Um dia emocionante na Paris Fashion Week, seja por conta do momento extraordinário exibido por Sébastien Meyer e Arnaud Vaillan no desfile da Coperni que, ao finalizarem seu show com a modelo Bella Hadid tendo seu corpo pintado ao vivo na passarela, definitivamente entregaram um dos acontecimentos mais memoráveis até aqui. Ou pela primeira coleção de Issey Miyake após o falecimento do designer em agosto desse ano — e que agora abre espaço para seu novo diretor, Satoshi Kondo.
Abaixo te contamos um pouco mais sobre estes e mais outros destaques do quinto dia da semana de moda de Paris. Ah, se caso você tenha perdido o review dos demais dias da PFW, logo no final da pauta você encontra todos os links para as outras matérias.
Inspirado pelos antúrios, que são nativos da América do Sul, Jonathan Anderson criou uma coleção que segue flertando com o surrealismo, algo que ele domina muito bem e que possui certa facilidade em deixar nítido em todas as suas criações. Havia uma certa tensão sexual ali, e isso se daria justamente pelo formato da planta escolhida. Para JW Anderson, a mulher Loewe ali não era delicada, e sim, perigosa, femme fatale.
Fora as peças que remetiam à flor do antúrio, Anderson trouxe vestidos com uma silhueta bem marcante inspirada pelo período barroco, além de sapatos com bexigas grudadas por toda sua extensão e uma pequena parcela de roupas pixeladas, que o designer intitulou como “falhas do Minecraft, que de repente quebram o padrão” — e certamente quebraram. Mas, fora as ambiguidades, havia espaço para know-how da marca, como o couro e algumas peças oversized. É bom ter na indústria, pessoas como Jonathan, afinal, o que seriam das semanas de moda sem alguém para desafiar os limites?
Moda é arte, ponto final. Esse universo eclético, às vezes louco, um pouco dramático, inusitado, muito polêmico e em constante mudança merece receber nomes que o sacudam e que elevem o sentimento de euforia. Foi isso que Sébastien Meyer e Arnaud Vaillant fizeram hoje. Bella Hadid fechou o desfile ao aparecer apenas de underwear na passarela e parando em cima de uma plataforma iluminada e o que viria a seguir foi uma estonteante surpresa. Um cientista que Meyer fez amizade, chamado Dr. Manel Torres, saiu com um colega e começou a borrifar a modelo do pescoço até o meio da panturrilha com uma substância branca.
Então a mágica aconteceu, o que antes era apenas um líquido desconhecido dentro de uma garrafa, agora, era um vestido perfeitamente ajudado no corpo de Hadid — é a alquimia da moda em sua mais pura finesse.
Trocando Londres por Paris Fashion Week, o primeiríssimo desfile de Victoria Beckham na cidade luz foi bem glamouroso, com direito a luvas de ópera feitas de látex, saltos de cetim e vestidos drapeados altamente complexos. Ali, a designer dá indícios de que o "estranho" parece lhe agradar e que, na verdade, tem tudo a ver com o futuro da marca.
Brincando com transparências, alguns visuais mais tradicionais como a boa e velha silhueta dos blazers e calças de alfaiataria, a estreia de Victoria na PFW muito provavelmente irá agradar a maioria das pessoas, mesmo sendo levemente subversivo, ainda assim, é elegante e rendeu ótimas peças ready-to-wear. Vamos ver o que nos aguarda nas próximas temporadas.
Precedido por um momento de recordação e sob a imagem e uma frase de Issey Miyake, o primeiro desfile sob a direção de Satoshi Kondo ficará marcado não só pelo acontecimento, mas pela citação carinhosa no início do desfile: “Vemos o design como um processo impulsionado pela curiosidade, construído sobre uma exploração abrangente — trazendo alegria, admiração e esperança à vida, e, claro, com um toque de diversão.” Intitulada A Form That Breathes, essa coleção é a prova de que a história de Miyake está no caminho que deveria.
Os primeiros looks pareciam verdadeiras esculturas de mármore, dando a impressão de uma construção sólida, entretanto, ao se moverem pela passarela, mostravam toda sua fluidez. Tecnologicamente falando, alguns dos tecidos dessa coleção foram feitos 100% à base de plantas. O resultado? Poliéster produzido sem o uso de combustível, uma verdadeira inovação. Merecidamente aplaudido, Kondo conseguiu transmitir emoção e inovação.
Quem acompanha as coleções de Giambattista Valli sabe que elas são otimistas, alegres e sensíveis. É interessante observar a perspectiva que ele costuma trazer para seus desfiles, afinal, como ele mesmo diz, é sobre transmitir emoção. Por isso, o local escolhido para apresentar os looks de primavera/verão do designer conversa muito bem com a sua ideologia. Uma antiga loja de departamento vazia e abandonada no Arco do Triunfo, pronta para ser preenchida com cores e texturas.
Não houve espaço para o minimalismo glamouroso que vimos em outras grifes nos últimos dias, e nem faria sentido ter. O momento ali era sobre maxi-brincos, enfeites, recortes, flores, vestidos de baile, tudo isso misturado com um pouco de requinte sessentista. Aqui temos a tradução do verdadeiro verão, e Valli não está disposto a trazer o mood gótico que foi explorado em Londres para nenhuma de suas coleções — a não ser, no inverno.
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