Pamela Anderson sem filtros: um papo sobre seu novo documentário

por Miriam Spritzer

Quase 30 anos e uma série baseada em fatos reais depois, Pamela Anderson finalmente pode contar ao mundo sua história do seu jeito. A atriz e modelo, internacionalmente reconhecida por interpretar a salva-vidas CJ em Baywatch, lançou há poucos dias o documentário Pamela, a Love Story na Netflix.

A produção dirigida por Ryan White foi ideia de Brandon Thomas Lee, seu filho primogênito com o baterista Tommy Lee. “A Pamela sempre foi pouco compreendida, ou representada de uma forma errada. Eu queria dar a ela a oportunidade de contar a sua história em um formato visual, mesmo que ela já estivesse escrevendo a sua autobiografia”, conta o produtor na primeira mostra de lançamento do filme para convidados em Nova York. Sem quase deixar o filho terminar a fala, a atriz interrompe: “vocês podem acreditar em uma coisa dessas? Pamela mãe? Eu sou sua mãe”, brinca.

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Foto: Pamela Anderson (Arquivo pessoal/Miriam Spritzer)


Da mesma forma que foi apresentada no filme, ela estava ali no palco: autêntica, brincalhona e de coração aberto. Ao contrário daquela blonde bombshell que nos acostumamos ver na televisão, o documentário traz uma Pamela real, com pouca maquiagem e cheia de espontaneidade. “Ninguém teve que me convencer de nada. Eu sabia que isso iria ser o nosso projeto artístico ou um legado maluco da família. E eu queria fazer uma dessas coisas que amo e acredito 100%, que é me jogar dentro do processo. E também ver como que alguém vai conseguir organizar toda essa bagunça que eu fiz”, reflete a atriz.

De fato, é impossível não se apaixonar pela real Pamela Anderson ao assistir o documentário, e ainda mais difícil ao vê-la ao vivo. Durante quase toda a sua carreira, a mídia a tratou de uma forma extremamente inapropriada, além dos paparazzis que a cercavam sempre, repórteres e talk-shows focavam apenas em perguntas pessoais e inapropriadas, muitas vezes sobre partes de seu corpo e até detalhes de sua vida amorosa. Como resultado, a atriz desenvolveu um jogo de cintura de transformar qualquer momento inconveniente em brincadeira, permitindo que hoje ela possa falar quase sem filtros e rir de si mesma e do abuso de algumas situações vividas. “Eu não sei qual é o meu propósito, mas sei que estou me divertindo, vivendo todas essas outras coisas. Eu acho que é algo de sobrevivência isso de tentar algo e curtir o momento, mesmo que algumas coisas possam ser difíceis”, fala rindo. 

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Foto: Pamela Anderson (Pamela, a Love Story/Netflix)

Ao ser subestimada apenas como um símbolo sexual, outra habilidade que desenvolveu foi aproveitar os holofotes para chamar a atenção de causas que ela considerava importantes, como o direito dos animais. “Quando eu comecei a chamar muita atenção, pensei que tinha que dividir isso com algo que fosse mais significativo. Então comecei a me envolver com o PETA e outros grupos ativistas, porque a atenção que eu ganhava me parecia muito superficial, então eu tirei vantagem disso. Eu fui falar com líderes mundiais, eles queriam um beijo na bochecha e um autógrafo e eu queria que as leis mudassem. E as duas partes conseguiram o que queriam”, lembra. E isso é verdade, a ex garota da capa da Playboy, foi à Rússia fazer lobby no Kremlin para proibir a importação de produtos derivados de focas.

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Foto: Pamela, a Love Story (Divulgação/Netflix)

Por se tratar de alguém no nível de celebridade de Pamela Anderson, já era esperado que o filme teria uma riqueza de materiais visuais para ilustrar as muitas histórias ali contadas. No entanto, a grande surpresa para o público, equipe e para a própria atriz, foi a enorme quantidade de vídeos, fotos e objetos pessoais. No começo da produção, Pamela acreditava que quase não tinha materiais para oferecer, mas lembrou que tinha um depósito no porão de casa que poderia ter algumas coisas. Sua condição, contudo, era que o diretor e equipe fossem lá, pegassem e usassem o que quisessem, sem a envolver naquilo, até que veio a reviravolta: “Eu guardei tudo. Cada boletim do colégio, até embalagens de coisas que comi. Roupas de banho e bikinis que usei para meus casamentos, os documentos e roupas que usei nos tribunais. Nós tínhamos tudo ali”. 

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Foto: Pamela, a Love Story (Divulgação/Netflix)

A maior surpresa de todas, no entanto, foi encontrar seus diários privados escritos desde a infância, que foram usados também para retratar de fato como ela mesma via os diferentes momentos de sua vida. Porém, mesmo que estivesse gostando do processo de revisitar momentos bons e ruins e assistir aos vídeos, ela preferiu evitar a leitura dos diários. As páginas são, de fato, lidas durante todo o filme, mas não por ela.

O filme não evita abordar os grandes escândalos de sua vida, principalmente o roubo e vazamento da sex-tape com o seu então marido Tommy Lee em 1996. O foco, no entanto, foi menos no escândalo e mais na sua batalha para manter a família bem e unida perante às grandes dificuldades que a situação gerou.

O casal chegou a oferecer cinco milhões de dólares como compensação, pois na época eles estavam esperando o nascimento do segundo filho, Dylan. “A gente realmente tentou deixar essa história no passado. Foi isso. Não queríamos ficar fazendo um press tour para falar de dinheiro que não recebemos. Era um dinheiro sujo, que a gente não queria. E acho que ficamos bem em relação a isso”, desabafa.

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Foto: Pamela, a Love Story (Divulgação/Netflix)

O escândalo foi muito lembrado recentemente com a série Pam & Tommy, que foi ao ar na Hulu (Star+ no Brasil) no início de 2022. O filme mostra que Pamela evitou assistir a série e que sua preocupação estava no impacto que isso geraria para os seus filhos. “Eu só queria tapar os olhos do Dylan”, brinca sobre ter assistido o resultado final da obra.

O filme termina com a sua participação em abril de 2022 no musical Chicago da Broadway que, de certa forma, marcou o retorno de Pamela Anderson ao olho público, mas dessa vez seguindo suas próprias regras. Qual será o próximo passo para ela? Nem ela sabe, mas está animada, "eu ainda não sei do que sou capaz ainda. Sempre falo isso. Eu só quero sempre me puxar para chegar ao meu limite”, conclui. 

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