Para te introduzir a nova tendência do momento, a Regencycore, antes precisamos falar sobre como Bridgerton é um fenômeno se tornando a série original mais assistida da história do Netflix. Definida como Gossip Girl se tivesse sido escrita por Jane Austen, encantou com a trama leve, personagens cativantes, o Duque de Hastings (obviamente), além de uma direção de arte e figurinos deslumbrantes.
Depois de um ano dominado por leggings e conjuntinhos de moletom, nosso olhos foram facilmente seduzidos pelo glamour e opulência mostrados na tela, despertando o desejo por roupas festivas, decoradas e um impulso de correr para os braços de looks elaborados e luxuosos. Essa reação é normal e já foi observada no período pós-guerra, nesse texto aqui “Moda e COVID-19 - Onde estamos e o que vem por aí" explico um pouco mais sobre o assunto.
Como já deu para perceber, o resgate ao glamour e a necessidade de escape através de itens dignos de sonho é natural devido ao cenário presente, mas sem dúvidas, o lançamento de Bridgerton potencializou essa vontade. Com figurino assinado por Ellen Mijornick, os- pausa dramática- 7500 looks confeccionados por 238 artesões, exibidos ao longo de 8 episódios, são deliciosamente variados: Um mix entre alta-moda, o universo pop de Shonda Rhimes e twist contemporâneo, pensado justamente com o objetivo de seduzir a audiência. O sucesso é tamanho, que a moda influenciada pela série já ganhou até tendência especial batizada de Regencycore, fazendo referência ao período da Regência britânica que durou de 1811 a 1820, época que a história se passa.
O que isso significa na prática? Peças luxuosas e repletas de detalhes como florais tipo papel de parede, cartela de cores variando das candy colors às mais vibrantes, acessórios statement com plumas, cristais e pérolas, corselets, capas, bordados elaborados, luvas, sapatos e bolsas decoradas, tiaras especiais, tecidos imponentes como cetim, veludo e brocados. Tudo à serviço de uma única mensagem: Mais é mais.
A obra original de Christian Dior e o desfile de Verão 2018 da Chanel foram citados por Ellen como inspiração. Mas tem outra imagem inesquecível que vem à mente, vocês lembram do look da Gisele lá em 2005 acompanhando Leonardo DiCaprio ao Oscar? Era da coleção de Verão 2005 da Dior, na época com direção criativa de John Galliano, e o vestido tem total vibe regencycore.
Para coroar de vez o reinado dessa tendência, a temporada de Alta-costura Primavera/21, que acabou de rolar no hemisfério Norte, trouxe diversos looks e truques de styling que tem tudo a ver com o nosso papo. Claro que exuberância, homenagem a outras épocas e luxo são sinônimos com couture desde sempre, mas dessa vez, a viagem ao passado vem com endereço e data exata: A Londres de 1813. Querem ver?
A delicadeza do look final da Chanel com vestido brocado, botões de pérolas e laço de tule no cabelo, super dá para imaginar a Daphne nesse look!
A coleção da Dior foi inspirada no universo do Tarô, mas poderia ter saído direto das telas. Reparem nas tiaras e na riqueza dos tecidos brocados. Sem contar na predileção pelo corte império, silhueta favorita da era.
Aliás, vestido império também surgiu na Fendi, durante a estréia de Kim Jones na couture da marca.
Pérolas bordadas também na transparência desse look Fendi.
Zoom nos detalhes do desfile Fendi que trazem o mood Bridgerton para a coleção.
Maximalismo alert no look monocromático de Giambattista Valli com manga finalizada com plumas.
Tule e cartela de cores na Armani, esses mais vibrantes seriam amados pelo clã Featherington:
Menos literais, mas ainda se encaixando no momento através do styling.
Luvas dramáticas na Valentino.
O corselet traz o espírito mesmo no look subversivo da Nova Iorquina Area.
Regencycore para todos os gostos. Me contem, vocês também foram influenciados por essa tendência?