A Milano Fashion Week, mais conhecida por receber nomes como Prada, Versace e Gucci no seu calendário oficial, começou suas apresentações no meio da semana (21/09), com Diesel e Roberto Cavalli, e termina no domingo (25/09) com Giorgio Armani e Ferrari. Depois, ela abre alas para a semana de moda de Paris — uma das mais aguardadas e aclamadas de todas.
Apesar de frequentemente receber coleções indiscutivelmente lindas e deslumbrantes, não é possível fechar os olhos para a falta de diversidade que, infelizmente, ainda é um problema que precisamos questionar durante a MFW. Afinal, outras semanas como Londres e principalmente Copenhagen, vem lutando para que os casting sejam mais diversos e que representem todos os tipos de corpos e etnias dentro dos desfiles — e acredito que Milão pode beber um pouco dessa fonte.
Mais abaixo você acompanha alguns dos destaques que marcaram a Milano Fashion Week e te contamos um pouco mais sobre o por trás de cada um deles, vem ver:
“Bem-vindo a Twinsberg”, foi bem assim que os convidados do desfile de Alessandro Michele foram cumprimentados em seu e-mail. Então, me questionei e pensei que já havia visto isso anteriormente, foi então que me recordei do Met Gala deste ano, quando o designer e o cantor Jared Leto apareceram com o mesmíssimo look no red carpet — será que ali já era um spoiler do que estaria por vir? Acho que sim. Inspirado por sua mãe e a irmã gêmea dela, Twinsberg é um show a parte.
Nos 68 visuais apresentados, é praticamente impossível não enxergar o atual DNA Gucci ali. Sportswear sofisticado, estampas únicas com vislumbres setentistas, glamour de tapete vermelho, paetê e alfaiataria, tudo isso contempla a grife e o que Michele vem fazendo ao longo dos anos. Alguns outros detalhes que retomam o que Tom Ford, um dia, propôs, também eram visíveis. Mais uma vez, a marca reafirma sua nova era e abraça o estranho, o esquisito, mas de uma forma que só Alessandro sabe como fazer. É, realmente, de se tirar o chapéu.
Ninguém tem um humor tão divertido quando Jeremy Scott, isso é um fato e, dessa vez, o designer "mergulhou" de corpo e alma na sua coleção com suas boias coloridas. Entretanto, o significado dela é mais "profundo", já que o diretor criativo procurou levar a alta da inflação — moradia, alimentação, e a vida no geral —, para dentro das passarelas, por isso a jogada com o acessório de natação.
Dito isso, todos os looks do desfile possuíam um detalhe inflável, tanto os ternos e vestidos mais elegantes, quanto os demais mais caricatos, provando que o desfile poderia ser tudo, menos parado. O que deu a entender foi que essa coleção trouxe um ponto de apoio, uma válvula de escape para dias nem tão alegres assim. Bom, Jeremy Scott prometeu uma festa na piscina e entregou tudo e mais um pouco.
Glenn Martens colocou a Diesel no mercado e holofotes novamente, e segue fazendo isso de uma maneira muito inteligente, afinal, cera de 3 mil pessoas conseguiram garantir ingressos gratuitos para prestigiar o desfile, e outros 1.600 foram reservados para estudantes. Imagine o quão raro é isso dentro da indústria da moda, onde a maioria esmagadora dos convites fica restrito apenas a um seleto grupo de pessoas que estão ali para criar uma certa influência. Em seu desfile, Martens virou o jogo.
Responsável por revitalizar a marca, o designer conseguiu atrair a atenção de uma geração nova — a prova? 70% daqueles que estavam no desfile tinham menos de 26 anos —, e em seus 4 blocos muito bem explorados, ele mostrou tudo o que eles amam: jeans, utilitarismo, pop e extravagancia. “Esta é a minha receita para Diesel; os quatro ingredientes em que insisto.”, completou Glenn em entrevista. Esse é apenas sua segunda coleção e mal podemos esperar pela próxima.
Em uma coleção que celebra a "mulher Versace moderna", Donatella usou um cenário à luz de velas que imitava o interior de uma igreja. Nessa coleção é possível ver o quanto o retorno do punk — mas, definitivamente, com muita influência do pop —, influenciou a designer na sua jornada na hora de construir os looks. Além disso, daqui já conseguimos ver o grunge fazendo as malas para reviver seus momentos de glória novamente.
Apoiada em uma cartela de cores vibrante — com tons de roxo, pink, amarelo neon e sem se esquecer do preto —, Donatella se aventurou por tendência atuais também, por exemplo, o Barbiecore definitivamente estava por lá e as calças cargo certamente não foram esquecidas.
Inspirado pelo seu filme favorito da Disney, "A Pequena Sereia", Nicola Brognano procurou incorporar um pouco mais de atitude e toques sombrios a Ariel, e isso ficou evidente. Seja por conta das correntes de metal, ou alguns shapes mais góticos dos vestidos que se assemelham a cauda da princesa, e que agora fazem parte da estética da "garota Blumarine" — que está pronta para momentos mais dramáticos no seu look do dia.
Se antes o romantismo com vestidos de seda e detalhes com rosas faziam parte do guarda-roupas das fãs da marca, agora, será necessário arranjar um espaço para blusas com o símbolo da cruz toda cravejada. Brognano mudou os ares, agora estamos falando de uma identidade menos feminina e mais femme fatale, mas ele não deixou de lado seus códigos e sua essência, sim, ainda é possível ver muito dos seus ideais por trás desse desfile.
Uma das coleções mais elegantes da Milano Fashion Week, Ian Griffiths procurou trazer os códigos de vestimenta do armário masculino para o feminino, trazendo inspirações como David Bowie e suas calças de cintura alta e até mesmo Bill Cunningham e o seu tão adorado "uniforme de trabalho". Apesar do foco em roupas sofisticadas e que abraçam o mundo genderless, o designer também conseguiu manter a feminilidade com um punhado de looks florais desenhados à mão ao final da coleção.
A cartela de cores mais neutra ajudou a alavancar ainda mais o proposito de Griffiths com essa coleção, que foge das ideias mais ousadas que os demais designers estão explorando durante a MFW.
Com um ar dramático e um clima de filme de suspense no ar, o desfile da Prada revela uma paixão de Raf Simons e Miuccia Prada por filmes de terror à la anos 60. A coleção é minimalista, mais sombria do que as demais coleções que foram apresentadas anteriormente — e devo confessar que não foi meu favorito, demorou para me acostumar com esse mood que os designers trouxeram para a Milano Fashion Week.
Através de uma frase, Simons disse que os primeiros adeptos da grife — ou seja, a persona Prada —, deverá tomar notas do que vem por aí no que diz respeito aos próximos passos da grife, já que esse desfile está repleto de visões diferentes. Ali você encontra camisolas de seda, sobretudos em tons acinzentados, algumas transparências e macacões com colarinho. Será que o futuro da marca é sóbrio e dramático? Vamos descobrir em breve.
Após trabalhar em inúmeras coleções esse ano, Kim Jones apresentou uma primavera que une tanto a estética original da Fendi, com a sua nova visão de trabalho. Para ele, é interessante que a marca continue com seus tons neutros e característicos, mas, ao mesmo tempo, Jones sente que é necessária uma pitada de frescor com uma cartela composta por verde, rosa e azul.
Para mostrar que está disposto a resgatar um pouco do antigo DNA da marca, o designer apostou em alguns looks que levavam o tradicional logo com o duplo F. Isso apareceu em alguns vestidos e tops transparentes e em um colete de couro cortado a laser.
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