modo de produção de perfumes. Agora, os perfumistas não precisavam mais depender de materiais naturais que, muitas vezes, só podem ser utilizados em determinadas épocas do ano, de acordo com o cultivo, produção e colheita dos ativos. 

Desde então, os ingredientes sintéticos têm impulsionado a indústria de perfumes, participando de diversos perfumes reconhecidos mundialmente. Chanel nº 5, por exemplo, lançado em 1912, sobrepôs aldeídos – uma classe de compostos sintéticos com cheiro de sabão e “limpo” – com florais familiares como jasmim e ylang-ylang, criando um perfume diferente de tudo no mercado e que até hoje conquista fãs.

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Foto: Dior (Reprodução)

Outro clássico da perfumaria que conta com aromas sintéticos é o Dior Eau Sauvage. O Hedione, sintetizado pela primeira vez em 1958, dá ao perfume a sua marca registrada, a doçura crocante. Hoje, a Cumarina de Perkin é usada em tudo, desde o perfume Tom Ford Lost Cherry até desodorantes Axe.

Há quem considere os sintéticos da mesma forma que os naturais, ingredientes extraídos de matérias-primas como flores ou frutas cítricas. As fragrâncias naturais têm uma longa história, sendo usados desde Egito Antigo até a Grécia, mas hoje, voltam aos holofotes. É claro o aumento da preocupação em torno de produtos químicos como ftalatos e parabenos, o que causa um interesse e surgimento de mais marcas de perfumes que possuem como pilar fragrâncias naturais.

Esse aumento de interesse leva à pergunta que fizemos no início do texto: afinal, o que cheira bem? De um lado, os defensores das fragrâncias naturais alegam que os sintéticos - que muitas vezes são mais pesados e duradouros - sobrecarregam os sentidos, como se você pudesse sentir o cheiro de alguém do outro lado da sala. Já quem defende as fragrâncias sintéticas diz que é por um bom motivo que esses ingredientes estão presentes na perfumaria há muitos anos, eles ajudam a adicionar dimensão, sofisticação, precisão, longevidade e estabilidade à fragrância.

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Foto: Floris London (Reprodução)

Além disso, muitos acreditam que os perfumes deveriam ser feitos recriando cheiros naturais, em vez da colheita de recursos naturais. O sândalo, por exemplo, está em extinção devido à extração excessiva. Então, chegamos a outro debate constante na perfumaria, a sustentabilidade, já que o termo não é regulamentado, assim como a “clean beauty”, o que torna mais complexo para o consumidor entender o que realmente é sustentável, já que cada marca pode ter o seu padrão.

Segundo o Highsnobiety, “a ascensão da beleza limpa desempenhou um papel importante no aumento do medo de aditivos não naturais, incluindo ingredientes de fragrâncias sintéticas. Mas sintético não significa necessariamente “mau” – por exemplo, os citrinos sintéticos são mais suaves para a pele do que os óleos cítricos naturais, que podem provocar comichão e ardor.”

A conclusão para a pergunta que permeia o texto, então é que, na verdade, não existe certo ou errado quando falamos de fragrâncias naturais e sintéticas. No fim, são os gostos e preferências pessoais que irão determinar qual o melhor tipo de perfume, assim como o estilo de vida. Há quem consuma fragrâncias naturais porque acredita nos valores que estão por trás das marcas, mas por último a decisão está no mesmo critério: o cheiro.

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