O que você precisa saber antes de abrir uma marca de moda

por Fábio Monnerat

O brasileiro é um empreendedor por natureza. Será? Muitas vezes somos obrigados a empreender pelo fato do mercado ainda ser muito fechado. A indústria da moda no Brasil é gigante, mas a grande maioria das empresas são micro e pequenas empresas com um número de funcionários muito reduzido. Empreender acaba sendo uma saída para não ter que mudar de área de atuação.

Há também os que sonham em ter uma marca de moda que vá preencher uma lacuna que ainda não está sendo bem atendida pelo mercado. 

Seja qual for a sua motivação, é muito importante ter em mente que planejar é essencial para ter sucesso. Além do design das roupas, ficar atento a fornecedores, financeiro e distribuição vai trazer mais chances de sucesso para sua marca. Por isso, preparamos um roteiro com os pontos cruciais para que seu negócio tenha mais chances de ser bem-sucedido.

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Foto: Anine Bing (Reprodução/Pinterest)


Vamos aos principais pontos:

1. mercado

Conheça o seu mercado. Antes de lançar qualquer coisa, faça pesquisas, conheça seu público-alvo, seus principais concorrentes e os preços praticados. Entrevistar pessoas pode ser muito útil para entender as motivações de compra, o que eles sentem falta em produtos e comunicação. Essa é uma dica de ouro que muitos acabam ignorando

2. produto

Uma marca precisa ter modelagens que estejam muito bem aprovadas, ter um mix de produtos bem variado: dos básicos que representam a maior parte das vendas até os mais ousados que vão ajudar a criar a imagem que a marca deseja.

3. preço

Produzir pouco é muito caro no Brasil. Ter uma estratégia de preços é fundamental para sobreviver nesse mercado. Construa sua coleção tendo como base os preços que você pretende praticar. Eu não gosto muito de fórmulas, mas vai uma que pode ser útil: 60% da sua coleção tem que ter preços bem competitivos, isso vai te ajudar a vender mais e conquistar novos clientes. 30% com preços um pouco mais altos e peças mais bem elaboradas para que as pessoas experimentem o DNA da sua marca de moda. E 10% de peças com preço livre para que você crie sem pensar nas limitações de materiais e técnicas. Essas peças vão dar a cara da sua marca, vão fazer bonito na vitrine e editoriais. Caso elas não sejam vendidas, não tem problema. A base dos 60% vão te dar caixa para que nada atrapalhe a sua criatividade.

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Foto: Tiff (Reprodução/Pinterest)

4. fornecedores

O maior desafio de todos? Talvez. Ter uma boa rede de fornecedores de insumo e mão de obra é um dos maiores problemas de todos os empreendedores. Antes de começar a se aventurar, conheça o maior número de fornecedores que puder, veja como cada um trabalha, qual o pedido mínimo, prazo de pagamento e prazo de entrega (muito importante ter esse ponto bem claro). 

5. gestão financeira

O famoso calcanhar de Aquiles da maioria dos empresários, principalmente os de moda que, geralmente, não curtem muito essa parte burocrática e distante do criativo. Ter um bom contador é essencial. São muitos impostos e taxas que você nem sabia que existiam.

Outro ponto muito importante é: tenha dinheiro em caixa por uns seis meses pelo menos. O início é muito complicado e trabalhoso. Ter uma reserva vai te ajudar muito a fazer as escolhas certas.

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Foto: @cowgirlluvrr (Reprodução/Pinterest)

6. experiência do cliente

Vou adicionar nesse tópico o branding (gestão da marca), comunicação e marketing. Pense em cada detalhe com muito carinho. Parte da compra é produto e a outra parte é a experiência que o consumidor tem com a sua marca de moda. Embalagem, atendimento e a comunicação com os clientes nas redes sociais fazem parte desse jogo de ganhar o bolso e, acima de tudo, o coração.

Ninguém precisa de mais uma marca de roupas, mas se ela for importante para o cliente e solucionar uma dor/problema que ele tem, as chances dessa pessoa repetir a compra e indicar sua marca são ainda maiores.

7. distribuição

Depois que tudo está pronto bate aquela pergunta: Como vender? Você tem algumas opções, todas vão depender do posicionamento da sua marca. 

Quanto mais detalhado e sofisticado for o seu produto, mais complexa será a venda. Além da roupa o cliente quer uma experiência.

Vamos às principais formas de distribuição/venda da sua coleção:

loja própria

Um espaço com o DNA da marca de moda para que o cliente viva tudo o que foi planejado e pensado, mas é preciso ser muito certeiro quanto a localização. O investimento é alto e os riscos também.

e-commerce

Uma loja virtual é bem mais complexa do que parece. A princípio, a sensação é de que todos e em qualquer lugar poderão comprar de você, mas abrir uma loja virtual sem muito planejamento pode ser uma grande furada. Você precisa pensar na embalagem, contratos com transportadoras, ter um serviço ativo de e-mail marketing e anúncios no Google e Meta. Além disso, as fotos precisam ser ricas em detalhes e a descrição também. Pense que o cliente não está vendo e nem tocando o seu produto.

multimarcas

O atacado é o que segura muitas marcas. Vender parte da sua coleção para muitas lojas vai ajudar muito, mas é preciso estar sempre uma coleção à frente. Quando o varejo está vendendo o verão, as lojas já estão comprando o próximo inverno. Isso vai exigir uma relação muito boa com seus fornecedores.

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Foto: Imani (Reprodução/Pinterest)

dica de ouro:

Só faça consignado da sua coleção com multimarcas em último caso. Avalie se a loja é muito importante para ajudar a posicionar a sua marca no mercado. O maior interesse da loja é vender os produtos das marcas que ela comprou e não vai poder devolver.

Parece muito, mas eu juro que não é. Procure ajuda com profissionais da área e entidades que podem te auxiliar nesse processo: O SEBRAE e os sindicatos do vestuário são ótimas opções. 

No mais, acredite em você, faça as melhores coleções que puder e mostre para todos. Moda, além de ser um negócio, é encantamento e sonho. 

Fábio Monnerat é especialista em branding, e trabalha com conteúdo de moda e marcas no ambiente digital e offline. Agora, ele também assina uma coluna mensal no Steal The Look para falar sobre negócios de moda.

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