Depois de algumas reviravoltas, uma das semanas de moda mais importantes do calendário, a London Fashion Week, começou na última sexta-feira (16) e acaba amanhã, dia 20 de setembro. Como de costume, estivemos de olho nos destaques ao longo desses últimos dias e hoje, reunimos um compilado de nove higlights que, definitivamente, merecem a nossa atenção.
Do mix urbano e natural que David Koma se propôs a fazer — e o que deu incrivelmente certo —, até os vestidos lingerie feitos por Nensi Dojaka, a LFW conseguiu apresentar coleções marcantes e muito bem pensadas, afinal, ela já é muito bem conhecida por abraças looks, contextos e propostas conceituais, que são muito bem feitas tanto por veteranos da moda, quanto por seus estreantes. E se quiser ficar por dentro de tudo, basta continuar deslizando sua tela e ficar por dentro dos nossos destaques prediletos:
O que pode sair de um "casamento" entre elementos aquáticos, como conchas e estelas do mar, com outras descobertas cotidianas da cidade? Tais como blazers, vestidos com recortes e até mesmo uma calça baggy de cintura baixa? Bom, essa foi a intenção do designer David Koma, que ontem (18) apresentou uma coleção de tirar o folego — mesmo que não estivéssemos de baixo d'água.
Ambicioso, a ideia de Koma foi a de embelezar o urbano com o natural, e pudemos notar isso nos bordados minuciosos nas roupas pretas, ou até mesmo em alguns dos looks com o tão comentando tom de Yvis Klein Blue — que certamente são uma alusão ao oceano. Além disso, é possível encontrar visuais inspirados em redes de pesca. Com um desfile marcante, a temporada de primavera/verão de David não será facilmente esquecida.
As festas nunca mais serão as mesmas no que depender de Michael Halpern, que fez questão de abraçar e explorar looks extravagantes, dramáticos e que roubariam a cena em qualquer evento — algo típico e que amamos durante a London Fashion Week. Aqui, o designer explorou de tudo um pouco, vestidos de animal print e veludo, looks com camadas e camadas de babados, luvas e paetês multicoloridos. Essa é uma coleção que, definitivamente, não conhece limites.
Harris Reed, guarde esse nome, pois, até mesmo Harry Styles já possui o jovem designer em seu radar fashion. O show — sim, show, com direito a apresentação ao vivo do cantor Adam Lambert — que ele quis apresentar era uma representação glam, maximalista e sem julgamentos da “abertura das cortinas para o retorno dos desfiles da fashion week”, e sua popularidade no cenário da moda acabou sendo refletido em um desfile otimista que mostrou os porquês do diretor criativo já ter emplacado tantos sucessos com celebridades e capas de revistas.
Sua inspiração para isso? Crinolinas vitorianas e os dias do ápice dos clubes de Drag Queens em Nova York. O resultado? Incontáveis aplausos no final do desfile, merecidamente, é claro.
Aqui está o DNA de Christopher Kane, que é um fã assumido de combinações de materiais "duvidosos" com outros mais doces e sutis, como a cartela de cores açucarada em tons de verde, rosa e azul. Além do seu elogio à sexualidade como um todo. Na sua coleção de primavera é possível encontrar vestidos e tops com alças transparentes de vinil, saias brancas com renda de lingerie e um vestido — também de vinil — com flores incrustadas, simbolizando o amor e a morte.
E talvez esse tenha sido o maior recado da sua coleção "forense", que aproveitemos nossos corpos enquanto estão aqui e um lembrete que todos nós somos humanos.
Se você gosta de uma sensualidade refinada, então, muito provavelmente, se derreterá pelo desfile de Nensi Dojaka, que veio para mostrar que qualquer um pode ficar bonito com micro-shorts e vestidos com sutiãs de renda embutidos. Como de costume, o foco da coleção são os tecidos e não, necessariamente, uma narrativa esplendida ou com significados muitos profundos.
Mas não, isso não tira o mérito ou diminui a beleza da coleção. Muito pelo contrário, só mostra a polidez, o refinamento e o quanto a designer busca se aperfeiçoar a cada ano — mostrando que as silhuetas desfiladas merecem um destaque nos maiores tapetes vermelhos da próxima temporada.
O desfile da Chopova Lowena é o que chamamos de multiplicidade de visuais. Foram os mais variados tipos de estampas, cortes, jeans, malhas com desenhos divertidos feitos à mão e até mesmo um pouco de alfaiataria. Atrevo a dizer que alguns dos visuais até resgatavam uma energia punk bem caricata — mas não de forma ruim — e mais colorida.
Aqui, nenhuma das designers pensaram na definição de homem ou mulher, mas sim, em pessoas, o que ficou bem evidente, já que, assim como JPG nos anos 80, alguns dos homens desfilaram com kilts e saias colegial. Acompanhado disso, estavam alguns acessórios ousados como botas de pelúcia e óculos futuristas — o que não espantou ninguém na plateia aparentemente.
Sob o teto do Old Bailey, em Londres, Simone Rocha apresentou uma coleção autêntica e enérgica. “Esta coleção foi uma reação aos últimos anos. Foi sobre aproveitar a emoção sobre uma declaração poderosa e feminina.”, contou a designer a revista Vogue.
E falando em poder, os visuais apresentados carregaram uma energia gótica, mas suave, com mangas bufantes, luvas e véus construídos em várias camadas sob as cabeças dos modelos. Inclusive, uma das preocupações de Rocha era se o público iria tomar todos esses símbolos como uma reação de última hora sobre a morte da Rainha Elizabeth. No entanto, o público ficou de pé para aplaudir Simone.
Erdem Moralioglu é apaixonado por história e é daí que vem a sua inspiração para todas as coleções que são apresentadas. E a título de curiosidade, o designer passa incontáveis horas dentro das bibliotecas de Londres em busca de "mais conhecimento geek sobre museus", e como ele explicou mais tarde, esse desfile foi inspirado pelo trabalho e bastidores dos conservadores de museus.
A ideia de vestir algo por tanto e quase se tornar parte disso, foi o ponto de partida de Erdem, que, em uma projeção super imaginativa, produziu todos os tipos de estampas, silhuetas e detalhes.
Com muitas referências a coelhos, a coleção de primavera/verão apresentada por Daley, foi baseada em cartas de amor entre Vita Sackville West e Violet Trefusis — livro que traz as cartas de amor trocadas entre duas escritoras entre os anos de 1910 e 1921. Isso nos explica o começo fúnebre que o jovem designer escolheu. “Foi por volta de uma época juntas no sul da França, quando Violet se vestia como um homem, com um casaco comprido, e elas podiam se passar por um casal. Uma época em que eles pudessem desfrutar do amor livremente.”, explicou em entrevista.