Foi um dia dramático e rebelde para a Paris Fashion Week, e poderia ser diferente? Com nomes como Vivienne Westwood e Comme Des Garçons marcados para trazer toda sua vanguarda e códigos maximalistas para as passarelas, é claro que não poderíamos esperar menos do que coleções realmente surpreendentes e interessantes.
Porém, como fonte de respiro para aqueles que ainda não conseguiram entregar seus corações para a moda avant-garde, a sofisticada Hermès e a glamourosa Saab também apresentaram belíssimas coleções. Por isso, não é à toa que todos esses nomes fazem parte da nossa lista de destaques de hoje. E se você quiser conferir um pouco mais sobre eles, é só continuar lendo um pouco mais abaixo que te contamos todos os detalhes:
Tempo, talvez, a palavra que defina a Paris Fashion Week até agora, seja tempo. Enquanto a Courrèges trouxe uma espécie de ampulheta para a passarela, hoje, a Hermès resolveu explorar grandes dunas como parte do seu cenário. Mas que tipo? Metafórico? Onde a vida é curta e a arte é eterna, ou mais literal? Onde á ideia é apenas usar roupas que durem por muitos anos? Na visão da diretora criativa, Nadège Vanhee-Cybulski, é um pouco dos dois, já que se olharmos para as tão cobiçadas bolsas Birkin e Kelly, a fama delas é de um item atemporal, único e longevo — não que ela precise se preocupar com esses dois hits.
O foco dessa vez são as roupas, que apesar da sua elegância natural, também são descoladas graças as amarrações nos vestidos e macacões, além do couro e um pouco do bodycon que a designer resolveu explorar. Quando se trata da Hermès, estamos falando em investimento, e Nadège sabe disso, e em tempos tão rápidos e estranhos como os que estamos vivendo, o lema precisa ser "esteja sempre prevendo." Afinal, o que será do luxo em alguns anos?
A coleção de Andreas Kronthaler para Vivienne Westwood trouxe um compilado de corsets, rendas, vestidos e alfaiataria feitos, majoritariamente de peças reutilizadas e do guarda-roupas do próprio designer. Andreas realmente foi maximalista no quesito upcycling e, óbvio, na criação de todos os looks. Flertando com as plataformas gigantescas à la anos 70 e com o fetichismo, tudo ali tinha muita personalidade, desde os espartilhos até aquele vestido de cetim volumoso.
Além disso, por toda parte havia muitas conexões com os westwood-ismos que já conhecemos — e tanto gostamos —, talvez nem tão conectados com o punk que vimos em Londres, mas com as versões mais suaves, com fortes inspirações renascentistas e barrocas que vimos nas flores bordadas, por exemplo. Bom, o que fica é que a parceria de Vivienne com Kronthaler é tudo o que sempre desejamos — e sabíamos.
Ontem, o sentimento eufórico pairando no ar era "o que será que a Comme Des Garçons trará?", afinal, Rei Kawakubo estava de volta a Paris Fashion Week. Ali estavam rendas brilhantes, jacquards florais e alguns pouquíssimos traços de roupas convencionais, todos os visuais eram distorcidos, ampliados a proporções que, muitas vezes, só ficariam nas nossas imaginações.
Já nos acessórios, ninguém esperava menos do que adornos na cabeça que transitavam entre capacetes e coroas. Apesar de todo o processo intimo e silencioso, a qual apenas Kawabuko tem acesso — isso inclui seu design e sua agenda —, a sua arte praticamente grita. E ela não precisa ser extravagante, nem carregar características do night luxe ultra sofisticadas, apenas a combinação de preto e branco em camadas volumosas e do jeito que apenas a designer sabe fazer, já o suficiente.
Fizemos uma viagem aos anos 80 e quem nos convidou foi Junya Watanabe, que, inclusive, usou Duran Duran como trilha sonora do seu desfile hoje. A alfaiataria desconstruída e a estética punk-rock com direito a moicanos coloridos e muitas pérolas com correntes definem a coleção, e logo nos primeiros looks podemos visualizar claramente o que viria por aí.
As capas largas e os ombros bem marcados estavam acompanhados de calças mais tímidas, a não ser por conta de um par todo destroyed que apareceu poucas vezes. Os botões eram desestruturados, acompanhando o mood que a marca gosta de apresentar e para falar que não havia nenhuma estampa ali, o xadrez deu as caras — e complementou muito bem toda coleção. Watanabe queria mais drama, não negativamente, mas parecia estar pedindo por mais "movimentação" na alfaiataria e no glamour atual.
Para dizer que não tivemos nenhum desfile rebelde na PFW hoje, Elie Saab aparece como uma brisa fresca de verão para dar aquela equilibrada na vanguarda potente. Deixando seus enfeites brilhantes de lado — que vemos com muita força durante a semana de alta-costura — e optando por materiais como o crochê e os bordados de flores, o verão do designer é romântico e arejado.
Ao invés de uma atitude punk modernizada, o que prevaleceu durante o desfile de Saab era uma atmosfera bem alegre, confiante e colorida. Alguns vestidos eram bem esvoaçantes e leves, com cores bem vibrantes como verde-esmeralda e coral. Toda a coleção não foge muito disso, todas as seções transmitiam o código glamouroso e bem-feito que a Elie Saab tão primorosamente sabe entregar.
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