A semana de alta-costura de Paris é sempre um deslumbre para os olhos. Peças cuidadosamente feitas à mão, cortes clássicos ou ousados, e sem mencionar as diferentes temáticas que são exploradas por cada um dos diretores criativos. Além disso tudo, é a partir daí que nós podemos identificar algumas tendências que serão usadas nas próximas estações e no ready to wear.
Por exemplo, coleções como a de Azzaro mostram a atemporalidade das peças de alfaiataria. Já Georges Hobeika e Zuhair Murad mergulharam em um universo de conto de fadas, entregando peças esvoaçantes com várias aplicações.
Bom, não vamos entregar tudo de uma vez logo no começo do post. Abaixo você encontra os melhores destaques da semana de alta-costura - até agora -, e fica por dentro do que rolou nesses três dias de desfiles:
a transcendência da fendi
O desfile da Fendi foi o ponto de encontro entre o passado e o futuro. Inspirado pelo livro "Duna" e "Guerra nas Estrelas", Kim Jones entregou um desfile nessa semana de alta-costura que, assim como outros, explorou o espaço, os planetas e a astrologia. No meio disso tudo, o designer também emplacou algumas imagens de Roma em seus vestidos, explorando a linha tênue entre o novo e tecnológico, com o antigo e clássico. A cartela de cores é sóbria e brilhante.
a releitura da Jean Paul Gaultier
Assinado pelo belga Glenn Martens, da Y/Project e atual diretor da Diesel, a coleção de spring/summer 22 da Jean Paul Gaultier é um mix dos dois mundos. Uma celebração das silhuetas com quadris bem marcados já conhecidas da grife, com a releitura "fora da caixinha" de Glenn.
o surrealismo de schiaparelli
Será impossível falar da semana de alta-costura sem se lembrar desse desfile. A coleção brilhante e ousada de Daniel Roseberry para a Schiaparelli marcou o retorno triunfal da grife na modalidade presencial. Rodeado por elementos dourados com inspirações planetárias e orbitais, as peças apresentadas são um encontro entre o surrealismo e o existencialismo, diferente de tudo já visto antes, fazendo jus ao termo "planeta Schiaparelli".
o otimismo de giambattista valli
A coleção de Giambattista Valli não partiu de um único ponto de referência, mas sim da intuição do diretor, além claro, do seu já conhecido romantismo exagerado - não que seja ruim. Os vestidos são excêntricos, femininos e os babados estão presentes, vagando entre o novo, o antigo e representando o otimismo necessário em tempos como esses.
o conto de fadas de hobeika
Vestidos com mangas bufantes, capas, brilhos e borboletas. Assistir ao desfile de Georges Hobeika é como adentrar em um livro de conto de fadas moderno, mas sem perder a sua essência mágica e eufórica. Não só isso, mas as cores escolhidas em alguns dos looks, como o o verde matchá e o lilás, representam muito bem o sentimento de renovação e novas possibilidades.
as infinitas silhuetas de valentino
Intitulada "Anatomia da Costura", o diretor criativo Pierpaolo Piccioli entregou um compilado poderoso, repaginado e extremamente bem executado de alta-costura. Um dos pontos fortes do desfile foi a presença de diferentes corpos e idades, desfilando uma coleção que eleva a tradicionalidade da maison, mesclando o contemporâneo com o clássico em cores fortes e inúmeros shapes.
as joias do tempo de zuhair murad
Imagine o encontro entre a semana de alta-costura e "Piratas do Caribe", essa foi a ideia de Zuhair Murad para a coleção de primavera. "Vers Les Joyaux Du Temps" ou "As Joias do Tempo", é uma coleção que desbrava a concepção dos sete mares do mundo, e podemos perceber isso logo no primeiro look. Um blazer adornado por pedrarias e acompanhado por um chapéu de pirata, além disso, alguns vestidos apresentados possuem estampas de mapas, bússolas e navios. Um verdadeiro show à parte.
a atemporalidade da azzaro
Olivier Theyskens, que está à frente da Azzaro, possui uma reputação forte no romantismo e dessa vez resolveu brincar com elementos mais modernos, como lantejoulas e cristais. “Isso é uma coisa típica do Azzaro, e estou descobrindo o quão bonito pode ser.” revelou o diretor criativo. A coleção transparece fluidez e é uma aposta certeira em tudo que é atemporal, como o bom e velho terninho de alfaiataria.
a excentricidade de van der kemp
Além da sua coleção excêntrica, Ronald Van der Kemp já é conhecido por aproveitar sobras vintage e pedaços de tecidos acumulados durante o ano. O designer exuberante e único vive um dos seus melhores momentos em uma semana de alta-costura, pois quem mais irá apostar em um macacão de penas de perna única? E o melhor de tudo, envolto em tecido ecológico?
a sociologia de vauthier
Alexandre Vauthier explica que a moda, acima de tudo, é sociológica. "É a transcrição de um contexto social e geográfico através dos olhos do designer." afirmou. É possível ver que essa coleção é um ode aos novos tempos, que precisam de opulência e otimismo. Entretanto, alguns dos looks desfilados, apesar de representar o novo, também carregam fortes referências das décadas antigas, como os blazers com ombreiras bem estruturadas, nos remetendo aos anos 80.
a magistralidade da dior
Valorizando o handcrafted, a coleção de Maria Grazia Chiuri para a Dior é magistral e reforça a humanidade. A diretora queria que todas as peças fossem apreciadas e recebessem o devido reconhecimento, em especial os vestidos artesanais e cuidadosamente bordados. Ao contrário da opulência e excentricidade de algumas coleções, os looks da Dior são calmos, leves e em uma cartela branca, preta e cinza.
a expressividade de vilmorin
A coleção de Charles de Vilmorin é algo similar a um diário. O designer procurou retratar como ele ganha vida através da sua criatividade e paixão. Apesar do filme exibido ser levemente macabro - afinal, o nome do curta é danse macabre -, é uma forma de expressar a sua teatralidade sob a ótica da moda. As peças são fluidas, grandes e todas em tons bem vibrantes.