No início do ano a gente fez um apanhado das inúmeras mudanças que impactaram a moda em 2023. A série de eventos, que incluiu escândalos e uma dança das cadeiras sem precedentes, abalou as estruturas da indústria e alterou o cenário de maneira importante. Com o fim do fashion month no hemisfério Norte, grande parte das perguntas deixadas na pauta ganharam respostas e, portanto, lógico que voltamos para fazer o follow up. A seguir, as principais atualizações e algumas novidades para a gente acompanhar.
Antes dos updates, há ainda mais mudanças rolando: No fim de março, Jeremy Scott se despediu da Moschino depois de uma década à frente da marca italiana. Alguns nomes começaram a aparecer como possíveis candidatos, entre eles Alessandro Michele no que seria seu primeiro trabalho desde a surpreendente saída da Gucci. Por enquanto, tudo é pura especulação de fãs, mas estamos de olho aguardando novidades.
balenciaga pós-escândalo
Desde novembro, a maison vem em queda livre devido às graves acusações e subsequente escândalo gerado por anúncios publicitários de conteúdo injustificável. Após algumas declarações desastradas, tanto a marca, o grupo Kering e o diretor criativo Demna Gvasalia optaram pelo silêncio. Por isso mesmo, a expectativa sobre o retorno era tão grande. As diferenças já começaram na escolha de locação, ao contrário das superproduções usuais, dessa vez foi um cenário minimalista e clean que recebeu os convidados, em cada cadeira, um bilhete assinado por Demna declarando o fim da moda como entretenimento, e sim como a arte de fazer roupas, sentimento expressado também através do convite, o molde de uma jaqueta da Balenciaga. O que se viu foi uma recepção morna à uma coleção que visava retornar à sua essência como designer e também da tradicional casa, focando na construção impecável e no rico histórico de Alta-Costura, porém sem renunciar as silhuetas exageradas e mood "estranho" que se tornou sinônimo com a estética da grife. Notável também foi a total ausência de logos nas peças. Fica claro que o desejo é por um recomeço, resta saber se será possível enquanto o designer da Geórgia seguir no comando.
louis vuitton sob nova direção
Na Louis Vuitton, o anúncio de Pharrell como diretor criativo da linha masculina, para substituir o posto deixado por Virgil Abloh, abriu espaço para a discussão sobre credibilidade versus celebridade e se o artista multimídia teria credenciais para ocupar a cadeira contra tantos outros talentos que dedicaram a vida ao métier. Apesar de válida, o caso de Pharrell não é um bom exemplo, já que seu envolvimento com moda e design existe há décadas, tendo co-fundado duas marcas de sucesso e participado de inúmeras colaborações, inclusive com a LV em 2004 e 2008. No fim das contas, todo mundo poderá tirar suas próprias conclusões em Junho, quando for apresentada sua primeira coleção para a gigante de luxo durante a semana de moda masculina de Paris.
miuccia e patrizio bertelli renunciam os cargos de ceo do grupo prada
Com a saída do casal Miuccia e Patrizio Bertelli dos cargos de CEO do grupo Prada, a estilista pode se concentrar em tempo integral à direção criativa da principal marca do grupo ao lado de Raf Simons, e tanto a Prada quanto a Miu Miu vão de vento em popa: Comunicado lançado pelo grupo no início do mês traz previsões otimistas para o novo ano no embalo do relatório financeiro de 2022, que apontou um aumento de 21% no faturamento batendo recorde de crescimento para o conglomerado de luxo.
a estreia de daniel lee na burberry
A estreia mais aguardada da temporada, Daniel Lee na Burberry, finalmente ocorreu apostando forte no DNA britânico, reinventando e injetando energia aos códigos clássicos da casa, em estratégia similar à empregada por ele em seu antigo posto na Bottega Veneta. O xadrez da Burberry surgiu em versão oversized e cores diferentes. O trench coat, peça mais icônica da marca londrina ganhou várias releituras, mas nada de bege. Aliás, no quesito cartela, Lee parece querer fazer para o azul forte, o que fez para o verde Bottega, a cor permeou inúmeros looks, e até a rosa, um dos símbolos da Inglaterra, foi tingida no tom. A flor aparece estampando peças do desfile, o convite e em intervenções gráficas da nova campanha. Um mix de tradição e toques punk com referências claras à Vivienne Westwood e subculturas estiveram presentes deixando evidente o desejo de atrair o olhar da geração Z. Assim como o foco nos acessórios, que inclui inusitadas bolsas de água quente, além de uma seleção de bolsas, chapéus e sapatos adornadas por pelúcia e correntes e botas de shapes variados que devem se tornar best sellers. O resultado dividiu opiniões da crítica e a expectativa agora é descobrir como a proposta excêntrica e jovem de Daniel para a Burberry será recebida comercialmente quando a coleção chegar às lojas.
a nova coleção de nina ricci
Na Nina Ricci, Harris Reed debutou sua visão de feminilidade mais inclusiva, traduzida em uma profusão de cores, volumes e materiais, como veludo e tule desfilados por modelos de gêneros, raças e biotipos variados. Romântica, irreverente e ousada, a coleção reinterpreta os valores da maison francesa em resultado teatral, que não deve encontrar muito sucesso comercial, mas que cumpre o objetivo principal: estabelecer um novo momento, resgatando sua relevância no mercado de moda, além das fragrâncias.
o retorno de phoebe philo
A gente contou que o retorno de Phoebe Philo era especulado para acontecer neste ano ainda e agora é oficial, a marca ganhou um Instagram novinho, ainda sem postagens e a coleção inaugural será revelada e posta à venda simultaneamente em setembro de 2023. Estamos ansiosas para conferir o que vem por aí.