Desde que foi lançado no cinema, as críticas e elogios ao filme da Barbie não pararam. Isso é normal quando algum produto é tão hypado antes do lançamento - é quase impossível alcançar ou superar todas as expectativas criadas pelo público. Enquanto uns achavam que o filme deveria ser como os da Marvel, outros queriam mais o estilo do Super Mario, ignorando quem estava por trás das cameras. Para entender Barbie, é importante entender a sua diretora, Greta Gerwig.
Mas o que ela fez além de Barbie? Uma pergunta que ecoou nos ouvidos de tantos cinéfilos que ainda não se recuperaram do Oscar de 2020, no qual ela deveria ter sido indicada e recebido a estatueta como melhor diretora por Little Women, considerado por diversos críticos um filme perfeito. Quando o assunto é direção e roteiro, Greta, é talvez um dos nomes mais quentes do mercado.
São mais de 35 produções no mercado audiovisual. Começou sua carreira como atriz, passando por importantes diretores como Wes Anderson, Woody Allen e Pablo Larraín. Mas foi em sua primeira produção como co-roteirista, Frances Ha por Noah Baumbach, em que ganhou seu maior destaque como atriz ao interpretar o papel principal.
É difícil somar todos os prêmios aos quais foi indicada na breve carreira que teve como roteirista e diretora aos 39 anos. Só no seu primeiro filme solo como diretora, Lady Bird: A Hora de Voar, ela recebeu a indicação ao Oscar por Roteiro, Direção e Melhor Filme - sem contar que lançou de fato a carreira de Saoirse Ronan para o mainstream. A sua segunda produção como diretora, Little Women, também indicada as categorias de Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado, a consolidou como uma das melhores diretoras e roteiristas da atualidade.
Greta tem seu estilo próprio de contar histórias, geralmente com um ponto de vista forte e um toque contemporâneo e real - e isso serve para uma obra literária como Adoráveis Mulheres (ou o antigo nome Mulherzinhas), como para a boneca mais famosa do mundo. Seus roteiros são inteligentes, engraçados porém de uma forma sofisticada e em geral, cheios de mensagens pontuais.
Outro ponto característico das obras de Greta Gerwig são seus icônicos monólogos, que realmente levam as grandes mensagens do filme e o arco de evolução de seus personagens. Se você a criticou por não ter sido clara em sua posição feminista, sugiro que preste atenção em um grande monólogo de America Ferrera na metade final do filme. Ali, ela entrega tudo que você precisa saber. Greta, elegantemente como uma criança (neste caso, uma adulta), às vezes processa certos sentimentos e frustrações em seus brinquedos.
Como em todos os seus filmes, há muito mais do que podemos ver logo de cara. São referências cinematográficas, nostalgia pela boneca e marca, suas novas experiências como mãe de duas crianças. Isso tudo, junto a improvisação e informação que vem dos próprios atores e outros colaboradores do filme.
Seria impossível para ela entregar um filme da Barbie superficial demais, muito menos uma produção sem quebrar alguns tabus e chocar um pouco o público. As falas chocantes de Barbie no mundo real, foram tão planejadas e alinhadas com a identidade da diretora, que até hoje ela comenta que não acredita que a Mattel aceitou tê-la como diretora do filme. Barbie nunca se propôs a ser o primeiro de uma nova franquia de Hollywood, criar multiversos, muito menos vender mais bonecas - bem, talvez esse último item pode até ser. Mas um detalhe importante, a história é do ponto de vista da boneca.