O tênis polêmico da Balenciaga e as peças de alta moda que imitam a realidade
Se você tem pelo menos algum tipo de contato com a internet e redes sociais, deve ter visto que recentemente uma grande casa de moda trouxe à tona uma peça super controversa. Sim, se você pensou no lançamento do tênis polêmico da Balenciaga, acertou em cheio. O modelo em questão faz parte de uma linha tradicional da grife espanhola, os chamados ‘Paris Sneakers’, que nessa nova versão chegaram com um visual, no mínimo, bem fora dos padrões.
O design propositalmente danificado desse calçado vai muito além do estilo destroyed comum, que se tornou tão popular nos últimos anos. As imagens divulgadas na campanha da etiqueta, mostram o tênis polêmico da Balenciaga totalmente puído, rasgado e sujo, bom, literalmente destruído. Em meio a tanto burburinho, Demna Gvasalia, diretor criativo da casa de moda, veio a público explicar o conceito por trás do visual provocativo do sapato. Mostrar que o ‘Paris Sneaker’ é um item para se investir uma vez e usar para o resto da vida. Mas todo esse movimento também levantou outras questões recorrentes nesse universo. Vem saber mais:
Podemos dizer que o recente lançamento desse tênis polêmico da Balenciaga, dividiu muitas opiniões, reacendendo antigos questionamentos sobre a indústria da moda e o surgimento desenfreado de tendências. Basicamente, temos em questão dois lados de uma mesma moeda. Enquanto há quem defenda a criação de peças do tipo, como uma maneira de abordar e criticar o capitalismo e as práticas descontroladas de consumo. Outros afirmam que o surgimento desses itens são um desserviço para o meio ambiente, ainda mais se levarmos em consideração os altos custos de produção e do valor final.
Não é a primeira vez que a grife espanhola se envolve em uma controvérsia do tipo. Muito antes do tênis polêmico da Balenciaga, outras peças, que de alguma forma buscam replicar a realidade, causaram um verdadeiro alvoroço na mídia como um todo. Como por exemplo, no ano passado, 2021, um blusão intencionalmente surrado e rasgado viralizou nas redes sociais, principalmente, por seu valor exorbitante de aproximadamente R$18.000. Demna, mais uma vez, precisou explicar sua ideia, alegando que em sua visão de futuro as pessoas passarão a usar suas roupas até elas se ‘desintegrarem’.
Outro item muito polêmico da Balenciaga - que acabou até virando meme aqui no Brasil -, foram as questionáveis botinas tratoradas de nylon propositalmente manchadas de tinta. O modelo dito ‘Paint-Splatter boot’, causou uma verdadeira comoção cômica na internet brasileira ao ser comparada com as botas utilizadas pelos trabalhadores da construção civil, como pedreiros e pintores. Ah, e não foram só as botas que ganharam os respingos de tinta na marca, peças como um blusão de moletom e uma calça também replicavam a ‘estampa’. Mais uma casa de moda que aderiu a um visual um tanto disruptivo para uma de suas peças, foi a Gucci. Em 2019, para sua coleção cruise, a italiana lançou uma nova versão do tradicional tênis ‘The Screener’, o qual tinha um aspecto sujo e surrado. Podemos dizer que, o surgimento de tais peças têm provocado discussões sobre os limites da moda, em relação ao que é tendência e o que se torna uma glamourização de itens cotidianos.
Se analisarmos de um outro ponto de vista, essas peças fashion não causam polêmica só pelo fato de romantizar itens funcionais e essenciais do dia a dia, já que muitas vezes ultrapassam as fronteiras da moda e agridem culturas e a sociedade. Um desses casos foi o da grife italiana Prada, acusada de apropriação cultural por sua coleção pre fall 2020, a qual apresentou uma sandália de couro trançado, muito semelhante às peças encontradas no Nordeste do Brasil. Apesar do modelo - que custava uma bagatela de aproximadamente R$4.400 - ter agradado o público internacional, muitos consumidores brasileiros se sentiram incomodados com a similaridade dos padrões característicos nordestinos. Justamente por querer transformar em ‘mais uma tendência’ - e sem dar os devidos créditos -, uma peça que na verdade é cheia de cultura enraizada.
Louis Vuitton e Carolina Herrera, são outros exemplos de marcas que também geraram controvérsia. Ambas foram acusadas pelo governo do México de se apropriarem de elementos culturais do país para a criação de alguns de seus produtos. Enquanto a label francesa recebeu críticas por ter utilizado de desenhos e bordados típicos do país, Carolina Herrera foi acusada de se apropriar de elementos dos povos nativos mexicanos em sua coleção resort 2020.
Por outro lado, alguns especialistas afirmam que a popularidade desses modelos, como o tênis polêmico da Balenciaga, que muitas vezes esgotam em questão de minutos nos sites das marcas de luxo, também tem muito a ver com status e comportamento social. Ao contrário do que se pode imaginar, as pessoas que compram tais itens não pensam exatamente na estética do produto, mas sim no valor do ‘investimento’ feito. Uma vez que clientes de classe média, que possuem acesso a essas grifes, adquirem itens ‘comuns’, já difundidos e com preços mais baixos, o consumidor com poder aquisitivo realmente elevado, recorre a esses produtos luxuosos de moda com visual mais inusitado e mais caros para se destacar. Ou seja, o modelo em questão pode parecer popular, visualmente familiar, rasgado, destroyed, mas o real o valor está intrínseco ao produto em relação público, que conhece e sabe o valor do item.
É inegável que o assunto divide opiniões e é tão controverso quanto os próprios tênis polêmicos da Balenciaga. Mas e você o que acha disso tudo, qual é o seu lado da moeda?
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