Precisamos falar sobre: estrias

por Giovana Marcon

Certamente não é de hoje que imperfeições corporais geram problemas de autoestima. Mas não faz muito tempo que se tornou importante conversar sobre e até expô-las a fim de mostrar que tudo isso é normal. E falando em estrias, algumas têm - umas mais que outras, algumas não têm nenhuma - mas a questão é que elas não são uma anomalia e está na hora de quebrar essa neura que temos com elas.

As estrias são cicatrizes que se formam em áreas propensas à distensão da pele, ou seja, quando ela é esticada de forma excessiva - através do crescimento, ganho de peso, gravidez, aumento de músculos pela prática de exercícios - as estrias aparecem. Não tem muito como evitar ou fazê-las desaparecer completa e permanentemente. O que resta é aceitar e entender que elas fazem parte de nós.

Por isso jogamos essa questão no nosso Instagram e algumas leitoras nos responderam contando suas histórias e relações com o corpo e estrias. Petra Widmann, Camila Mendonça, Inara Marques e Lara Avellar conversaram com a gente e compartilharam suas histórias com o propósito de desmistificar as estrias e mostrar que elas são um detalhe mínimo que não faz de ninguém menos bonito - muito pelo contrário.

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Foto: Reprodução/Peter DeVito


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Petra:

"Eu comecei a ter estrias muito novinha! Fui uma criança muito magra e na pré adolescência, com uns 11 anos, elas surgiram junto às mudanças no corpo. Um dia elas simplesmente estavam em toda os lugares! Nos seios, nos braços, nas pernas, no bumbum..."

Lara: 

"Eu comecei a ter estrias com 16 anos porque comecei a tomar um anticoncepcional que me fez engordar muito. Eu era muito muito magra, então quando eu engordei foi tudo muito rápido. Na época, na verdade, eu nem percebi porque estava passando por uma fase com muitas espinhas (por isso o anticoncepcional) e a preocupação com o rosto era tanta que eu nem notei muito o aumento de peso."

Camila

"Elas começaram a surgir com 14 para 15 anos, e muito rápido. Inventei de fazer academia na fase que os hormônios estavam super aflorados. Creio que isso foi o empurrão para elas surgirem tão rápido."

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Petra:

"Fiquei horrorizada! Minha mãe nunca teve estrias então não sabia que isso era possível. Assim que descobrimos (eu e minha mãe) fomos a diversos dermatologistas para tentar contornar a situação."

Camila:

"Só tenho estrias no bumbum e percebi que ele estava crescendo e era realmente o que eu queria (olha a cabeça de adolescente). Até começar a aparecer as estrias vermelhas, super feias. Pedi socorro à minha mãe, passei alguns cremes que ela comprava, mas não foi suficiente. Colocar um biquini e caminhar na praia sem canga ou shorts. me incomodava muito, parecia que todos olhavam para minha bunda."

Inara: 

"A princípio não entendia o que tava rolando até minha mãe falar que isso era para sempre. Na hora pensei que nunca mais iria usar shorts ou biquíni na minha vida.”  

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Petra:

"Vários! Fiz peeling, lazer, ionização... Todos os tratamentos que podiam ter um resultado positivos, eu fiz! A maior parte das minhas estrias já eram brancas na época, então era bem mais difícil de tratar. Lembro que cheguei até a comprar alguns produtos 'milagrosos' na internet, eu estava disposta a tudo! Os tratamentos melhoraram a aparência das estrias, mas elas existem até hoje."

Lara:

"Já tentei passar vários cremes, alguns que a minha dermatologista mandou manipular, mas nada funcionou! Fiz massagem modeladora e acho que foi o que mais ajudou a ficarem menos perceptivas - porque quanto mais celulite, mais as estrias aparecem, então a modeladora ajuda a deixar essas regiões mais firmes e eu gostei muito!"

Camila:

"Não tentei fazer nada, além de usar cremes específicos para estrias, mas não adiantou, elas cicatrizaram muito rápido. Por outro lado, nunca pensei em fazer esse novos procedimentos em clínicas, acho muito invasivo. Muitas vezes até esqueço delas, faz parte de mim."

Inara:

"A famosa esfoliação com borra de café e máscara de argila branca (sem sucesso, viu, meninas)."

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Petra:

"Foi bem complicado, tive muita vergonha. Eu achava horrível e achava que todo mundo ia reparar, então só usava biquini depois de passar base e corretivo em todas as estrias! Eu também tenho um histórico de transtornos alimentares, e tudo isso acontecendo ao mesmo tempo... Me sentia péssima."

Camila:

"Eu fiquei neurótica, isso durou uns bons anos. Até meus 18 para 19 anos ainda tinha problemas. Me incomodava muito, pois elas são bem fundas e quando meus familiares começaram a ver e falar, me incomodava ainda mais."

Inara:

"Simplesmente odiava meu corpo e não me senti confortável nele, relações sexuais era só no escuro porque 'Deus me livre o cara ver isso'. Evitei algumas viagens por ter que usar biquíni, fiquei complexada por causa delas por um bom tempo."

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Petra: 

"Chegou um momento que eu apenas tive que abrir mão e aceitar que elas faziam parte de mim, isso não vai mudar. E olha que eu tentei! Com a idade e a maturidade, a gente começa a perceber que tudo bem ser imperfeita, todo mundo é um pouquinho. Esse é meu corpo, e é ele que me torna capaz de aproveitar o mundo e a vida. Aprendi a ser grata por isso!"

Lara: 

"Hoje em dia sinceramente, estou muito bem resolvida com elas! Já entendi que elas fazem parte de mim e é super normal tê-las! A maioria das mulheres têm, e isso não deixa nenhuma delas menos lindas!"

Camila:

"Virei a chavinha: com uns 20 anos mais ou menos, já estava namorando e ele nunca se incomodou ou falou sobre isso. Foi aí que comecei a me sentir à vontade e não liguei mais para as estrias. Hoje convivo muito bem com elas, coloco biquini, ando na rua/praia sem canga se for preciso e ando de calcinha pela casa, realmente desencanei."

Inara:

"Juntas ao infinito e além, faz parte de tudo que sou hoje. Não tenho mais nenhum problema com elas, com meu corpo. Às vezes bate a 'nóia' do corpo que queria ter, mashego em casa, me olho no espelho e falo “você é linda assim, sossega mulher.”

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Foto: Camila Mendonça
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Petra:

"Acho que na cabeça de uma adolescente tudo é mais complicado, na minha também foi! Então se rodear de influências positivas é uma boa ideia. Pessoas que falam abertamente sobre suas imperfeições, especialmente nas redes sociais, podem fazer uma grande diferença. Acredito que boa parte do meu sofrimento veio por acreditar que existiam pessoas perfeitas, e que o problema era comigo.

Além disso, mude o foco! Aprecie todas as coisas que o seu corpo tem de bonito, e todas as coisas que ele faz por você, como te manter viva. Somos muito mais do que a nossa aparência e eu juro que suas estrias nunca vão te prejudicar ou diminuir de alguma forma."

Lara:

"Acho que uma dica para quem está experienciando isso é só realmente ver elas como parte de você! Como se fosse de nascença, sabe? é normal tentar passar cremes para diminuir, mas também existe tanta coisa para gente se preocupar que, se ficarmos dando tanta importância à elas, iremos enlouquecer!"

Camila:

"Se as estrias ainda estiverem vermelhas, você consegue ter um resultado mais rápido, pois elas ainda não cicatrizaram. Agora, seja estiverem brancas, iguais as minhas, só conviva. Não faça nenhum procedimento estético que irá te machucar!"

Inara:

"Amor próprio acima de qualquer opinião alheia. Você é linda e maravilhosa do jeito que é e não vai ser uma coxa ou bumbum liso no Instagram que vai te mostrar o contrário."

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