Onde estão meus amigos? Uma reflexão sobre amizade na vida adulta

por Giulia Coronato

Esses dias, navegando pelo TikTok, me deparei com um vídeo de uma menina dizendo que o “império romano” da vida dela era sua melhor amiga de infância e como elas tinham se distanciado no decorrer da vida. O vídeo tinha mais de um milhão de curtidas e mais alguns milhões de visualizações. Entre as centenas de conteúdos que vejo diariamente, esse me fez questionar: por que isso acontece com tanta gente? E por que é tão difícil manter nossos amigos quando crescemos? Ou por que é tão difícil fazer amizade na vida adulta

Falando de uma perspectiva pessoal, eu sempre fui uma pessoa rodeada de amigas, sempre tive meu grupo e costumávamos falar que iríamos estar juntas pra sempre. Fizemos planos, organizamos o casamento uma da outra mentalmente e até combinamos de morar juntas. Mas a realidade foi um pouco diferente. A vida aconteceu, algumas se mudaram, outras engravidaram (eu), e a gente acabou se distanciando. 

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Foto: Friends (Reprodução/HBO)


Sempre ouvi de pessoas mais velhas que nosso ciclo de amigos vai se encolhendo com o tempo, e quando alcançamos a vida adulta e nos aproximamos dos 30, conseguimos contar em uma mão, quantos amigos temos. E de novo me vem a dúvida, por que isso acontece? Por que a amizade na vida adulta é tão rara?

Segundo o The New York Times, essa é uma tendência comportamental inevitável, acelerada pela pandemia da COVID-19. Desde meados de 2020, os ciclos de amizade se enxugaram e o número de pessoas com quem temos uma troca verdadeira e próxima diminuiu exponencialmente. Será isso um reflexo do isolamento social ou um caminho natural da vida? Sinto que na vida adulta temos menos tempo para cultivar amizades e, muitas vezes, conforme crescemos, nossos interesses mudam e começamos a ter menos pontos em comum com os amigos que conhecemos no início da vida. É muito diferente quando, por exemplo, estudamos em uma mesma instituição e acabamos tendo rotinas parecidas e frequentando os mesmos lugares.

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)

Na hierarquia de relacionamentos da vida adulta, geralmente as amizades estão na última posição. Namorado(a), marido, esposa, pais e filhos vêm antes. O resultado disso? As crianças e adolescentes felizes que éramos enquanto rodeados de amigos se tornam adultos infelizes e às vezes isolados. A amizade é um fator importante para o bem-estar, e a solidão e o isolamento social – condições distintas, mas relacionadas – estão ligadas a um risco maior de doenças psicológicas, como depressão e ansiedade, e doenças cardíacas e vasculares. Um estudo de 2010, da Universidade Brigham Young, em Utah, concluiu que a solidão é tão prejudicial à saúde física quanto fumar 15 cigarros por dia. E o que é mais solitário do que não ter amigos?

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Foto: Giulia Coronato (Reprodução/Instagram)

Eu não tenho um antídoto ou uma resposta de como manter nossos amigos de infância ativos em nossa vida. Talvez algumas relações realmente não fazem sentido depois de um tempo e outras precisamos colocar um esforço para mantê-las funcionando. O que quero dizer é que as amizades são tão importantes - ou talvez até mais - quanto os relacionamentos amorosos e merecem nossa energia e atenção mesmo depois que você casa, tem filhos e consegue uma promoção no trabalho. Espero que esse texto se transforme em um convite para sua melhor amiga, Ligue pra ela, construa novos grupos, crie novos laços. A felicidade só é real quando compartilhada. <3 

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