Retorno à forma da NYFW

por Beta Weber

Nova Iorque é a primeira parada do fashion month, e a temporada Outono/Inverno 23 foi feita de extremos, refletindo a cidade cosmopolita e seu mix de nacionalidade, estilos e pontos de vista. Já faz tempo que a indústria tem repensado o formato de desfiles presenciais e dentro de um calendário específico, movimento que ganhou ainda mais força durante a pandemia. Além disso, a ascensão de tecnologias inovadoras através do metaverso e das NFTs também adicionaram dúvidas a respeito da relevância das semanas de moda como conhecemos. Apesar de tudo, a NYFW aponta que ainda há muito a refletir, celebrando uma edição empolgante que contou com mais de 70 marcas entre desfiles e apresentações.

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Foto: @heronpreston (Reprodução/Instagram)


os retornos

Marc Jacobs abriu os trabalhos uma semana antes do start oficial com uma coleção que homenageou Vivienne Westwood. Na agenda formal, Thom Browne, celebrado por sua alfaiataria zero ortodoxa e atual presidente da CFDA, as irmãs Rodarte direto de LA, e Heron Preston em seu primeiro desfile desde 2021 foram os destaques.

e as ausências

Ícones da NYFW, Ralph Lauren, Tommy Hilfiger e Tom Ford não desfilaram nessa estação e fizeram falta, assim como Peter Do, um dos nomes mais empolgantes da cena nova-iorquina dos últimos tempos que pulou a temporada sem apresentar explicações.

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Foto: @thesouthstu (Reprodução/Instagram)

os promissores

Em compensação, nomes emergentes não faltaram com a nova guarda da moda made in NY em peso. Menção honrosa para Colin LoCascio com suas propostas multicoloridas com técnicas artesanais usadas por Bella Hadid e Cardi B, e Luar, vencedor do prêmio CFDA 2022 na categoria designer de acessórios que foi responsável por fechar a semana com chave de ouro.

Mas e as roupas? Com menos momentos que viralizaram, exceto pela BIG RED BOOT da MSCHF, que foi lançada durante a semana e menos foco em celebridades nas primeiras filas, as atenções se voltaram de fato ao que vestimos. De um lado o retorno ao essencial, do outro, uma sede pelo extraordinário, atendendo a todos os gostos: o único consenso é em uma moda que não se leva tão a sério.

Com a recessão econômica global em pauta, as decisões criativas se tornam cada vez mais afetadas pelo lado comercial e isso ficou claro no estilo de roupas. Um dos pilares da moda americana é o sportswear e ele esteve presente com força, apoiado pela alfaiataria em peso. NYFW sempre foi a semana de moda mais "vida real" e dessa vez a abundância de looks que poderiam sair direto da passarela para o closet só aumentaram. A preocupação com peças usáveis e, consequentemente, vendáveis foi grande, mas isso não se traduziu em monotonia. A beleza permeou criações na riqueza de tons neutros, flashes de metalizados, no estudo em como reinventar o uso de tecidos, como couro, e nos tricôs elaborados. Tory Burch, Gabriela Hearst e Proenza Schouler figuram entre os melhores exemplos.

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Foto: @puppetsandpuppets (Reprodução/Instagram)

Criatividade em clima surrealista, mas nem tudo foi tão literal, o escapismo também é necessidade em tempos difíceis e uma parcela de designers como Collina Strada, AREA, Puppets & Puppets investiram no mood.

Contos de fadas informaram, direta ou indiretamente, as propostas apresentadas como no gótico romântico da Rodarte, os volumes lúdicos de Wes Gordon para Carolina Herrera e a coleção inspirada no "Pequeno Príncipe" de Thom Browne.

A profusão de flores continua confirmando a febre por corsages que vem dominando a moda. Ainda no embalo da última estação, transparências e a influência do boudoir não perdem fôlego e texturas aconchegantes que inspiram o toque, como a pelúcia ganham protagonismo indo além de casacos e acessórios, chegando inclusive nas calças com interpretações que vão da irreverente como na Palomo Spain, até o minimalismo cool da Khaite.

Apesar dos elogios e do potencial exibido, um ponto fraco precisa ser mencionado: se de fato o leque de opções foi extenso no quesito estilos, quando o assunto é biotipos presentes, a semana de moda americana ficou devendo. Uma ausência sentida foi a de corpos diversos nas passarelas, foi notável a diminuição na representatividade de tamanhos maiores comparado aos anos anteriores. Torcendo que isso seja corrigido na temporada Verão 2024 em Setembro.

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