Eu, literalmente não sei parar quieta. Desde criança sempre lotava minha semana com mil atividades além da escola para poder fazer um pouco de tudo que eu tinha interesse: fiz ballet, vôlei, aula de inglês, aula de violão, canto, muay thai, teatro, curso de scrapbook, futsal, jazz, pintura, handebol e só não cheguei a fazer capoeira porque, na época, minha escola só tinha turma para meninos (pois é!).
Conforme fui crescendo, eu entendia cada vez mais como para mim era importante sempre estar agregando conhecimentos e experiências na minha "bagagem da vida" e minha inquietude foi me levando para não só fazer atividades extracurriculares, como também procurar um curso técnico que eu fizesse em paralelo ao meu ensino médio regular. Fui fazendo minhas várias coisas e meu ensino médio técnico em Publicidade e Propaganda e, então, uma nova necessidade começou a surgir em mim: vivenciar um intercâmbio.
Eu queria muito me dispor a algo totalmente novo para aprender coisas além do que eu poderia imaginar, assim como a cada atividade que eu me inscrevia para fazer no meu tempo pós aula, só que dessa vez numa escala de desafio maior. Porém, ao mesmo tempo que essa nova meta - muito bem anotada e grifada no meu planner para não deixar passar - existia, meu mood acelerada queria se formar o quanto antes e dar esse check na lista das minhas obrigações. Concluí o ensino médio, recebi o diploma de técnica em PP junto e terminei 2015 com um novo item a se pensar: FACULDADE.
Não pense que eu esqueci do sonho de fazer intercâmbio, inclusive para muitas pessoas esse momento pós ensino médio e pré faculdade é um período ótimo para parar um pouco e ir atrás dessa experiência internacional, isso sem contar para aquelas outras pessoas que super vale experienciar isso um pouco antes e fazer no meio do ensino médio mesmo, mas para mim não foi assim. Eu pensava muito em como seria ótimo começar a graduação com 18 anos, terminar com 21 e já em seguida poder ir atrás de uma pós graduação ou quem sabe uma segunda faculdade (pessoal, por favor perdoem a loucura mas considerem que sou uma aquariana vidrada no futuro!).
E lá fui eu, 2016 já estava matriculadíssima no novo curso de Ciências Sociais e do Consumo na ESPM, só esperando fevereiro chegar para começar a estudar de novo. Do primeiro para o segundo semestre comecei a estagiar numa agência e no fim do terceiro semestre o estágio que era minha cara bateu na porta: eu entrei para a equipe de Marketing Global da TRESemmé! Foi um ano lindo de muito trabalho, estudos e aprendizados! Eu era a única estagiária desse time só com mulheres inspiradoras, estava feliz demais por poder absorver tudo que ali tinha para me fazer evoluir profissionalmente e ainda fazendo isso numa vibe super girl power.
Bom, poderia ter seguido esse caminho, afinal eu estava feliz! Mas aquele vontade desde os 15 anos começou a martelar na minha cabeça do tipo "não esquece de mim!" e, realmente, não deu para esquecer. Eu queria MUITO virar intercambista e o status de "universitária" e "estagiária" não estavam mais sendo suficiente para esse coraçãozinho aquariano. Ao mesmo tempo que eu estava a um passo de decidir parar tudo para seguir esse sonho eu entrei em conflito pensando em como que, AGORA, eu ia simplesmente sair do estágio que tanto curtia, trancar a faculdade e só depois ver como as coisas ficariam quando eu voltasse sendo que eu sempre quis muito não me "atrasar" e concluir tudo logo para ter mais espaço para novas coisas. Eu não estaria me contradizendo parando duas coisas tão importantes bem no meio?
Os questionamentos internos foram vários (além dos externos feitos pela minha mãe que se preocupava muito com minha possível mudança drástica de rumo já que eu estava com "tudo" de importante - faculdade e trabalho - tão bem encaminhado rs) mas um pensamento surgiu como O divisor de águas na minha mente e tomei ele como meu guia: eu tinha completado um ano de estágio e já estava indo para o sexto semestre da faculdade, o que me faria entrar muito mais na preparação para começar a fase de tcc & concluir a graduação enquanto, em paralelo, no âmbito profissional, eu iria focar no meu desenvolvimento em busca da efetivação. Entender esse meu futuro tão próximo que estava por chegar me fez concluir nas exatas palavras e de maneira tão juvenil que sim "esse período é para eu virar uma adulta de verdade!".
Adulta "de verdade" que terá novas e mais responsabilidades, dona do próprio nariz que quer e irá assumir contas para pagar e que vai começar a aliviar progressivamente a carga de trabalho e dedicação que meus pais tinham comigo enquanto jovem ou pré "adulta de verdade". Eu vi que ali então era a minha brecha para fazer o intercâmbio, e precisava ser antes da "adultice"! De forma alguma pensem que eu não cogitava ter alguma experiência internacional que não fosse por lazer na fase adulta TRUE, como alguma oportunidade através do meu trabalho, mas ainda sim, isso era algo mais para frente e eu queria garantir que, como uma mera estudante e sem criar raízes mais fortes, eu pudesse aproveitar esse exato momento para viver a experiência de um intercâmbio dentro dos quesitos que disse. ERA AGORA OU AGORA!
Comecei então a pesquisar sobre tipos de intercâmbio, possíveis países que eu gostaria de viver e tudo que envolvesse esse grande tema. Ok, e a parte de parar a faculdade e o estágio? Ótima pergunta! Eu sabia que não dava para continuar tudo ao mesmo tempo, ENTRETANTO descobri que dava para conciliar as coisas de uma forma que tudo se complementasse e valesse a pena para quando eu voltasse para o Brasil, minimizando quaisquer atrasos que a Bruna assustada de antes só conseguia pensar. Vamos lá, sobre minha graduação eu foquei minhas forças em um tipo de intercâmbio, o intercâmbio acadêmico oferecido pela minha própria faculdade. Seriam 6 meses em alguma faculdade parceira em algum lugar do mundo que eu tivesse interesse e me candidatasse, sem deixar de garantir meu lugar na minha faculdade regular e sem perder minha bolsa de estudos quando eu voltasse. Nesse tipo de intercâmbio você passa todo o período estudando não uma língua, mas matérias de um curso de graduação, exatamente como eu já fazia, continuando então a aprender coisas que valessem para mim e para o meu currículo, o que também seria benéfico na questão do trabalho! Sobre o estágio, de fato eu teria que parar de estagiar mas, ainda sim, eu estaria aprendendo coisas que fossem agregadoras no meu próximo emprego e esse sentimento de estar investindo em mim e não "trocando um coisa por outra" era o que valia. Tudo estava conectado e eu agora estava mais certa ainda da minha decisão! Escolhi fazer intercâmbio em Lisboa, Portugal no IADE, uma universidade criativa que tinha tudo que eu me interessava e que eu sabia que não faria na minha grade regular na ESPM.
Antes eu achava que intercâmbio era só para aprender inglês, mas esse velho pensamento ficou para trás, afinal eu já tinha um conhecimento avançado na língua, não tinha tempo suficiente para tirar as certificações necessárias e queria um processo mais rápido que me garantisse fazer o intercâmbio no período que eu defini mesmo, sem atrasar! (Adendo: no final das contas eu não deixei em momento algum de treinar o inglês já que 80% dos meus colegas da residência que vivo aqui em Lisboa são americanos; uma parte do resto são espanhóis o que ainda me ajudou a reativar o espanhol também viu!)
E finalmente aconteceu! Descobri o ser "intercambista" que eu tanto sonhava, vivenciei outra cultura e tive contato com muitas outras. E o melhor, eu realmente senti que estava fazendo desse momento uma grande e imensurável contribuição para a minha tal "bagagem da vida".
Bom, agora estou aqui já no final dessa experiência incrível contando essa novela toda para dizer para vocês que temos nosso próprio tempo. Não só estar aqui no intercâmbio, mas todo o processo para estar aqui me fez crescer demais - academicamente, profissionalmente e pessoalmente! Em menos de um mês volto para a faculdade em São Paulo tendo equivalência nas matérias optativas que eu teria que fazer e ainda conseguindo encaixar as aulas do semestre que "perdi" com as aulas do semestre atual que eu estaria fazendo se não tivesse feito o intercâmbio, mesmo tendo feito o intercâmbio! Famoso: no final tudo se ajeita! Para finalizar com tudo a minha dica para vocês que têm esse sonho, e na verdade, qualquer outro sonho, afinal acho válido para qualquer coisa, é: respeitem suas vontades, não desistam dos seus sonhos e sigam sua intuição! Do jeitinho único de cada uma de nós, SEMPRE IRÁ VALER A PENA!