Princesa Diana, o novo conceito de “revenge dressing” e “main character energy”
Você já ouviu falar em “revenge dressing”? O termo foi cunhado para descrever looks usados em momentos determinantes de vingança ou virada. Se você jogar a expressão no Google, vai dar de cara com fotos de uma deslumbrante Princesa Diana a bordo de um vestido preto acompanhado de sua clássica choker de pérolas. O pretinho nada básico foi usado por Lady Di em uma aparição pública surpresa na noite que foi ao ar a entrevista de seu já ex-marido, príncipe Charles, admitindo que a havia traído durante o casamento.
A escolha do look foi zero arbitrária, o vestido estava no armário de Diana há anos, mas ainda não havia sido usado por ser considerado demasiadamente ousado e sexy para um membro da realeza, o modelo assimétrico de decote ombro a ombro não seguia as rígidas regras do dress code aristocrático e por isso mesmo, foi a peça perfeita para representar de maneira não verbal, seu grito de independência. Recentemente o conceito de revenge dressing voltou a ganhar atenção, mas dessa vez, impulsionado pelos mais de 18 meses de pandemia. Apesar de ainda estarmos enfrentando a crise, um desejo por triunfar contra o pessimismo vem ganhando força e inspirando a maneira que nos vestimos.
Nesse caso, após quase dois anos de distanciamento social, a expectativa é que o ato de revenge dressing seja reapropriado. Em um mundo com notícias apavorantes em looping, a motivação muitas vezes se torna escassa. Não é segredo que a forma que nos vestimos pode agir como antídoto e escudo para lidar com dificuldades que fogem do nosso controle e inspirar dias melhores influenciando nosso humor, a ideia é resistir através de gestos que tragam um pouco de beleza e leveza ao nosso cotidiano. Não estimulando alienação e sim, permissão para encontrar alivio e escape onde e quando possível. Apesar da palavra revenge ou vingança ter conotação negativa, nesse contexto, simboliza um não conformismo bem-vindo após tantas privações e tristezas, o processo catártico é necessário e sinaliza esperança.
Durante esses meses de confinamento, nossa definição de estar arrumada passou a ser representada por conjuntinhos de moletom que combinam e pijamas diferenciados. A fadiga das produções athleisure e loungewear começa a aparecer, o site de pesquisas Fashion Lyst divulgou que buscas pela dupla caíram nos últimos meses, em compensação a procura por palavras-chave relacionadas a peças de apelo festivo e mais exuberantes não para de aumentar. Na China, o "revenge shopping" foi percebido com a loja da Hermès vendendo 2,7 milhões de dólares em seu primeiro dia de reabertura. Movimento similar aconteceu nos anos 20, após a gripe espanhola, onde um espírito de celebração tomou conta e as roupas acompanharam.
Outro termo que surgiu recentemente, “main character energy”, pode explicar o fenômeno atual. Com tradução literal de "energia de protagonista", ele sugere um guarda-roupa à altura de uma personagem principal. A ideia por trás é de escolher roupas que coloquem cada um no centro de suas histórias - deixando de lado inibições, menos baseado em acompanhar a moda vigente ou aderir à noções de "bom gosto" e mais inspirados na essência e identidade de cada um.
Na prática, glamour em alta voltagem, estampas, brilhos, tecidos luxuosos, color blocking, vale tudo, desde que traga alegria e faça sentido para você. Várias tendências hit do momento estão imbuídas desse mood e a seguir a gente te mostra algumas delas:
O look de Harry Styles para seu primeiro show da nova turnê, iniciado apropriadamente em Las Vegas, é um exemplo perfeito do clima. O colete de franjas brilhoso acompanhado de pantalona, ambos em pink, é uma fórmula imbatível para inspirar otimismo.
A nostalgia pelo período Y2K é outro exemplo que traduz o atual anseio. Uma moda que não se leva muito a sério, cheia de símbolos como borboletas, cintura baixa e detalhes de cristais em um mix mega inusitado.
Maximalismo é palavra chave, quanto mais melhor, e ele pode surgir nos complementos, como Kendall Jenner munida de boá turquesa para arrematar seu look preto.
Animal print, por si só já é um acontecimento e ganha ainda mais destaque em variações de vaca e zebra.
Estampas psicodélicas em profusão de cores para serem usadas separadamente ou em conjuntinhos nada tradicionais
Acessórios polêmicos que fogem do lugar comum com muita personalidade!
As plataformas ganham revival depois de anos dominados por tênis e sapatos de influência esportiva, lógico que eles continuam, mas agora voltam a dividir espaço com saltos vertiginosos.
Bordados decadentes e detalhes especiais elevam peças à outro nível de impacto.
Cartela de cores vibrantes incluindo tons de neon.
Já falamos sobre o retorno do sexy aqui, e o sex appeal segue permeando coleções e aparecendo no feed do Instagram com recortes, decotes e fendas irresistíveis.
A ideia de revenge dressing não passa por hedonismo ou falta de sensibilidade, e sim pela realização urgente que tudo pode mudar a qualquer momento e que a vida é muito incerta para guardar roupas para momentos "especiais". Estar vivo por si só já é motivo mais que justificável para usar nossos melhores looks.