Não acredito que este sapato polêmico será tendência de novo!

por Sofia Stipkovic

Peço desculpas pelo desabafo, mas eu não acredito que este sapato polêmico está virando tendência de novo. Aí você deve estar se perguntando "Mas ora, que calçado é esse?" Quem viveu as décadas de 1990 e 2000 deve se lembrar de um mule telado, geralmente colorido e com bordados de flores. Era um sapatinho simples de tudo e, na época, bem baratinho. 

Eu usei muito na minha adolescência; usava para ir à escola, para sair no final de semana e até mesmo em casa. 

Conhecido mundo afora como Chinese slippers, esse mule bordado tem uma história que vai além do início dos anos 2000 e para te contar que ele está voltando à moda hoje, eu preciso voltar no tempo e explicar um pouco da sua origem. Vamos lá?

Mule bordado tipo chinese slippers.
Foto: @amyphamti (Reprodução/Instagram)


Os Chinese slippers têm uma origem que remonta à China antiga. Esses sapatos são inspirados no calçado tradicional chinês, muitas vezes usados em artes marciais como o kung fu e o tai chi. Feitos de tecido leve, geralmente algodão ou lona, e com solas de borracha ou tecido, esses sapatos eram muito usados por serem flexíveis e super confortáveis. 

Muitos anos depois, nos idos da década de 1960, esse mule bordado começou a ganhar popularidade no Ocidente, acompanhando o crescente interesse por artes marciais e cultura asiática. Inicialmente encontrados em lojas especializadas em produtos orientais, esses sapatos logo se espalharam para mercados mais amplos, se tornando febre novamente na virada do milênio. 

Avançando no tempo, hoje, em 2024, começam a surgir vídeos e fotos desse mule bordado nos pés das fashionistas. E dá para entender o seu renascimento, afinal, estamos em um momento propício para os sapatos polêmicos, com a onda dos ugly shoes e dos furry shoes, por exemplo.

Além disso, é preciso recordar que uma das sapatilhas estilosas favoritas do mundo da moda atualmente é a mesh ballet flats da Alaïa e até mesmo a The Row entrou no samba lançando a sua versão telada tipo jelly shoes

Pessoa usando um trench coat preto longo, combinando com loafers vermelhos de trama vazada. Look minimalista e sofisticado, misturando tendências de moda clássica com um toque moderno nos sapatos. Ideal para dias frescos e ocasiões elegantes.
Foto: The Row (Reprodução/Vogue Runway)

Assim como muitas outras peças tradicionalmente acessíveis, esse sapato polêmico tem passado por um processo de gentrificação. Não entendeu? Explicamos: gentrificação é um processo em que bairros de classe trabalhadora são transformados por investimentos e ocupados por pessoas de maior poder aquisitivo, resultando em melhorias mas também na saída dos moradores antigos devido ao aumento dos custos. Na moda, a gentrificação ocorre quando tendências originárias de subculturas, comunidades menos favorecidas ou simplesmente populares são adotadas por grandes marcas e transformadas em itens de luxo, tornando-se inacessíveis para quem as consumia. 

Basicamente, é o que muitos usuários das redes sociais têm debatido sobre esse mule bordado. Se antes os Chinese slippers eram encontrados por um ou três dólares em mercados populares nas cidades nos Estados Unidos, hoje existem marcas vendendo-os por US$ 15 ou até US$ 160, em uma versão de salto alto. 

Apesar do debate - muito válido, por sinal - e da resistência dos millennials, é indiscutível a repopularização desse item agora, durante o verão no hemisfério Norte, e, possivelmente, nos próximos meses aqui no Brasil, com a chegada do verão 2025. Por isso, fica aqui a pergunta: você já usou esse sapato polêmico? Daria uma chance para ele?

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