História da moda: Prada

por Beta Weber

Dando continuidade à nossa coluna, criada para compartilhar os momentos mais especiais da moda através da história de grandes marcas, décadas, personagens importantes, peças icônicas e criações inesquecíveis, compartilhando detalhes de passagens que merecem ser revisitadas, nossa escolhida da vez para ser tema da #StealTheClass, é a reverenciada, Prada.

Conhecida por sua moda cerebral e prática com toques de irreverência apelidada de Ugly chic, e lógico, por sua lendária diretora criativa, Miuccia Prada, digna de idolatria e fãs mais que empolgados que se identificam com sua capacidade ímpar de unir aspectos intelectuais, ideias dissonantes, influência artística e traduzi-los em produtos de apelo inegável e qualidade idem. 

É difícil desassociar o nome da marca ao de Miuccia, afinal, são praticamente sinônimos, mas o começo da narrativa ocorreu bem antes do nascimento dela, há mais de 100 anos. E é essa trajetória, de sua origem até a transformação em império de luxo bilionário, comandado por uma mulher de espírito revolucionário, paixão pelas artes e impulsionada por um romance- com final feliz- que a gente conta a seguir.

_o início

A concepção ou o Big Bang aconteceu em 1913, quando dois irmãos, Mario e Martino, decidiram abrir a Fratelli Prada, uma loja especializada em artigos de couro e acessórios para viagem, voltada para público nobre e localizada em um dos pontos mais importantes e imponentes de Milão até hoje, a Galleria Vittorio Emmanuele II, símbolo máximo de luxo e considerado um dos shoppings mais antigos do mundo. O local escolhido foi estratégia para atrair o público alvo e a mira foi tão certeira que em 1919, se tornaram fornecedores oficiais da Casa Real da Itália, título que sacramentou seu lugar de prestígio.

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Foto: Mario Prada (Reprodução)


Conhecidos pelo uso de materiais raros, qualidade extrema e a decoração barroca e opulente da loja, o  negócio seguiu obtendo êxito com sua reputação tradicional e elegante até que, depois de muitos anos, uma das filhas de Mario, Luisa, assumiu o comando. Fato surpreendente, já que no período dos anos 50, as mulheres não tinham o hábito de trabalhar fora de casa, porém como os filhos homens não manifestaram interesse na continuação do negócio, o fundador teve que abstrair o conservadorismo e aceitar a entrada da filha, marcando aí o início da liderança feminina que se mantém até hoje. 

_a estreia de miuccia prada

Nesse meio tempo, em 1949, Luisa deu à luz uma menina, chamada de Maria Bianchi Prada, também conhecida como Miuccia. Nascida e criada em Milão, Miuccia não demonstrava o mínimo interesse no métier da família e tinha sonhos maiores e idealistas como mudar o mundo. Ativista estudantil, feminista convicta e Doutora em ciências políticas, ela tinha interesses variados que iam de filosofia à literatura passando por cinema e arquitetura. Séria, mas não no sentido formal, sempre fez questão de ampliar seu repertório, estudando mímica por 4 anos e tendo período itinerante se apresentando como parte de uma trupe.

Miuccia Prada - Prada - história da moda - outono - street style - https://stealthelook.com.br
Foto: Miuccia Prada (Reprodução)

Apesar de na teoria, moda lhe soar como frivolidade, ainda mais para sua cabeça feminista, na prática, ela adorava exercer sua criatividade e em meados dos anos 70, se rendeu aos impulsos e foi trabalhar ao lado da mãe como designer de acessórios da Prada. Seu espírito não conformista e suas dicotomias internas podem ser observadas em suas suas coleções, sempre questionando conceitos, confrontando ideias e transformando suas criações em mais que apenas itens de consumo. A suntuosidade e tradição herdadas do avô ganharam a companhia de seu espírito revolucionário e purismo intelectual selando o início do quebra cabeças fascinante que é a Prada.

_os códigos atemporais

O savoir-faire no domínio da produção de artigos de couro e o esmero na execução. A valorização da durabilidade, através do cuidado minucioso em desenvolver tecnologias, mão de obra qualificada, priorizar matérias-primas e controlar todos os estágios de produção, garantindo resultados impecáveis. Concentrando a ideia de luxo no espírito artesanal, mas elevada a nível industrial. 

Além da preocupação estética, seus  produtos contém uma praticidade refinada, onde moda e funcionalidade se encontram, Prada nunca é apenas sobre roupas, o intelecto permeia todas suas coleções e seus looks carregam ideias e estimulam reflexão. 

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Foto: Prada (Reprodução)

Elementos contrastantes  se encontram e se complementam na harmonia dos opostos que é parte fundamental da essência da marca, refletindo sem receio as contradições humanas: feio e sublime, vulgar e chique, feminino e masculino, austero e ousado, Miuccia é adepta de experimentações e abraça os contrastes existentes na vida sem nenhum medo de ultrapassar limites, questionar e emprestar um olhar novo ao clássico. Avessa à tradições e detestando clichês, seu espírito provocador alia irreverência e bom humor à olhar intelectual alimentado por suas inclinações acadêmicas, Prada sempre passa pelo mental, porém nunca se leva tão a sério a ponto de cair na mesmice ou no vazio.

_as marcas registradas

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Foto: Prada (Reprodução)

Alguns elementos e peças chave vem à mente imediatamente quando se pensa em Prada, começando pelo Couro Saffiano patenteado em 1913, a técnica adiciona uma camada extra ao couro, tornando-o à prova d’água e arranhões que protege e cria uma superfície texturizada. Utilizado em diversos produtos da marca, a bolsa Galleria, batizada em homenagem ao local da primeira loja da grife, é o exemplo mais famoso.

Foto: "Vela" de nylon Pocone (Reprodução)

Seu material icônico, foi protagonista de um dos momentos mais importantes da marca, a criação, nos anos 80, do primeiro best-seller: A mochila "Vela" de nylon Pocone, um tipo mais resistente, usado normalmente para confeccionar barracas militares e paraquedas do exército italiano. Bem funcional, era usado pelo avô de Miuccia para proteger os baús produzidos ainda na Fratelli. Porém, com sua capacidade visionária, a Sra. Prada identificou uma alternativa perfeita ao usual couro, que tinha muito mais a ver com sua essência criativa, unindo design e utilidade: Em formato de uma mochila bem clean, passando sua ideia de anti status, sofisticada e simples, prática e minimalista que ia radicalmente contra os excessos típicos da década, e serviria como prenúncio do minimalismo esportivo que dominaria a moda em anos futuros. O náilon está presente em inúmeras criações além de bolsas, passando por acessórios e pela coleção prêt-a-porter.

A placa, em formato de triângulo invertido, simples, geométrico e instantaneamente reconhecível apesar de sua discrição, vem da época do fundador e é mantida até hoje surgindo em produtos que vão de bolsas à acessórios como os brincos lançados no Verão 2021.

O gosto por utilidade fica aparente em seu fascínio por uniformes, dos hospitalares, passando pelos acadêmicos, tipo college, até os militares, eles causam fascínio por seu caráter prático e funcional. Aliás, Miuccia é famosa por ter sua versão metafórica de uniforme que consiste em saia midi e suéter, usando versões desse combo quase que diariamente.

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Foto: Prada (Reprodução)

Essa silhueta anos 50 é também um dos elementos recorrentes de suas coleções, assim como saias plissadas e sapatos mais pesados, sempre subvertendo e trazendo uma certa austeridade para contrapor à irreverência. A tônica bem humorada e a vontade de desafiar padrões garantem uma excentricidade refinada com toque retrô, reconhecível principalmente em sua predileção por estampas geométricas típicas dos anos 60 e 70, mas apoiadas por pensamento moderno. Tudo que na teoria pode parecer impossível, funciona muito bem na sensibilidade única e pensamento independente de Miuccia.

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Foto: Prada (Reprodução)

Iconoclasta, ela adora repensar propósitos, desafiar conceitos, derrubar paradigmas e reapropriar elementos em um contexto inusitado e inesperado. O mix de materiais funcionais em contexto de luxo; o uso de renda, plástico, látex e até fragmentos de espelho em composições de cunho imprevisível. Cartela de cores inusitadas, um mix & don’t match,  descombinando estampas extravagantes e texturas variadas, oferecendo ponto de vista inovador e funções novas para elementos clássicos como bordados que saem do habitat natural de glamour surgindo em peças simples ou esportivas.

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Foto: Prada (Reprodução)

Sempre guiada pelo intelecto, quando se fala em espírito rebelde e impulsos disruptivos isso não se traduz em estética punk e rock'n'roll necessariamente, como tudo na Prada, o caráter transgressor fica aparente no campo das ideias e na recusa de fazer o que é esperado. Na prática, a reapropriação de material utilitário náilon como protagonista de uma bolsa de luxo; a coleção de estreia no prêt-à-porter feminino em 88, com linhas minimalistas e uniformes de alfaiataria indo radicalmente contra a ostentação vigente da época; a ousadia de querer acrescentar praticidade e funcionalidade à itens considerados "fúteis" como acessórios de moda; uma coleção retrô de cartela de cores inesperada em meio a febre do minimalismo sexy nos 90s; sensualidade extravagante quando todos esperavam silhuetas anos 50 e apelo geek e o constante mix despreocupado de estampas completamente diferentes com intuito de descombinar. Seu processo é guiado por instinto tanto quanto pelo pensamento. Se a multidão aponta para um lado, ela opta pela direção inversa já que seu interesse está na provocação e na troca de perspectiva. Até porque ela considera beleza algo superestimado, pelo menos nos moldes clássicos.

_casamento na vida e nos negócios

Prada fala de complementos e intersecções e continuando essa temática, um encontro do destino em 1977, introduziu uma nova peça fundamental para a construção de seu sucesso. Esse capítulo, com contornos de romance, ingrediente fundamental para uma boa saga, alteraria para sempre não só a vida dos envolvidos e a trajetória da marca, mas também a história da moda como um todo: Reza a lenda que enquanto passeava por uma feira de fornecedores, Miuccia se deparou com um stand vendendo réplicas das bolsas da Prada, porém sem a etiqueta familiar. Indignada, foi prontamente confrontar o responsável pelos produtos, que atendia pelo nome de Patrizio Bertelli, seu futuro marido e Co-CEO. Contrariando a máxima de "a primeira impressão é a que fica", apesar da antipatia inicial,  Bertelli conduziu a situação de maneira tão magistral que transformou a saia justa em oportunidade ao sair de lá como novo fornecedor da Prada, graças à sua habilidade e sagacidade, mas também pela qualidade das cópias que deixaram Miuccia muito impressionada.

Patrizio Bertelli, Miuccia Prada - Prada - história da moda - outono - street style - https://stealthelook.com.br
Foto: Patrizio Bertelli, Miuccia Prada (Reprodução)

Ex-estudante de engenharia, o jovem original da Toscana tinha espírito empreendedor nato e começou a produzir artigos de couro  ao descobrir fornecedores de matéria prima dentro da Itália, reproduzindo versões de itens de luxo mantendo o nível de qualidade, mas com preços bem mais competitivos. Tudo de forma independente em uma pequena fábrica própria. A união dos dois foi complementar e imbatível, trazendo a junção de criatividade e empreendedorismo, o tino empresarial e uma super intuição dele com o talento genial e excentricamente sofisticado dela com estratégias inovadoras, controle minucioso de todos processos e ciclos de produção. Mas engana-se quem acha que Bertelli é um típico executivo, focado em transcender idéias convencionais, sua ousadia nos negócios é comparável à de Miuccia no design e compartilham a mentalidade que não é a moda que deve mudar a vida, mas sim a vida que deve influenciar a moda e impactar os lançamentos. Detalhista a ponto de escolher o biscoito servido no QG, se envolve em tudo, opinando até na altura dos saltos assinados pela Prada e nas coleções cápsula de bolsas. Apesar do contato inicial tumultuado, o final é feliz: Casaram-se oficialmente em 1987 no dia 14 de Fevereiro, Valentine's day no hemisfério Norte e continuam juntos no amor e nos negócios até hoje.

_expansão

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Foto: Prada (Reprodução)

A capacidade visionária de Bertelli serviu como match perfeito ao talento de Miuccia e as habilidades complementares garantiram que os planos ambiciosos traçados pelo futuro CEO funcionassem de maneira arrebatadora. Incentivada por Patrizio, Miuccia começou a ampliar sua oferta de produtos através dos calçados, ainda em 1979, com a primeira coleção de roupas prêt-à-porter em 1988, seguida pela masculina em meados dos anos 90.

Prada Green - Prada - história da moda - outono - street style - https://stealthelook.com.br
Foto: Prada Green (Reprodução)

A abertura de lojas próprias espalhadas pelo mundo também foi essencial na concepção do império, firme nos valores da marca, a ambientação dos locais seguiu a linha da grife, com interiores pintados em um tom de verde específico, hoje conhecido como Prada Green e ambientes que remetem à artes e demonstram a paixão deles por arquitetura.

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Foto: Prada (Reprodução)

O plano logo seguiu com a criação de marcas próprias: A Miu Miu nasceu em 1993, casual, sofisticada e mais jovem, batizada com o apelido de infância de Miuccia e a Prada Sport, lançada em 1995 continuando até os primeiros anos do milênio, foi rebatizada e relançada com o nome de Prada Linea Rossa, em 2018. O título significa literalmente Prada linha vermelha, e o elemento presente em toda a comunicação visual que serve como logo. Iniciada bem antes dos esportes terem lugar no mercado de luxo dentro das marcas tradicionais, seu potencial foi identificado por Miuccia, aproximando-se da cultura streetwear e hip-hop. O tênis America's Cup,  de 1996, foi hit da época e tem status cult até hoje. Investindo em tecnologia e materiais inovadores, borrando a linha entre moda e praticidade.

Além de diversificar o portfólio com novas aquisições, eleitas para auxiliar na cadeia de produção ou por se alinharem com o universo Prada: Entre elas, a Church’s, Car Shoe, e a Pasticceria Marchesi, tradicional confeitaria Italiana, brevemente também contando com nomes de peso da moda com Helmut Lang, Alaia, Jil Sander, que já não estão mais sob controle do conglomerado. Entrando também de forma extraordinariamente bem sucedida no campo dos cosméticos, lotada de perfumes fenômenos de venda. 

_a origem do termo "ugly-chic"

Impossível examinarmos a história da Prada sem voltarmos as atenções às passarelas do verão 1996 com a coleção intitulada “Banalidade excêntrica”, mais popularmente conhecida pelo seu apelido de "ugly chic", expressão eleita para descrever a estética desfilada. O ponto de partida de Miuccia para conceber os looks  foi encontrar "o bom gosto no mau gosto" em um estudo de elementos considerados "feios" e misturá-los de jeitos interessantes e desejáveis. Uma equação que incluiu: cartela de cores inesperada composta por verde abacate, tons terrosos e toques de lilás; comprimentos midi; estampas geométricas retro - típicas das decorações duvidosas dos anos 70 - sapatos pesados em versão flat e salto, tudo em um styling com mood bibliotecária. As criações, repletas de tendências que são hit hoje em dia, destoavam muito do clima dominante da época, culminando no apelido. O que para muitos seria ofensa, para Miuccia foi elogio já que ela adora ir contra noções clássicas de beleza. Quase três décadas depois, a coleção continua como uma das mais icônicas de todos os tempos e segue sendo referenciada na Prada e por outros criadores que reconhecem seu apelo vanguardista e sofisticadamente geeky.

_os bestsellers

Sua lista de top hits representa muito bem as dualidades e nuances co-existentes dentro da marca, e seu talento distinto para adicionar ironia e um grau de intelecto aos clássicos. De um lado o apelo minimalista, prático e purista de itens célebres como a Galleria bag, a icônica mochila Vela e outros shapes em nylon re-editados, os bucket hats e mais recentemente a bota coturno Monolith, o mocassim chunky, o scarpin de bico finíssimo e a bolsa Cleo.

No time maximalista e irreverente, membros como o oxford com flatform listrada, os óculos de desenhos rebuscados e a estampa de banana, trio lançado em outra inesquecível coleção da Prada, do Verão de 2011 chamada de Minimal Baroque. Também no quesito kitsch a sandália Flame, com chamas saindo do salto inspiradas em carros vintage, e as sandálias salpicadas de cristais baseadas em lustres antigos e a tiara almofadada de cetim. Profusão de estampas é habitual, que vão das geométricas, passando pelas florais podendo ter influência oriental ou decoração de interiores, as geométricas e até direto de histórias em quadrinho, como as direto das obras de artistas como Tarpé Mills, a primeira mulher a criar uma personagem super-heroína, chamada de Miss Fury.

_sucessão e novos ares

Lorenzo Bertelli - Prada - história da moda - outono - brasil - https://stealthelook.com.br
Foto: Lorenzo Bertelli (Reprodução)

Transformada em conglomerado de luxo bilionário, Miuccia e Patrizio são o casal mais poderoso da moda, e esse império construído a quatro mãos segue no comando familiar com mais de 80% das ações ainda pertencentes à família, fato extremamente raro para um negócio desse porte. O controle minucioso exercido pela dupla tanto no lado business quanto no criativo, desperta muita especulação sobre sucessão. As dúvidas referentes ao tema começaram a ser sanadas no ano passado através de dois anúncios: A entrada de um dos herdeiros, Lorenzo Bertelli, que seguindo a tradição dos seus pais, têm interesses ecléticos sendo formado em filosofia e ex-piloto de rally. Sua chegada no grupo tem intuito de modernizar e atualizar os processos internos com foco no digital, fortalecendo o e-commerce e a atuação online e também iniciativas inovadoras como o projeto Re-Nylon, focado em sustentabilidade. Tudo aponta que ele será o futuro CEO do grupo.

A segunda e mais surpreendente, foi o anúncio do celebradíssimo estilista belga Raf Simons no papel de co-diretor criativo ao lado de Miuccia, com contrato de prazo indeterminado, a notícia pegou de surpresa a indústria, porém a ligação e admiração mútua entre os dois já era conhecida de longa data. Foi Miuccia quem escolheu o então desconhecido Raf para assumir a Jil Sander, em 2005, quando a marca alemã ainda integrava o portfólio do grupo Prada. Depois de passagens bem sucedidas na Dior e na Calvin Klein e dono de marca própria com sucesso cult, Raf cultiva estética inspirada por moda street, influência esportiva e referências à subculturas, em especial ao mundo da música. Assim como Miuccia, é entusiasta das artes e já colaborou inúmeras vezes com artistas em suas coleções tanto na marca homônima quanto nas grifes que trabalhou. O diálogo, como eles se referem ao novo formato criativo da Prada, ainda está no início, porém pelo que já deu para observar une de forma eficiente as sensibilidades estéticas e as inclinações subversivas características fortes de ambos, trazendo interpretação fresh à elementos consagrados da estética Prada

_prada e arte

Fondazione Prada - Prada - história da moda - outono - brasil - https://stealthelook.com.br
Foto: Fondazione Prada (Reprodução)

A Fondazione Prada nasceu em 1993, com o intuito de ser agitadora cultural realizando ou apoiando exibições de arte, cinema e arquitetura, conferências filosóficas e promovendo intercâmbio entre mídias diferentes, colaborando com museus e outras instituições internacionais. Fruto da relação íntima que Prada mantém com arte contemporânea e artes plásticas, em 2015 ganhou sede permanente localizada em Milão com projeto assinado pelo renomado arquiteto Rem Koolhaas e seu escritório OMA, parceiros frequentes da marca. O ambiente tem vários galpões e espaços para exposições temporárias, salas especiais dedicadas à obras de nomes como Louise Bourgeois, Dan Flavin e Damien Hirst, além de abrigar de forma permanente o acervo pessoal do casal e sua extensa coleção de arte.

Prada Marfa - Prada - história da moda - outono - street style - https://stealthelook.com.br
Foto: Prada Marfa (Reprodução)

É possível que você já tenha se deparado com imagens de uma loja da Prada localizada em lugar inóspito e estranhado a localização: A Prada Marfa, é uma instalação/escultura criada em 2005, pelos artistas Michael Elmgreen e Ingar Dragset, a construção curiosa já nasceu permanentemente lacrada e é localizada no meio do "nada". Inicialmente sem nenhuma afiliação com a marca, o desenvolvimento do projeto acabou ganhando envolvimento do grupo quando o casal Prada tomou conhecimento da ideia. Inclusive, os itens presentes dentro da “loja” foram selecionados  pela própria Miuccia. Tornando-se referência da cultura pop, sua criação colocou a minúscula cidade de Marfa, parte do estado Americano do Texas, no mapa dos amantes de arte contemporânea: Até Beyonce já postou fotos visitando o local. 

_prada e arquitetura

Além das colaborações com Rem Koolhaas que vão das lojas, com projetos mega celebrados como a flagship de Nova Iorque e sets dos desfiles. A deslumbrante construção de Tóquio, assinada por Herzog e De Meuron, até as mais criativas, tipo a bolsa balão, lançada em 2019 em parceria com o arquiteto japonês Kazuyo Sejima, o shape que realmente remete à balões moldados é bem diferente, mas adivinhem? Esgotou em pouquíssimo tempo.

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Foto: Prada (Reprodução)

Acreditando fielmente no conceito que o único constante é a mudança, a marca centenária nunca para de se reinventar e começar novas discussões. Identificando-se ou não com a estética cultivada pela Prada, é inegável seu papel de liderança no universo da moda e sua capacidade ímpar de sempre acrescentar algo novo. Aliás, a Sra. Prada não busca aprovação e sim provocar reações e inspirar melhores ou pelo menos, mais interessantes, jeitos de viver e encarar o dia a dia, lutando contra a zona de conforto e desafiando o status quo.

_quer mais?

Para assistir: “O diabo veste Prada” pode ter ajudado a inserir o nome da marca ainda mais na cultura pop, mas suas contribuições ao cinema vão bem além de fazer parte do título do filme baseado no livro de uma ex assistente de Anna Wintour, vale registrar que Prada é a marca favorita da editora-chefe da Vogue. Dentre suas colaborações marcantes, se destacam com o diretor Baz Luhrmann, como o vestido de anjo de Claire Danes interpretando a Julieta para o Romeo de Leonardo Dicaprio, no filme Romeu + Julieta, e repetindo a dose em 2013, no figurino do remake de “O Grande Gatsby” mergulhando no acervo da grife para compor os looks dos anos 20. Recentemente, a marca recriou looks de Billie Holiday para o aclamado longa "Os Estados Unidos vs. Billie Holiday". Outro colaborador frequente é o mega cool Wes Anderson, ele já dirigiu curtas para a marca e atacou de decorador assinando o ambiente do Bar Luce, localizado dentro da Fondazione Prada.

Para ler: "Prada Catwalk: The Complete Collections" de Susannah Frankel

Para seguir: @prada @fondazioneprada

Abaixo você confere o vídeo com o resumo dessa matéria:

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